segunda-feira, 19 de maio de 2014

A grande aventura

Assisti A Vida Secreta de Walter Mitty e me veio o estalo: neste fim de semana eu não ficaria em casa!

Resolvi realizar um projeto adiado há anos: ir até São Joaquim e descer a Serra do Rio do Rastro. 


Imagem: http://www.serradoriodorastro.net/

Já tinha feito esse caminho no mapa por dezenas de vezes, agora era a hora.

Programei sair às 6 da manhã e pontualmente duas horas depois lá estava eu pegando minhas pílulas de proteínas barrinhas de cereais e capacete em contagem regressiva rumo à BR-282. 

Jezebel estava meio indisposta, a troca de marchas estava falhando por folga excessiva da articulação... nada que atochar um teco de fita isolante não resolvesse. 

Esse era o plano de viagem original:

Imagem: Google maps

O Caminho das Neves (SC-110) no trecho até Urubici é um tapete com as mais lindas, doces e desfrutáveis curvas que você possa imaginar.

Eu achava que a SP-66 não tinha rival, mas nada se compara com a delícia que é pilotar nessa estrada. 

Será minha preferida de hoje em diante. Até eu encontrar a próxima.

Você sobe a serra pela BR-282 para chegar até a SC-110, e aí sobe outra serra para chegar a Urubici. Tinha trechos que só dava para encarar com uma segundona, e olhe lá.

Chegando em Urubici, paradinha para esticar as pernas, conferir o óleo, abastecer e pedir informações. 

A intenção era seguir em frente até São Joaquim, mas aí vi a placa Morro da Igreja/Pedra Furada... 


Imagem: http://ecoviagem.uol.com.br/brasil/sao-paulo/sao-paulo/agencia-turismo/rota-do-sol-viagens/fotos-videos/

... e nada melhor do que mudar na última hora um planejamento feito por anos.

Pedir informações foi nossa sorte, porque o acesso ao Parque Nacional de São Joaquim é limitado a 200 veículos por dia, então é necessário fazer um cadastro prévio em um escritório na cidade. 

A agência ficava pertinho do posto, e essa informação me poupou de ir até lá, voltar à cidade e retornar ao morro, 30+30+30 km. 

Humm... Pensando melhor, não me poupou de ir até lá, então pode tirar 30 km dessa conta.

No escritório descobri que a limitação de quantidade é apenas para automóveis — motos não têm cota, mas o cadastro continua obrigatório. É que não há espaço para estacionamento de muitos carros no alto do morro. Viva a moto! 


Não me preocupei em abastecer, porque iríamos retornar à cidade para almoçar antes de seguir para São Joaquim e a Serra do Rio do Rastro... mal sabia eu.
Não confunda Morro da Igreja com a Igreja de Urubici no centro da cidade...
Imagem: http://www.urubici.sc.gov.br/turismo/item/detalhe/1345


Jezebel e eu subimos o caminho do Morro da Igreja, tem trechos que só em primeirinha mesmo. Vários mirantes para os vales lá embaixo.

A altura fez com que ela respirasse com dificuldade, causando alguns pipocos no escapamento por causa do excesso de gasolina para o ar rarefeito. 

Nada que justificasse regular o carburador, porque em breve voltaríamos ao nível anterior.

Você sabe que chegou quando avista o monumento à bola de gude. Ou o radar do CINDACTA, sei lá.

Para chegar ao mirante, você tem que cruzar um portão onde está escrito "ÁREA MILITAR — NÃO ENTRE". Isso aqui é Brasil, sabe como é, né? 

O dia estava completamente limpo, foi possível ver todo o vale abaixo.


Imagem: http://ecoviagem.uol.com.br/brasil/santa-catarina/urubici/morro-da-igreja-1828m/

Essa foto não dá ideia da grandeza do lugar. Você está à beira de um precipício a 1800 metros de altura, e para os lados as paredes do vale lembram o Grand Cânion americano, com a diferença do verde da paisagem...

Nenhuma foto é capaz de transmitir essa sensação. 

Nem minha sensação de paúra desmedida — meu equilíbrio não é grande coisa, e quando a referência visual do solo desaparece, tenho a sensação de estar caindo para frente... e se bobear, eu caio mesmo, então a visão foi magnífica e apavorante, nem sentado deu para encarar.

Saí de lá rapidinho, mesmo porque a estrutura de apoio ao turista (sanitários) é inexistente — vá prevenido, ou terá de recorrer ao restaurante da Cachoeira Véu de Noiva, ou então barbarizar a mãe natureza.


Mesmo assim, é uma visita imperdível. Espetáculo magnífico como esse, somente as Cataratas do Iguaçu e a Serra do Corvo Branco ali do lado.

Mas essa eu vou deixar para contar amanhã.

Até lá e um abraço,

Jeff

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