terça-feira, 2 de dezembro de 2014

É assim que se quebra o quadro da moto



Pare um pouco e pense:


Se a sua moto não é uma trail, ela não foi projetada para ficar saltando lombadas em alta velocidade.


Autódromos não têm lombadas.

O engenheirinho japonês que projetou essa moto nem sequer imagina que do outro lado do mundo exista uma cidade a meio caminho de Minas onde tem mais lombadas do que asfalto nas ruas.


Em lugar nenhum do mundo se colocam lombadas com o tamanho e a voracidade como as que se vê aqui no Brasil.


Mais do que isso:


O engenheirinho inocente nem sequer imagina que possam existir proprietários tão sem amor a suas motos que sejam capazes de passar em alta velocidade com motos esportivas sobre obstáculos criados justamente para reduzir a velocidade.


O projetista é japonês — nem sequer passa pela cabeça dele que exista um país onde as pessoas se divirtam desrespeitando os limites de velocidade.


Se a sua moto não é uma trail, ela não foi projetada para esse tipo de esforço — a praia das esportivas são os autódromos e rodovias de primeiro mundo, onde não existem buracos e lombadas.

Quando você pega um projeto que não prevê as bizarrices rodoviárias brasileiras e junta com proprietários que não fazem ideia de que o quadro de sua moto poderá se quebrar ao ser submetido a esforços repetitivos acima da capacidade para a qual ele foi projetado, você descobre porque tantas motos quebram o quadro no Brasil.


Imagem: http://adrenaline.uol.com.br/forum/geral/309961-o-papo-e-moto-regras-no-primeiro-post-1549.html

Ocorre um fenômeno físico chamado fadiga do material — depois de ser submetido a esforços repetitivos por algum tempo, ele acaba por se romper com um esforço pequeno, que nem o clipe de papel virado para um lado e para outro.

Ao ser submetido seguidamente a esforços para os quais não está dimensionado, um quadro bem projetado irá demorar um pouco mais, um quadro fraco irá se quebrar ainda no período de garantia, é só uma questão de tempo.

Abusar de uma moto é uma temeridade, porque uma mudança de geometria do quadro causada por uma trinca se propagando durante uma curva em alta velocidade pode te jogar debaixo de um caminhão.

Se as pessoas conhecessem um pouquinho dos processos de fabricação de suas motos, se tivessem pequenas noções de engenharia e resistência de materiais, não dariam tanta chance para o azar.

Quem pilota dessa maneira, passando em alta velocidade sobre lombadas e valetas, está criando uma bomba relógio que um dia irá explodir nas próprias mãos ou nas mãos do próximo proprietário desavisado.

Ah, meu povo, meu povo...

Um abraço,

Jeff

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