Bonita a moto. A metade do lado esquerdo era vermelha e preta, e a metade do lado direito era bege argila. Mesma coisa o piloto.
Não pude conter a gargalhada quando imaginei a cena. Se já foi difícil levantar minha kansada naquele barro...
Já em Laguna, parei num posto para reabastecer o estômago e o frentista falou:
— Tá vindo da Serra do Corvo Branco, né? Passou por aqui uma Varadero e uma BMW 1200, os dois caíram por lá.
— A BMW era vermelha?
— Era, mas só de um lado.
Nova gargalhada. Tem coisas que não têm preço.
Jezebel antes do banho. A maior parte do barro caiu pela estrada, antes ela estava bem pior. No posto de gasolina em Braço do Norte, tiveram que varrer o pátio... |
Pelo menos, Jezebel e eu não caímos, só ela que deskansou um pouquinho. Mas só sujou o espelho e o alforje, achei mesmo que iria enlamear muito mais.
Não adianta você ter uma moto trilheira cheia de triquetriques se você não souber algumas dicas básicas sobre pilotagem na lama.
Aí vão alguns macetes que me ajudaram a atravessar o lamaçal da SC-370 sem chafurdar (muito) na lama:
Leia o terreno à frente e identifique as áreas mais lamacentas e as mais firmes, e trace uma estratégia antes de avançar.
Procure o trilho mais recente deixado pelos carros. Será o trilho mais "seco" e "confiável".
Não adianta tentar manter os pés nas pedaleiras. Melhor deixá-los próximos ao solo para equilibrar a moto. Não é estiloso, mas acredite, você terá de enfiar o pé na lama várias e várias vezes se não quiser cair.
Não obrigue a moto a seguir um caminho, não mantenha o guidão muito tenso. Deixe ela se desviar e encontrar o melhor caminho naturalmente. Brigar para mantê-la na trajetória será uma luta inglória.
A moto encontrará sozinha o caminho de menor resistência se você não a atrapalhar. Só intervenha se a sua moto tiver tendências suicidas, tipo querer se atirar de um barranco ou se afogar num rio.
Tome cuidado para que o escapamento e as partes baixas da moto não se atolem nos muros de lama na lateral do trilho.
Nunca ultrapassando 20 km/h, use apenas segunda ou terceira marcha, e controle a aceleração queimando a embreagem.
Parece paradoxal, mas o uso de marchas mais altas diminui a intensidade da resposta da roda, a moto fica mais "fraca", responde menos ao acelerador, minimizando a dificuldade de controlar as acelerações.
Para atravessar uma poça de lama, o truque é passar com embalo suficiente para não parar ali dentro — se você parar, a roda irá patinar e será difícil sair.
Se a moto chegar a parar e a roda patinar, firme os pés no chão e dê uns pulinhos enquanto controla na embreagem e acelera em segunda para sair do atoleiro — cuidado para que ela não saia derrapando para o lado! Não faça isso por muito tempo, senão o motor irá se superaquecer.
Não tenha medo de encarar poças de água. Tentar contorná-las poderá levá-lo para regiões de lama profunda muito mais perigosas para atolar a moto.
Se atolar de vez, uma maneira de sair do atoleiro é desligar o motor, descer da moto e girá-la puxando pelo guidão e fazendo a frente pular.
Um pulinho por vez, muitas e muitas vezes, você conseguirá inverter a direção. Será mais fácil sair por onde você entrou para procurar um novo trajeto.
Pare, desligue o motor e descanse de tempos em tempos. Muito cansado você não terá forças para segurar a moto, e o motor poderá esfriar um pouco.
Não esqueça que depois de atravessar um lamaçal, sua moto não terá freios enquanto o disco e o tambor não se limparem/secarem.
Lubrifique a corrente para terminar a viagem, ela estará completamente seca de lubrificante.
E lave a moto assim que tiver oportunidade, seguida de uma lubrificação geral e reaperto de todos os parafusos. Caminhos ruins afrouxam parafusos com ainda maior facilidade.
Opa, eu ia esquecendo justamente o segredo fundamental para não cair na lama:
Você precisa contar com muita sorte. Sem ela, nada feito.
Espero que você nunca precise usar essas dicas.
Se descer a Serra do Corvo Branco, vá somente até o início das obras e dê meia volta.
Da próxima vez, Jezebel e eu faremos isso.
Ou não...
Um abraço,
Jeff
Não adianta você ter uma moto trilheira cheia de triquetriques se você não souber algumas dicas básicas sobre pilotagem na lama.
Aí vão alguns macetes que me ajudaram a atravessar o lamaçal da SC-370 sem chafurdar (muito) na lama:
Leia o terreno à frente e identifique as áreas mais lamacentas e as mais firmes, e trace uma estratégia antes de avançar.
Procure o trilho mais recente deixado pelos carros. Será o trilho mais "seco" e "confiável".
Não adianta tentar manter os pés nas pedaleiras. Melhor deixá-los próximos ao solo para equilibrar a moto. Não é estiloso, mas acredite, você terá de enfiar o pé na lama várias e várias vezes se não quiser cair.
Não obrigue a moto a seguir um caminho, não mantenha o guidão muito tenso. Deixe ela se desviar e encontrar o melhor caminho naturalmente. Brigar para mantê-la na trajetória será uma luta inglória.
A moto encontrará sozinha o caminho de menor resistência se você não a atrapalhar. Só intervenha se a sua moto tiver tendências suicidas, tipo querer se atirar de um barranco ou se afogar num rio.
Tome cuidado para que o escapamento e as partes baixas da moto não se atolem nos muros de lama na lateral do trilho.
Nunca ultrapassando 20 km/h, use apenas segunda ou terceira marcha, e controle a aceleração queimando a embreagem.
Parece paradoxal, mas o uso de marchas mais altas diminui a intensidade da resposta da roda, a moto fica mais "fraca", responde menos ao acelerador, minimizando a dificuldade de controlar as acelerações.
Para atravessar uma poça de lama, o truque é passar com embalo suficiente para não parar ali dentro — se você parar, a roda irá patinar e será difícil sair.
Se a moto chegar a parar e a roda patinar, firme os pés no chão e dê uns pulinhos enquanto controla na embreagem e acelera em segunda para sair do atoleiro — cuidado para que ela não saia derrapando para o lado! Não faça isso por muito tempo, senão o motor irá se superaquecer.
Não tenha medo de encarar poças de água. Tentar contorná-las poderá levá-lo para regiões de lama profunda muito mais perigosas para atolar a moto.
Se atolar de vez, uma maneira de sair do atoleiro é desligar o motor, descer da moto e girá-la puxando pelo guidão e fazendo a frente pular.
Um pulinho por vez, muitas e muitas vezes, você conseguirá inverter a direção. Será mais fácil sair por onde você entrou para procurar um novo trajeto.
Pare, desligue o motor e descanse de tempos em tempos. Muito cansado você não terá forças para segurar a moto, e o motor poderá esfriar um pouco.
Não esqueça que depois de atravessar um lamaçal, sua moto não terá freios enquanto o disco e o tambor não se limparem/secarem.
Lubrifique a corrente para terminar a viagem, ela estará completamente seca de lubrificante.
E lave a moto assim que tiver oportunidade, seguida de uma lubrificação geral e reaperto de todos os parafusos. Caminhos ruins afrouxam parafusos com ainda maior facilidade.
Opa, eu ia esquecendo justamente o segredo fundamental para não cair na lama:
Você precisa contar com muita sorte. Sem ela, nada feito.
Espero que você nunca precise usar essas dicas.
Se descer a Serra do Corvo Branco, vá somente até o início das obras e dê meia volta.
Da próxima vez, Jezebel e eu faremos isso.
Ou não...
Um abraço,
Jeff
Como "QUEIMAR" a embreagem... bom eu passo no barro liso sempre que chove ja cai varias vezes o pior é ficar empenhada sozinha com moto pesada. Sempre procuro dicas de como pilotar no barro mas ja sei que é só sorte mesmo. Belo texto. Noix
ResponderExcluirValeu, obrigado!
ExcluirUm abraço,
Jeff