E graças ao leitor Osmar Takashi (obrigado!!!), agora temos este vídeo da moto dele voltando com o mínimo de óleo da revisão de 3 mil quilômetros:
O Takashi já comprovou duas vezes denúncias aqui do blog.
A primeira, as quantidades de óleo recomendadas pelas fabricantes são insuficientes para atingir o nível ideal recomendado por elas mesmas.
Foi com sua primeira moto, uma suzuki GSR 150i, você pode acompanhar a denúncia dele no vídeo que ele fez na época neste link.
E agora com a segunda moto, a kawasaki Z300, ele pôde comprovar a denúncia de que as concessionárias entregam as motos apenas com a quantidade mínima e insuficiente de óleo especificada pela fabricante...
... quando a obrigação da concessionária seria sempre entregar a moto com o nível correto de óleo.
Esse deveria ser o serviço delas — fazer a manutenção de nossas motos da maneira correta — e não como qualquer boca de porco por aí.
"Boca de porco" é aquela oficina de pessoas não especializadas, sem treinamento da fábrica, sem discernimento nem entendimento para olhar mais do que as figuras e números do manual. Bom, também tem aquelas onde o mecânico teve treinamento de fábrica, mas não faz a prática correta porque não tem capacidade. Ou tem interesse de que o freguês volte sempre, mas pelo pior dos motivos.
Não confunda boca de porco com oficina pequena — tem muito mecânico experiente e honesto por aí em oficinas acanhadas, mas que sabe desse macete do óleo e age de maneira honesta, fazendo o serviço direito.
Mas de maneira inexplicável e inadmissível muitas concessionárias, sejam da marca que for, fazem uma troca de óleo com a mesma falta de rigor que a boquinha de porco mais leitoazinha que você possa imaginar.
Imagem e artigo interessante sobre o espírito motociclista: http://escapology.eu/2014/07/21/traveling-by-motorbike-why-you-should-give-it-a-try/
Se o mecânico dessa oficina simples tiver lido o manual, é capaz de ele fazer uma troca de óleo mais correta do que muitas autorizadas com mecânicos treinados pelas fábricas aqui no Brasil...
Como se explica isso? Como se permite isso?
As concessionárias usam a desculpa de que fazem o que está escrito no manual — fazendo de conta que não sabem o procedimento detalhado que as fábricas colocam por escrito nos manuais de proprietário, manuais de oficina e cursos de treinamento para seus mecânicos.
Quem faz isso assina o atestado da própria incompetência.
Mas as fábricas devem achar isso ótimo, porque se quisessem, fiscalizavam e impediriam esse abuso cassando o direito de representação dos maus profissionais.
Mas esse abuso ajuda a vender mais peças e mais motos mais rápido, e todo mundo tem que cumprir metas de vendas, olha só...
honda, yamaha, suzuki, kawasaki, bmw, triumph, mvk, dafra, kasinski... todas andam juntas de mãos dadas nessa prática e já foram flagradas com a boca na botija. O manual das traxx é idêntico, mas ainda não documentamos um caso.
Você pode combater essa prática que faz seu motor pedir retífica na metade do que seria normal — e até menos — e que pode colocar sua vida em risco.
Basta não confiar, e fazer como o Takashi fez — conferir o nível de óleo da maneira correta descrita no seu manual de proprietário, ligando e desligando o motor antes de medir pela manhã no dia seguinte à revisão.
Essa informação — de que é necessário ligar o motor antes de medir — as concessionárias fazem questão de não fornecer... até agora não encontrei nenhuma que falasse isso para os clientes.
Motos com pouco óleo exigidas na estrada podem travar e até estourar o motor.
Isso acontecia direto com as Kansas e Speed da dafra, até que os proprietários descobriram que a causa era única e exclusivamente a falta de óleo.
A fabricante recomendava 1 litro, mas o nível recomendado para aqueles motores só é atingido com 1,4 litro. A quantidade varia de modelo para modelo.
Muita gente ficou na estrada por causa disso, e uma pane na estrada é um sério risco de queda e atropelamento.
Além disso, o motor se desgasta muito mais rápido, e um motor desgastado não tem recuperação, não volta à condição anterior.
Rodou com pouco óleo uma vez, já era.
Se o dono de uma Z300 recém saída da revisão resolve fazer uma viagem com o motor amaciando nas condições em que a moto do Osmar foi entregue, o motor perderia uma parte significativa da sua vida útil.
O motor trabalharia abaixo do nível mínimo recomendado, porque o óleo é consumido, as peças se desgastariam e era capaz de ele precisar voltar para casa com a moto na caçamba de uma picape.
Talvez não fundisse totalmente, mas o proprietário provavelmente estranharia o mau comportamento da moto na volta, e a levaria para a concessionária.
Chegando lá, duas alternativas:
Com o motor ligeiramente comprometido, eles completariam o óleo do motor e cobrariam pela revisão não programada, o dono pagaria o pato.
Se o motor estivesse severamente comprometido, necessitando trocar peças, o dono também iria pagar o pato — porque a garantia não cobre uso abusivo e negligência na conferência do nível de óleo.
Se estivesse disposto a brigar por seus direitos, seria a palavra deles, "especialistas no assunto", contra a sua.
Adivinha quem iria se desgastar e possivelmente ter que pagar
Muito provavelmente a concessionária o convenceria de que o dono da moto deu azar e ele acabaria fazendo negócio com outra moto da mesma loja.
E a história se repetiria, porque
Antigamente não era tão evidente porque o óleo 20W-50 protegia melhor o motor, então demorava mais para o problema aparecer.
Todo mundo achava normal o motor não passar de 60 ou 70 mil km, "motor de moto dura pouco mesmo".
Mas agora com essa estratégia de usar óleo cada vez mais fino com trocas cada vez mais distantes — a kawasaki está recomendando 12 mil km — os motores acabam cada vez mais cedo.
E todas as montadoras fazem isso. Só tenho relatos de que harley e indian não usam essa técnica, mas em compensação, o custo de manutenção delas... ... ...
Não há inocentes nessa história.
Ou melhor:
O único inocente nessa história é você, proprietário.
Um abraço,
Jeff