Na mochila de uma das vítimas teria sido encontrado um abaixo-assinado que os alunos pretendiam circular pedindo o afastamento de motoristas da empresa que eles avaliavam colocar suas vidas em risco.
Ou seja, os estudantes não se sentiam seguros em descer a serra na velocidade habitual praticada pelos motoristas.
Não respeitar a velocidade máxima permitida, eis o primeiro desrespeito a uma regra de trânsito simples.
Mas apareceu outra informação nova:
O motorista de um carro deu uma entrevista, ele esteve envolvido no acidente...
Ele descia a serra em velocidade compatível quando viu os faróis do ônibus crescendo atrás dele, chegando muito perto.
Talvez a segunda regra de trânsito simples descumprida, o ônibus não teria mantido uma distância de segurança do veículo à frente.
O motorista do carro relatou que, pressionado, diminuiu a velocidade para facilitar a ultrapassagem...
Nesse momento o ônibus resvalou contra o canto traseiro esquerdo do carro e seguiu desgovernado, se inclinando para um lado e para outro até que finalmente tombou contra a pedra.
Ônibus e caminhões mudando de faixa bruscamente podem perder o controle devido ao centro de gravidade muito alto em relação ao solo.
Terceira regra de trânsito simples desrespeitada: ao ser ultrapassado, manter a velocidade constante — nunca acelerar, tampouco desacelerar.
Três fatores que somados podem explicar o acidente de ontem.
Três regras simples que as pessoas costumam ignorar porque não veem problema nisso.
Até que aconteça uma desgraça.
Ontem havia relatos de que o motorista teria alertado a falta de freios do ônibus, um sobrevivente relatou que o ônibus fez 6 a 8 curvas sem controle.
Aquilo que o sobrevivente interpretou como curvas podem ter sido o que vimos no filme acima.
Uma série de fatores podem ter se somado para a tragédia.
Mas o fator final, a gota que transbordou o copo, parece ter sido a redução de velocidade do carro na ingênua tentativa de facilitar a ultrapassagem... algo previsto ccom uma proibição no código de trânsito.
Nada do que eu digo aqui é novidade.
Tudo está escrito naquele livrinho chato que todo mundo é obrigado a ler (e nem todos prestam atenção) no manual de formação de condutores das autoescolas.
Um livrinho que deveria ser levado mais a sério por todo mundo.
Um abraço,
Jeff
Jeff, quando você afirma que o CTB proíbe a facilitação de uma ultrapassagem, você tem certeza? Poderia me apontar onde? Pelo que verifiquei ele afirma que não se deve acelerar, mas não diz nada quanto a reduzir, que acredito que seja aconselhável para facilitar a ultrapassagem evitando riscos. Eu entendo que a redução da velocidade pode ter causado um erro no cálculo por parte do motorista do ônibus que poderia estar sofrendo com falhas mecânicas, porém até onde vi não é proibido pelo CTB a redução de velocidade visando a facilitação na ultrapassagem.
ResponderExcluirArtigo 30
Capítulo III - DAS NORMAS GERAIS DE CIRCULAÇÃO E CONDUTA
Todo condutor, ao perceber que outro que o segue tem o propósito de ultrapassá-lo, deverá:
I - se estiver circulando pela faixa da esquerda, deslocar-se para a faixa da direita, sem acelerar a marcha;
II - se estiver circulando pelas demais faixas, manter-se naquela na qual está circulando, sem acelerar a marcha.
Parágrafo único. Os veículos mais lentos, quando em fila, deverão manter distância suficiente entre si para permitir que veículos que os ultrapassem possam se intercalar na fila com segurança.
Olá, Caio!
ExcluirRealmente não encontrei referência a isso no novo CTB, mas fui habilitado pelo antigo, e me lembro que havia essa regra.
Expressava claramente que o veículo ultrapassado não deveria nem aumentar nem diminuir a velocidade, justamente para evitar que sua mudança de atitude surpreendesse os demais condutores.
Uma redução de velocidade do carro sendo ultrapassado poderia coincidir com a decisão do outro motorista de abortar a ultrapassagem, e se ambos reduzem ao mesmo tempo, a situação se complica para o condutor que tenta a ultrapassagem, que deixa de ter espaço para se encaixar à direita — o resultado pode ser uma colisão frontal ou múltipla.
Parece que ao elaborar o novo CTB o pessoal não considerou detalhes como esse.
Em todo caso, deve prevalecer o bom senso.
No caso desse acidente, aparentemente o motorista do carro não percebeu que o ônibus estava com problemas mecânicos e agiu da maneira que pensou ser a mais adequada, infelizmente talvez não tenha sido a melhor opção.
Ou talvez isso não interferiu para o resultado, nunca saberemos.
Um abraço,
Jeff