Minimotocicleta não é brinquedo

Imagem e reportagem: http://g1.globo.com/carros/motos/noticia/2016/07/o-menino-de-6-anos-que-morreu-em-competicao-de-minimoto-e-salvou-5-vidas.html

6 anos não é idade para estar competindo em cima de uma moto.

Mesmo que ela pareça um brinquedo.

Ganância desenfreada dos fabricantes e vendedores, ganância desenfreada dos organizadores de competições como essa, total falta de bom senso de quem deveria zelar pela segurança de quem não tem condição de imaginar os riscos.

O garotinho não morreu durante a competição, mas manobrando a moto em um intervalo.

Ele poderia ter morrido no quintal da casa dele, mas aí não seria noticiado.


Minimotos colocam em risco os pilotinhos e também as outras crianças por perto — elas podem ser atingidas sem capacete.
Aí o pessoal vem livrar a barra dizendo que a vida do pequeno Marco Scaravelli foi levada por vontade divina.

É muito característico dos humanos tentar se livrar da responsabilidade sobre os próprios atos — ninguém apareceu em uma nuvem e mandou comprar essa máquina para o guri.

Ninguém admite que o pessoal só quer mesmo é vender qualquer coisa que o povão esteja disposto a comprar, e aproveitar para ganhar muito dinheiro sem qualquer preocupação ética.

A regra dos negócios diz que o tolo é quem compra — o uso que ele faz do produto não é responsabilidade do fornecedor. 

Quem precisa ter cuidado é o comprador — caveat emptor, já diziam os romanos.

Mesmo assim, ninguém fabrica minirrifles e minifuzis disparando balas de verdade projetados para uso por crianças com dente de leite; mas motinhos que atingem uma boa velocidade — ah, motinhos tudo bem, pode até botar um monte de crianças correndo juntas.

A prática é feita sem remorso não apenas por pequenos fabricantes, mas também pelos grandes — as principais montadoras de motos de verdade também fabricam minimotos.

É uma forma de garantir novos futuros clientes. Novos mesmo.

Para isso, até promovem competições com a molecada, olha que maneiro...

Reportagem completa: http://www.penobarro.com.br/noticias/honda-incentiva-esporte-duas-rodas-em-categoria-infantil-na-copa-efx-honda-asw

Competição com idade máxima de 13 anos... me pergunto se alguém se preocupou em determinar uma idade mínima.

Sei que não vou mudar o mundo, as coisas são do jeito que são, mas considero isso tudo muito lamentável.

Se você não deixa seu filho brincar com uma furadeira, será sábio deixá-lo brincar com um veículo sob controle total e único de uma criança que pode entrar em pânico e se esquecer de frear?

Um veículo que vai para onde a criança olha, sabendo que instintivamente o olhar é atraído por aquilo que nos põe medo?

É sábio e ético colocar uma decisão potencialmente de vida e morte nas mãos de uma criança que ainda está aprendendo a controlar suas emoções e o próprio corpo?

Fonte: honda / blog Infomoto

Uma 125 com 9 cv e 88 kg  
nas mãos de uma criança de 10 anos...

Pelo menos, os leitores do blog não comprarão uma coisas dessas para seus filhos sem saber que existem perigos que não são mostrados nas propagandas alegres, coloridas e despreocupadas.

Crianças não são adultos em miniatura — elas cometem erros, e têm todo o direito de errar, porque estão aprendendo tudo na vida.

Em uma moto, um único erro pode ter consequências irreversíveis.

Não é justo jogar tanta responsabilidade em ombros tão frágeis.

Triste,

Jefferson