segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Quando a tecnologia é muita, o santo não desconfia. Já o não santo...

A tecnologia mostrada na postagem de ontem é incrível, né?
Imagem: Vídeo do youtube

A moto que para em pé e pode ir sozinha atrás do dono para estacionar mostrada pela honda na última feira de tecnologia CES 2017 é sensacional...

Não vou ser chato a ponto de dizer que ninguém precisou disso para pilotar e estacionar a moto nos últimos 130 anos. Afinal, esse sistema poderá ser útil para pessoas com dificuldade em manter a moto em pé. Não que seja o meu caso. Hoje.

Mas detesto ser novamente o estraga-prazeres, porque tenho mil e um motivos para ficar com um pé atrás em relação à evolução dessa novidade. Como eu disse acima, por enquanto ela só estabiliza a moto parada em pé e a leva para estacionar.

O maior deles é este aqui:

Os outros mil eu não vou publicar para a postagem não ficar muito longa.

Esse aí foi o primeiro desastre com um airbus.

Esse aí foi o primeiro airbus fabricado.

Sabe porque ele caiu?

Os computadores de bordo se recusaram a obedecer o comando do piloto.

O A320 foi o primeiro avião totalmente controlado por computador.

Tecnicamente, ele seria (e é) capaz de decolar e voar sozinho de um aeroporto a outro, pouso incluído. Não precisa de piloto. 

Estranhamente, os passageiros não gostaram da ideia de voar a dez quilômetros de altura num elevador automático sem cabos, sem freio de segurança e sem paraquedas, e assim os pilotos continuaram com seus empregos. Ao contrário dos ascensoristas.

Os computadores do airbus possuem total controle sobre todos os elementos de voo. 

Então por que o primeiro airbus caiu no seu voo inaugural?

O airbus A320 foi o primeiro avião de grande porte moderno fabricado pela Europa visando bater de frente com a americana boeing, a fabricante líder mundial.

O voo inaugural era um evento de interesse internacional. 

A intenção do piloto era fazer um sobrevoo da pista, desfilar o avião para as câmeras, dar um espetáculo para as milhares de pessoas que foram lá ver o primeiro pouso em um aeroporto comercial.

Só que ninguém combinou isso com os computadores e eles interpretaram a aproximação da pista em baixa altitude como uma rotina de pouso normal.

No momento em que o piloto tentou arremeter (acelerar e levantar o avião para dar uma volta e pousar normalmente), os computadores se recusaram a obedecer o comando devido ao conflito com sua lógica pré-programada.

Puro HAL 9000.

E é nesse conflito entre a lógica pré-programada e a intenção e a necessidade real do piloto que mora o perigo.

Como atuará esse sistema de autoequilíbrio da honda — e de todos os fabricantes que fatalmente (péssima escolha de palavra) desenvolverão equivalentes para uso em velocidades maiores? 

Porque essa já é a perspectiva dos criadores de ideias lá na bmw...

Como esses sistemas se comportarão em uma situação não prevista pelos engenheiros?

Imagine que você precise desviar desesperadamente de um obstáculo inesperado, tipo um caminhão carreta atravessado na sua frente.

Sua única chance de sair vivo é se jogar no chão e passar deitado por baixo do semirreboque.

Uma situação exatamente assim:



"Ah, mas um acidente como esse é muito raro..."

Não é tão raro não, raro é ser filmado. 

Você só fica sabendo dos que são filmados porque acidente onde ninguém morre e não é filmado não vira notícia...



E aí, imagina que isso acontece contigo na tua smartbike que não cai de jeito nenhum...

Que atitude o sistema "inteligente" vai tomar?

Ele vai tentar manter a moto em pé a todo custo, mesmo que você não queira?

Se ele fizer isso, você sabe quem vai dançar nessa, né?

"Ah, mas a tecnologia vai resolver isso, é só programar a prioridade em salvar a vida dos ocupantes"..
.

E como o computador toma essa decisão?

Inteligência artificial não é inteligente a esse ponto — vide o airbus.

Ela não faz nada que não seja programado pelos programadores.

Mesmo que ela falhe, a rotina para lidar com a falha também dependerá do que foi previsto e programado pelos seus criadores.

Em quem você confia mais para pilotar sua moto, em você mesmo ou num cara que é tricampeão de motoGP no Xbox?

O Cardoso lá no meiobit volta e meia cita o paradoxo do carro inteligente:

"Se o seu carro autônomo tiver que optar entre salvar sua vida atropelando e matando um monte de criancinhas, ou salvar as criancinhas deixando o ocupante morrer, o que ele decidirá?"

O mesmo raciocínio pode ser aplicado à moto inteligente que se recusa a cair quando o dono precisa que ela caia...

Se a moto é programada para não cair, como ela teria a esperteza humana de se jogar no chão para evitar o pior?

Pode me chamar de velho careta avesso à tecnologia.

Concordo.

Contra esse tipo de tecnologia, sou sim.

Soluções tecnológicas testadas e usadas aos milhões há décadas continuam causando acidentes — veja o caso dos câmbios automáticos que volta e meia matam alguém conhecido.

Quando um computador começa a tomar decisões e assumir o lugar e a responsabilidade do piloto, eu deixo de confiar na máquina.

O responsável pela moto e pela minha vida sou eu, e não uma equipe de profissionais que eu nem conheço.

Afinal, não sei o que os engenheiros estavam pensando na hora em que criaram a tecnologia.

E também não sei o que minha moto estará pensando na hora da encrenca.

Só vou acabar descobrindo na pior hora, como o comandante daquele airbus — o avião que ele pensava pilotar era apenas um elevador automático. O coitado acabou levando a culpa pelo acidente. Muito dinheiro envolvido no projeto, alguém tinha de pagar o pato.



A propósito, aquele primeiro robôzinho subindo a escada no vídeo é o Asimo, projetado pela Honda.

Só coincidência.

O problema que vejo nessa tecnologia não é por ser honda, é pelo potencial de atuar de maneira contrária aos comandos do piloto.

A menos que esse sistema seja programado para atuar somente abaixo de uma velocidade mínima, ele poderá complicar a vida do piloto em situações extremas.

E eu prefiro me quebrar inteiro por um erro de avaliação meu do que por um erro de cálculo de um engenheiro que só pilota motocicleta no Playstation.

Um abraço,

Jeff
PS: Ia esquecendo: 

Eu continuo de férias.

Preciso de mais tempo para pensar em alguma postagem para começar o ano.

Volto assim que tiver alguma coisa útil para dizer.

Até lá,

Eu de novo

4 comentários:

  1. Questao pelo que eu entendi a funçao chamada de "Riding Assist" é somente para o que mostra o video, ou seja, um equivalente ao sensor de estacionamento de carro. A maioria das pessoas nao possui uma moto "Maior"(ou ate uma moto normal) por causa de alguns medos tipo estacionar, parar no farol(dificuldade de por o pe no chao), tirar a moto da famosa fileirinha do estacionamento e por ai vai. Acredito que para ser uma funçao assim maior ocuparia muito espaco para armazenamento de dados que a moto nao despoe, inclusive se houvesse um modo "aprendizagem" porque assim como os carros da Tesla os usuarios ficariam receosos e a honda deveria habilitar essa funçao caso quisesse vender, isso sem citar os custos adicionais. E eu concordo sim caso o software escolher me matar ao inves de matar a outro, se eu tivesse a capacidade de processamento de um super computador e me encontrasse com uma situacao dessas com certeza eu desviaria para o precipicio, como nao tenho e se eu tivesse nessa situacao eu desviaria do possivel dado a minha limitacao.
    Ja to falando demais kkk loco pra ir pra casa ra

    Ps:A mae do Asimo esqueceu de ensinar pra ele olhar pra frente quando tiver subindo uma escada kkk

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    1. Sua análise foi muito boa. Realmente, o meu medo é o avanço da tecnologia para uso em velocidades mais altas, eu havia esquecido de incluir a referência àquela baboseira da bmw no texto. Mas já existe um nível de automação em funções da motocicleta que chega a preocupar. Assistentes de frenagem (ABS), assistentes de aceleração, assistentes de modo de pilotagem que controlam a potência transferida à roda para evitar que patine... até câmbio automático estão colocando nas motos, como é o caso da NC 700 / 750.
      Para mim, a pilotagem significa que a moto irá obedecer aos meus comandos. E contando com uma ótima interação homem / máquina, desfrutaremos de muitas horas de emoção e prazer (isso soou esquisito).
      O grande problema é que toda tecnologia uma hora dá pau, e sempre dá pau na pior hora possível. Daí você está confiante que aquela curva lá na frente será contornada de um jeito e a moto muda o comportamento no meio da trajetória. É dessa interferência indevida que não gosto nessa tendência dos engenheiros de colocar cada vez mais recursos. Sabe aqueles perrengues com o celular, que o projetista lá na Coréia achou que toda hora que você deve sair da caixa de mensagens toda hora que apaga uma delas, daí te obriga a ficar entrando de novo todas as vezes? Não passou pela cabeça dele que eu poderia preferir optar por permanecer apagando algumas mensagens antigas na caixa postal. Não quero ficar passando por esse tipo de perrengue com minha moto.
      Um abraço,
      Jeff

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    2. Notei que a nossa conversa esta tipo pessoas que amam amdar de moto X tiuzao que tem grana e quer pagar de gatinho com moto. Tambem nao gosto de tudo isso de tecnologia mais por causa da exposocao da moto e as manutencoes frequentes que isso causa, e sim justamente na hora que mais precisamos é a hora que da pau mas voce sabe por que? Porque moto é uma aventura desde o momento em que voce senta nela, em comparacao com o carro é 100% mais intenso a todo minuto. O ser humano esta acostumado a automatizar tudo, eu curto porque isso gera novas tecnologias, aperfeicoamentos e barateamento, só que eu nao usaria kkkk
      Eu sempre espero um bom tempo pra adquirir algo novo, pesquiso tal pra ver as merdas e se me convencer, meu dimdim der e se valer a pena eu posso ate comprar rs

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    3. Futuro tiuzão motoqueiro rebelde detectado.... hahahaha!
      Um abraço,
      Jeff

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