terça-feira, 20 de junho de 2017

Mais cruzamentos e preferenciais traiçoeiras

O leitor Péricles contribuiu com dois bons exemplos de preferenciais traiçoeiras, assunto comentado na postagem anterior.

Segue seu relato em azul:

A rua é larga e tem visão, mas as valetas obrigam os veículos a quase pararem, e causam às vezes alguma confusão porque sempre tem um que quer aproveitar e cortar a frente do cidadão.
Imagem: Google Street View

Talvez pela imagem você não tenha boa noção, mas essas são bem fundas e "secas", sabe. 

Se quiser se aventurar pelo street view, no próximo quarteirão seguindo em frente tem mais.

E se vc contornar a delegacia você vai encontrar uma que eu particularmente xingo toda vez que tenho que fazer aquela curva por cima dela.
Imagem: Google Street View

Por que a reclamação do Péricles?

Porque passar com a moto inclinada sobre uma valeta funda resulta em uma mudança de atitude da moto suficiente para te desequilibrar.

Passar sobre obstáculos como valetas, lombadas e trilhos em diagonal sempre é um risco, a melhor maneira é cruzá-los em linha reta.

Mas nesta esquina isso fica praticamente impossível, daí a reclamação.

Sobre elas te derrubarem, isso é verdade. 

Tem uma outra aqui que quase já me derrubou, porque apesar de aparecer sinalizada no street view, hoje em dia é apenas um buraco fundo, sem sinalização e extremamente perigoso.

Como não andamos sempre por ali, pode acontecer de só vermos o buraco quando já estamos em cima dele.

Esse é o grande problema da sinalização pintada, ela requer manutenção, e isso só é feito — quando é feito — em véspera de eleição.

Atendendo ao convite do Péricles, botei meu chapéu de Indiana Jones virtual e me aventurei pelo quarteirão.

Acabei encontrando este exemplo interessante de outra armadilha viária:
Imagem: Google Street View

Note como a sinalização pintada no chão pode ficar apagada e encoberta (seta 1).

Nessa situação, um veículo parado pode encobrir a indicação para outro veículo passando pela direita dele.

O carro parado também encobrirá esse outro veículo desrespeitando a preferencial para a visão de uma moto seguindo reto na preferencial (visão da câmera), uma armadilha muito comum para nós motociclistas.

Essa imagem também mostra um bom recurso para identificar uma preferencial, apontado na seta 2, a placa de PARE:
Imagem: Google Street View

Agora você já sabe porque a placa PARE é a única que tem esse formato de octógono:

Para ser reconhecida pelas costas...

Ver uma placa dessas por trás pode ser sua melhor referência para saber que você está na preferencial em um cruzamento.

Mas nunca se esqueça de que não importa de quem é a preferencial, é sempre o motociclista quem se ferra, então não confie que irão respeitá-la.

Eu nem ia comentar sobre o motociclista pensando em entrar na contramão...

Mas essa atitude dele pode ser um fator de distração determinante para um acidente.

Preocupado com a atitude dele, você deixa de prestar atenção no tráfego da transversal.

Lembra da postagem anterior sobre o acidente entre carro e ônibus?

Você lembra que imediatamente antes do acidente fatal uma moto fez uma conversão brusca e quase causou um acidente? 
Imagem, vídeo e reportagem: http://g1.globo.com/se/sergipe/noticia/video-mostra-o-momento-do-acidente-que-vitimou-a-cantora-eliza-clivia-e-o-marido-em-aracaju.ghtml

Aí eu pergunto:

Será que o motorista do carro acidentado não se distraiu justamente por causa dessa atitude do motociclista?

Eu consigo imaginar o motorista olhando preocupado para ver se o motociclista tinha sido atropelado, avançando o carro sem perceber que estava cortando a frente do ônibus...

Uma distração que poderia explicar um acidente aparentemente incompreensível.

Depois da postagem pronta, o amigo Cássio comentou que o motorista acidentado da banda pode ter sido induzido a atravessar a preferencial ao ver o motociclista entrando despreocupado.

Como o Cássio disse:

Sobre o acidente, não é aquele caso de repetição? 

Ele viu o motociclista entrando e repetiu. 

Ou, como já aconteceu no meu bairro lá em Goiânia, resolveram mudar a preferencial de uma rua e todo dia tinha um acidente, até o pessoal do local se acostumar, entendo que houve sim imprudência, mas, causada por uma "imitação" ou costume, não sei.

São duas possibilidades que merecem ser lembradas como coadjuvantes para acidentes como aquele do vídeo.

Repetir o procedimento de quem vai à frente já fez muita gente avançar o sinal vermelho induzido pela malandragem de alguém.

Há espaço para o apressadinho, mas não para quem vem atrás — e o distraído acaba entrando na frente de um caminhão, ônibus, outro carro ou mesmo uma moto... 

A "esperteza" de um motociclista pode acabar resultando na morte de um amigo.

É por isso que devemos sempre manter uma atitude correta no trânsito — nossas atitudes não podem confundir os demais condutores.

Mesmo que não venhamos a sofrer as consequências, outros poderão se machucar por nossa causa. 

E precisamos sempre manter nosso radar farejador de encrencas ativado no máximo.

Acidentes nunca são resultado de uma única causa, mas da soma de vários fatores, tipo uma negligência de um condutor somado a uma distração de outro.

Ruas tranquilas de bairros — e do centro da maioria das cidades — sempre têm armadilhas como essas esperando para nos derrubar.

Nossa única defesa é pilotar com extrema atenção e dentro de limites de velocidade razoáveis.

Um abraço — e um agradecimento especial ao Péricles pela colaboração exemplificando essas arapucas viárias, e também ao amigo Cássio, que eu ia me esquecendo de agradecer aqui na postagem,

Jeff
PS: Depois da postagem pronta, apareceu o verdadeiro motivo para o acidente do carro que atravessou na frente do ônibus:

O motorista estava olhando para o GPS.
Fonte: http://maceio.7segundos.ne10.uol.com.br/noticias/2017/06/19/90573/motorista-nao-obedeceu-a-sinalizacao-diz-integrante-da-banda-de-eliza-clivia.html

19 comentários:

  1. Ah sim. Bem que eu estava achando as imagens familiares. Tb moro em Franca...rs... Interior de SP.

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    1. Olá, Pedro!
      Acabei não mencionando a cidade porque as situações são universais, pelo menos aqui no Brasil.
      Quem mora em Franca é o Péricles, que enviou comentários e links para o google Street View da cidade... hoje eu moro em Santo André novamente, depois de ter morado em Biritiba-Mirim e São José, região de Floripa.
      Um abraço,
      Jeff

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    2. Opa, um conterrâneo! hahaha
      Nunca tinha parado pra pensar sobre o formato da placa de PARE, realmente conseguimos reconhecê-la pro trás, ajudando a identificarmos preferenciais e contramão em alguns casos.
      Grande abraço a ti e ao Pedro!

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    3. Ah, e o maluco ali entrando na contramão, que você identificou, deve estar procurando uma vaga pra parar. Ali na esquina tem uma área de estacionamento pra motos. Mas fazer isso na frente da delegacia é o cúmulo da cara de pau, concorda?

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    4. Olá, Péricles!
      Eu imaginei mesmo que a intenção era essa. Não acho que seja condenável, conseguir estacionar hoje em dia está complicado.

      Só destaquei mesmo o fato de isso causar uma distração para quem vai cruzar, acho que nunca mais eu encontraria outra foto mostrando tão bem essa situação.
      Forte abraço,
      Jeff

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  2. Fantástico Jeff!! Otimo post! Inclusive, me envolvi no meu primeiro acidente com 1 mes de carteira, justamente em um cruzamento. Um mototaxista avançou para ir para outra rua em uma direção reta. Eu, saia da rua que ele estava indo para ir para a principal. Ai ja viu, ele veio com tudo e bateu na lateral da minha moto. Ele estava com uma passageira, sem capacete. Graças a Deus ninguem se machucou. Minha moto ficou perfeita, a dele empenou o guidão. Apesar de crer que ele estava errado, ajudei a arcar com o concerto por questões de paz emocional. Agora, em cruzamentos, sempre espero todo mundo passar pra depois eu ir.

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    1. Obrigado, Danilo!

      Mas o mérito é todo do Péricles que forneceu os exemplos.

      Ficar atento aos outros livra a gente de muita encrenca.

      Nos meus 16 tombos (sem contar os tropeços e escorregões com a moto parada), somente bati uma vez.

      A única batida foi contra um carro porque um motorista forçou para não ceder uma ultrapassagem e eu não imaginei que ele pudesse ser tão canalha.

      Depois dessa, aprendi a nunca confiar nos outros motoristas.

      E desses 16 tombos, 12 foram com minha primeira moto, de quem não tenho saudade.

      Os maiores danos que ela sofreu (fora os ralados de tombos) foram nessa batida e em duas vezes que motoristas deram ré sem olhar e pegaram ela estacionada.

      Aquela moto atraía encrenca...

      Um abraço,
      Jeff

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    2. Olá Jeff!

      Por acaso essa sua moto era a sua Honda que tremia demais? Seria por isso o motivo do seu nariz torcido para as royal enfield? hahahaha

      Abraço!

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    3. Olá, Danilo!
      Aquela CGzinha era de 4 marchas, vibrava bastante sim. E como eu gosto de viajar, vibração é uma coisa que cansa muito, rouba o prazer da viagem.

      Tive muita sorte com as minhas outras duas motos, a Kansas e a Fenix Gold vibram muito pouco, as duas são muito gostosas.

      Mas tive oportunidade de andar e conversar com vários proprietários, a Kansas original vibra no limite do aceitável e foram os proprietários que descobriram o macete para deixá-la redondinha, aquele dente a mais no pinhão que comentei outro dia.

      É uma solução que tem efeito mágico e que possivelmente pode ser aplicada também às Royal.

      Minha dúvida maior é quanto ao custo de manutenção, ainda não sei quanto custará manter uma moto dessas, principalmente os km/litro que ela faz na estrada, custo de pneus, custo de relação.

      Cilindradas baixas até 250 têm um ótimo custo benefício, passou disso começam a beber gasolina quase igual a um carro e com pneus que custam o dobro e duram a metade dos de um carro...

      É questão de fazer muitas contas, e desde o avc em 2010 eu me atrapalho até com o troco da padoca. Felizmente minha capacidade de escrever não foi afetada.
      Acho...
      Um abraço,
      Jeff

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    4. E tem mais o custo da relação... somando tudo, você acaba gastando igual a ter um carro...

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    5. Olá Jeff! Participo de um grupo da Royal e tive contato com donos da primeira leva de 2013. Todos falaram que a moto é muito forte, inclusive um deles meteu uma classic 500 na amazonia e saiu fora. De acordo com todos, a mecanica é simples, e qualquer mecanico decente dará conta. Quanto ao consumo, eles falam que elas costumam fazer de 30/35 km/l, devido ao giro baixo que a moto exige. Quanto a vibração, bem, é realmente caracteristica delas. Alguns falam que ela não vibra mais do que outras motos custom monocilindricas, mas só fazendo teste pra saber. Pessoalmente sou muito curioso para experimenta-las, pois as acho lindissimas. É esperar para ver no que vai dar!

      Abraços!!

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    6. Olá, Danilo!
      30/35 é uma média excelente! Fico contente com isso na Jezebelzinha, e ela é uma 150!

      Toda monocilíndrica de grande cilindrada vibra bastante, isso é compensado (mas não eliminado totalmente) nos motores modernos pelo uso de um eixo balanceiro com contrapesos e que gira em oposição ao virabrequim.

      E as Royal não usam essa peça, o projeto é o mesmo dos anos 60, salvo injeção e perfumaria.

      Daí meu receio...

      Poe experiência própria, te digo uma coisa:

      Quando você começa a frequentar um fórum de um modelo, você já está com um pé na pedaleira, é só questão de tempo.

      A melhor coisa que fiz na vida foi participar do fórum da dafra e conhecer a galera. Grandes amizades e a oportunidade de comprar uma Kansas de segunda mão com apenas 3350 km de um proprietário que cuidava muito bem dela.

      Conhecendo os macetes, quem sabe você não será o primeiro a fazer o teste do pinhão maior nas Royal?

      De repente você fica ainda mais satisfeito com a moto e conta a história aqui no blog!

      Um abraço,
      Jeff

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    7. Olá de novo Jeff!

      Fiquei apaixonado por uma das motos e pretendo um dia comprar sim, por isso pesquisei. Se voce tiver curiosidade, de uma olhada no FAQ que o Bressan, que tem uma classic 500 desde 2013 e viajou mais de 40.000km tem a dizer.

      https://www.elbando.com.br/2017/05/26/royal-enfield-faq/

      Abraço!

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    8. Oba!
      Gostei dessa frase:

      "E praticamente só vibra acima de 110Km/h, mas não é o fim do mundo e com a prática você acostuma."

      110 km/h era minha velocidade de cruzeiro com a Edith (a Fenix Gold 250), e o fôlego para ultrapassagens só ia até os 120 km/h.

      Começa a ficar interessante...

      Droga, sei onde isso acaba... hahaha...

      Abração,

      Jeff

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    9. Como ela tem muito torque no motor, a colocação de um pinhão com um dente a mais irá aliviar o motor, permitindo rodar a até 120 km/h sem chegar no limite de vibração.

      E tornando a moto ainda mais econômica...

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    10. KKKKK Justamente Jeff! Ao pesquisar mais sobre elas peguei informações interessantissimas! Agora, infelizmente, pela falta de experiencia, não pude aproveitar a comparação feita por ele

      ''Sim, ela vibra! Do mesmo jeito que vibra qualquer moto de um cilindro grande, como a Honda Falcon 400, Suzuki Savage 650, Suzuki DR650 e Suzuki DR800.''

      Voce ja pilotou essas motos? São ruins em viagens longas?

      Abraço!

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    11. Olá, Danilo!

      Nunca pilotei uma monocilíndrica grande. As maiores que pilotei foram as bicilíndricas CB 400 com motor em linha e a Shadow 600 com motor em V do meu irmão.

      Vibram no limite do que considero aceitável. Não me encantei com a Shadow, mas tem gente que gosta justamente dessa sensação transmitida pelo motor e ronco do escape.

      A informação que tenho é que uma monocilíndrica grande vibra ainda mais que essas duas bicilíndricas aí de cima.

      Nos poucos meses que passei na faculdade lá em SC, conversei com outro paulista que tinha ido para lá de moto.

      Ele foi com uma Falcon e disse nunca mais pretendia repetir a experiência justamente por conta da vibração do motor que deixava as mãos dormentes e o motor amarrado sofrendo para manter a velocidade na estrada.

      Eu curti cada momento da viagem, para ele foi um sacrifício...

      Aí também pode ter o fator não saber usar a moto de acordo com as características dela.

      A Falcon tem a relação bem reduzida para poder enfrentar melhor situações fora do asfalto.

      Não é ideal para rodovias, não é moto para velocidades tão altas quanto uma estradeira.

      Se ele foi para lá abrindo o gás como desconfio, o motor vibrou mesmo porque ficou o tempo todo numa rotação muito alta, quase no limite.

      Para não vibrar excessivamente, tem de manter o motor girando longe da rotação máxima.

      As motos saem de fábrica pensadas para uma solução mediana, predominantemente em cidade. Por isso que otimizar a relação para pegar estrada permite obter um ganho significativo.

      Em compensação, você perde um pouco de desempenho nas acelerações.

      É questão de ver qual será seu uso predominante, cidade ou estrada.

      O ideal é fazer um teste drive, acho muito provável que a concessionária esteja oferecendo essa possibilidade porque é um recurso de vendas poderoso, ainda mais para uma marca nova que pretende se consolidar por aqui.

      Se um dia eu botar as mãos em uma dessas, a primeira coisa que farei será estudar um pinhão maior ou, na impossibilidade, uma coroa menor — o que pode ser mais difícil de achar.

      Um abraço,

      Jeff

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    12. Jeff, realmente, a CC da Royal deixa o teste ride disponivel a todos, dos 3 modelos, por isso, muitos ja tiraram suas conclusões, e até onde sei, a primeira leva de motos ja foram vendidas. Referente ao giro, só tenho experiencia com a minha crosser, e pessoalmente, não gosto de passar dos 5,000 giros. Pessoalmente, não compreendo a tara do giro alto, me da impressão que o motor não foi preparado para tanto e estou forçando de modo desnecessário. Talvez, por isso, uma moto como RE ou outras que prezam pelo alto torque e giro baixo, não seja problema pra mim, porque ja faço esse controle de giro. Não sei até onde elevar giro prejudica o motor, mas tenho essa impressão!

      Abraço!!

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    13. Olá, Danilo.

      Isso é fato. Quanto mais alto o regime de rotação, mais rápido o desgaste do motor.

      Por isso que motor de fusca dura uma eternidade e motores modernos não chegam nem perto.


      Alguns motores precisam de giros altos, senão não têm torque. As kawasaki têm essa marca registrada. Coincidência, saiu reportagem hoje no g1, amansaram um pouco a 650 para ela ser mais dócil no trânsito urbano.

      O motor da Royal tem tudo para chegar brincando aos 250 mil km antes de fazer a primeira retífica, é só não descuidar do nível de óleo e não sair empinando... hehehe

      Manter o acelerador a 3/4 de giro e só enrolar totalmente o cabo nas horas de necessidade mantém o motor feliz, o tanque cheio e o dono com a carteira abastecida.

      Um abraço,

      Jeff

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