Um motociclista morreu ontem atingido por um raio em plena Freeway na região de Porto Alegre.
Imagem e reportagem: http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/transito/noticia/2014/05/motociclista-morre-atingido-por-raio-na-freeway-em-porto-alegre-diz-prf.html
Como vemos na foto, o raio atingiu diretamente o capacete, atravessou cabeça e tronco e foi descarregado via tanque e chassi para as rodas e o solo.
Sinceramente, não me lembro de ouvir falar de caso semelhante.
Mas uma pesquisa rápida no google mostra que isso não é tão raro assim:
Parece ocorrer uma vez a cada três anos, e a tendência é aumentar a frequência com o aumento das tempestades por causa do aquecimento global.
Ué, mas o capacete não é de plástico, e plástico não é isolante?
Os materiais isolantes conseguem conter a passagem dos elétrons até certo ponto. A isolação proporcionada pelo capacete, alguns milímetros de plástico, não é páreo para 125 milhões de volts, 200 mil ampères, 25 mil graus centígrados instantâneos*.
*Fonte: http://www.brasilescola.com/fisica/raios.htm
De qualquer modo, se o raio não tivesse atingido o capacete, teria atingido o pescoço ou outra parte do corpo.
Os carros são de metal, porque não cai raio nos carros?
Engano seu! Os raios atingem carros e aviões com frequência.
Imagens: Montagem baseada em pesquisa no google
Só que os passageiros não são eletrocutados porque estão dentro de uma gaiola de Faraday, ou seja, uma estrutura metálica que é ótima condutora de eletricidade e facilita a passagem do raio para o solo.
Imagem e reportagem: http://fisicanossa.blogspot.com.br/2011/10/qual-e-o-lugar-mais-seguro-para-se.html
Os postes em volta não eram mais altos ou equipados com para-raios?
Porque o raio caiu sobre o motociclista e não em algum lugar mais alto?
Não é só o que está ao alcance dos olhos que determina o caminho do raio.
Postes, torres, edifícios altos e árvores facilitam a passagem e na maioria das vezes atuam como para-raios, mas existem as correntes térmicas ascendentes.
O calor do asfalto e de calçadas de concreto também parece facilitar a descarga, confira neste vídeo:
Vídeo encontrado na postagem do Cardoso, vale a pena ler: http://meiobit.com/308828/brasil-campeao-mundial-em-incidencia-de-raios-regiao-sudeste-lidera/#more-308828
As correntes de ar quente que sobem do solo atuam como melhores condutores elétricos do que o ar frio à sua volta.
É o que deve ter acontecido no acidente de ontem e o que provavelmente aconteceu neste outro caso recente que foi documentado:
Imagem e reportagem: http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/fotos/2014/01/fotos-raio-cai-em-praia-e-mata-banhista-no-guaruja.html
Esse raio caiu no mar, perto de uma banhista (no mar, oculta pela picape) que morreu na hora. Pela lógica, a picape, os postes ou os prédios próximos seriam o alvo preferencial por serem mais altos e possuírem condutores metálicos, mas a faísca seguiu o caminho direto para o mar, provavelmente seguindo uma corrente de ar aquecido.
Então, como o caminho de um raio é meio que imprevisível, a melhor coisa a fazer na iminência de uma tempestade é procurar abrigo.
Isso também te livra de outros problemas associados às tempestades: a aquaplanagem, os riscos potenciais e os buracos submersos.
Procure postos de gasolina (mas cuidado para a cobertura não desabar), restaurantes e comércios à beira da estrada, ou fique debaixo de um viaduto.
Se não tiver outro jeito, se você for pego por uma tempestade de raios em uma área descampada, o risco será considerável.
Fique longe de árvores, elas atuarão como para-raios. E a ventania poderá derrubar galhos, o que pode ser fatal.
Também mantenha distância de rebanhos agrupados, eles geram uma corrente térmica ascendente e são muito frequentes os casos de raios fulminando dezenas ou centenas de animais ao mesmo tempo.
Imagem e reportagem: http://www.atribunamt.com.br/2014/02/raio-atinge-propriedade-rural-e-mata-bovinos/
Encoste a moto no acostamento, se afaste dela e de outros potenciais atratores (antenas, outdoors, árvores, postes, fontes de calor, chaminés) e condutores de raios (guard-rails metálicos).
Deite-se no solo longe do acostamento, que o risco de atropelamento é maior do que o de cair um raio, e espere a chuva passar.
Melhor pagar um micão do que virar notícia.
Obrigado por acompanhar o blog e valeu pela dica, Darci!
Um abraço,
Jeff
Para saber mais:
http://www.brasilescola.com/fisica/raios.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Raio_(meteorologia)
http://fisicanossa.blogspot.com.br/2011/10/qual-e-o-lugar-mais-seguro-para-se.html
http://meiobit.com/308828/brasil-campeao-mundial-em-incidencia-de-raios-regiao-sudeste-lidera/#more-308828
MESMO COM CAPA DE CHUVA,BOTAS DE BORRACHA E LUVAS CORRO O RISCO DE RECEBER UMA DESCARGA ELÉTRICA PILOTANDO UMA MOTO?
ResponderExcluirOlá, Wellinson!
ExcluirCorre o risco sim. Como aparece na foto, nem os vários milímetros de plástico e isopor do capacete foram suficientes para isolar o raio,não vai ser uma capa de chuva que vai segurar milhões de volts e milhares de amperes.
Mas é um evento raríssimo. Um motociclista tem mais chance de receber uma descarga elétrica da fiação derrubada de um poste em uma tempestade do que de um raio caindo diretamente do céu.
Um abraço,
Jeff
Olá,sou morador da cidade de Maua,me chamo alex, fui atingido por um raio pouco antes d parar a moto no semaforo,isso ja tem uns 4 ano, a principio logo apos ir ao solo achei q tivesse caído perto d mim,mas nao,segundo a motorista q stava logo atrás,o raio caiu direto no meu capacete,como disse,eu nao stava cm o pe no chão ainda,assim q coloquei senti a corrente elétrica por todo corpo e cai no chão tremendo..o q eu tive d primeiro foi o forte baque do choque,como uma barra de ferro batendo no capacete..isso ate hoje me persegue como um trauma..graças a Deus,bom nao sei porque nem como,mas sobrevivi
ResponderExcluirOlá, Alex!
ExcluirVocê sobreviveu a uma das piores experiências que a mãe natureza é capaz de nos proporcionar... realmente teve muita sorte.
O mecanismo pelo qual algumas pessoas sobrevivem e outras não ainda não foi bem compreendido. Certamente tem muito a ver com a o nível de energia da descarga do raio e outros fatores, como o corpo estar molhado, quantidade de suor e sal na pele, qualquer coisa que facilite a passagem da corrente elétrica predominantemente por fora do corpo.
A eletricidade procura o caminho mais fácil, e a água salgada do suor da pele é um bom condutor de eletricidade.
Ainda bem que essas coisas não costumam acontecer duas vezes...
Obrigado pelo depoimento,
Jeff