quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Mais uma vítima da má sinalização viária

Denúncia de Natal

Nem pude entrar de férias, aconteceu um acidente gravíssimo aqui em Floripa, que irá se repetir se as autoridades não tomarem providências, e que por isso não posso deixar para comentar mais tarde.

Do começo:

Esta tarde eu passei mal e fui parar no hospital, mas dizem que nada acontece por acaso. Na sala de espera era comentado o caso do sargento da PM que morreu em um acidente de moto na região do elevado Rita Maria.

Eu já sabia do acidente, mas não tinha informações suficientes para uma postagem. A reportagem do G1 só falava em acidente de moto e ônibus, não tinha uma foto.


O comentário no hospital foi que o piloto não conseguiu dominar a moto em uma curva porque vinha muito rápido, a moto era muito pesada, bateu contra a mureta e foi atropelado. 

Pela descrição, até imaginei onde esse acidente poderia ter ocorrido, há algumas armadilhas viárias por aqui com curvas extremamente fechadas. Mas havia informações que não se encaixavam... a moto seria uma CB 300, então o fator moto pesada não se encaixava. 


Em casa, medicado, comecei a pesquisar e encontrei uma foto, e descobri que não era o lugar que eu tinha imaginado, mas outro local onde certamente isso não poderia ter acontecido do modo que foi dito:




Consegue ver o local do acidente? 


No centro da imagem há uma viatura parada na pista, atrás dos dois ônibus subindo o viaduto.


Uma aproximação permite ver melhor o local:


Quase embaixo das pontes que dão acesso à Ilha e logo antes do elevado Rita Maria.

Você consegue ver o assassino causador do acidente na foto?

Segundo a polícia, e o que o pessoal comentou, o sargento que morava no interior do Estado estava na capital para um curso, e saindo de lá, colidiu contra um ônibus, caiu e foi atropelado. Mas eu conheço esse local e não foi isso que aconteceu, eu garanto.

Este outro ângulo permite ver o local do acidente (na verdade, o local onde o corpo do piloto foi parar, porque o choque contra o ônibus e o atropelamento aconteceram vários metros antes) indicado pela seta vermelha, e seu real causador, o assassino de motociclistas claramente visível e ignorado por todos:

Imagem: Google View

Tachões...

Essa armadilha mortal para nós, motociclistas, está instalada bem na entrada de Florianópolis, e para quem não conhece a cidade, é muito difícil escapar dela.

PS: Na manhã de Natal fui lá conferir o local e, mesmo sabendo o que vinha pela frente, as condições do trânsito quase me impediram de escapar dos malditos tachões. É uma armadilha extremamente traiçoeira.


Imagem: Google View

Quem vem do continente chega à ilha de Florianópolis pela ponte Pedro Ivo Campos. 


Quem busca a avenida Beira-mar Norte e toda a parte norte e nordeste da ilha, incluindo a Lagoa da Conceição, sai da ponte por uma alça de saída que se une a outras duas faixas que vêm do sul da ilha, vamos chamar esse conjunto de pistas 1, 2, 3 e 4.


Então você é o turista que acabou de chegar e está em baixa velocidade na faixa da direita, a faixa 4, em uma curva ampla. No meio dessa curva você vê a indicação: Litoral Norte, use as faixas 1 e 2; para ir para o Centro, faixas 3 e 4.


Você vê o viaduto logo ali na frente com as faixas 1 e 2 e repentinamente precisa ir para lá com muito cuidado, atravessando a faixa 3 e se encaixando no trânsito pesado.


Mas como você é novo na cidade, não imagina que bem antes de as pistas se separarem, encoberta pelos outros veículos, existe no solo uma demarcação desnecessária, perigosa e fico tentado a chamá-la de criminosa e assassina, feita com enormes e malditos tachões.


O resultado é que você, pilotando em velocidade normal compatível com o tráfego, se desequilibra e cai da moto na frente de/se choca contra um ônibus. 


Para os noticiários e os leigos, "motociclista perde o controle da moto e é atropelado", "motocicleta é um veículo perigoso", "motociclistas abusam da velocidade", "motociclistas não têm juízo", etc., etc.


O que eu digo é:


Essa foi mais uma morte causada por uma má sinalização viária que instala tachões a torto e a direito sem atentar para o risco que eles representam para os motociclistas.


O sargento morreu não porque estivesse em alta velocidade — ele não estava, apenas acompanhava o trânsito local. 


Insinuar que o sargento estivesse desrespeitando a legislação viária em alta velocidade é uma ofensa à sua memória e ao seu trabalho.


O sargento morreu apenas porque ainda não conhecia bem esta cidade e suas armadilhas viárias. 


A sinalização de trânsito tem de ser universal — ela não pode servir apenas a quem mora e conhece bem a cidade. Ela não pode representar riscos para os visitantes.


Quem vem de fora não pode ser surpreendido por obstáculos à circulação dificilmente visíveis e capazes de derrubar motociclistas — e esta crítica não é apenas contra a prefeitura de Florianópolis. A sanha pela instalação de tachões afeta todo o Brasil.



Vale dizer, obstáculos que não são representados apenas pela sinalização viária — eu já havia comentado aqui sobre o defeito no asfalto da alça de saída da ponte Pedro Ivo, que derrubou um motociclista em 22 de maio de 2013. Falha que já era velha de anos e ainda levou mais de um ano para ser reparada.


A sinalização viária e as vias têm de ser pensadas para todos, não apenas os automóveis. Se houver risco na implantação, não a sinalizem com tachões. Falhas no asfaltamento não podem ser consideradas apenas quando incomodam os motoristas; muito antes disso, elas já estão derrubando motociclistas.


Esse é um cuidado tão simples, mas tão difícil de ser entendido pelos engenheiros e responsáveis pela sinalização e manutenção viária...

Quantos outros motociclistas terão de morrer por conta dessa irresponsabilidade dos departamentos de trânsito de todo este meu país?

Meus sentimentos à família do sargento, e um abraço a todos nesta manhã de Natal,

Jefferson

Um comentário:

  1. Olá, Alex
    Obrigado e feliz Natal para você também, Alex
    Pior que não tem outra coisa a fazer não... é justamente nessa curva da alça que o concreto/asfalto é mais irregular, só a prudência mesmo. Ali naquela curva o negócio é já pegar a pista número 2 para ficar fácil de ir tanto para o Centro quanto para a Beira-Mar Norte, e tomar muito cuidado com as irregularidades, a sujeira na lateral da pista durante a curva e o fluxo de difícil visualização da pista 3. E lá na frente, cuidado com os motoristas que se atrapalham na bifurcação do acidente — se estiver indo para a Beira-mar Norte. é melhor já estar na pista 4.
    A propósito, moro para os lados de Forquilhinhas, qualquer dia podemos marcar um café! Gostaria de ouvir (ou ler) sugestões de como melhorar o blog.
    Um abraço, conterrâneo!

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