Quem viu os jornais de hoje soube de mais um acidente terrível, outro ônibus perdeu os freios em uma descida de serra e tombou contra um barranco.
Desta vez foi na serra de Bertioga em São Paulo.
Reportagem: http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2016/06/onibus-com-ao-menos-40-passageiros-tomba-na-rodovia-mogi-bertioga.html
O ano passado foi em Santa Catarina.
Reportagem: http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2015/03/pericia-de-acidente-de-onibus-que-matou-51-em-sc-esta-no-final-diz-igp.html
Mas o que eu queria comentar é o fato de que no acidente de hoje, um caminhão também perdeu os freios no mesmo local, e só não aumentou a tragédia porque parou contra as viaturas que prestavam socorro.
Dois acidentes pelo mesmo motivo, falta de freios de um veículo pesado, ocorrendo no mesmo local, na mesma hora.
Uma análise apressada apostaria em uma condição da pista; a vivência me leva a crer em falhas mecânicas causadas por fator humano.
E esse fator é justamente a excessiva confiança dos motoristas nos freios de suas máquinas.
Um veículo (qualquer veículo) dispõe de três mecanismos para impedir a velocidade excessiva ao descer uma serra prolongada.
O freio-motor, o freio hidráulico, o freio mecânico de emergência, que o pessoal só usa para estacionar e lembram dele apenas como freio de estacionamento, o vulgo "freio de mão".
Infelizmente, a confiança excessiva no freio hidráulico leva o pessoal a descer a serra contando que ele sempre funcionará a contento...
Mas na hora em que acontece uma pane desse sistema, fica muito difícil controlar um veículo pesado.
O freio de emergência não consegue dar conta do recado em uma descida de serra.
E para que o freio-motor possa atuar com eficácia, ele precisa atuar durante todo o trajeto, impedindo que o veículo ganhe embalo — justamente para evitar o uso excessivo e consequente superaquecimento dos freios.
Descer uma serra em marcha elevada abusando dos freios e só tentar usar o freio-motor em caso de pane não dá certo; os freios superaquecidos perdem a eficácia.
E uma marcha reduzida não será engrenada a tempo depois que o ônibus / caminhão / carro — ou moto — estiver descendo embalado ladeira abaixo.
Na primeira curva mais exigente, o veículo perderá a tangência e só irá parar contra o barranco ou descendo uma ribanceira, com um saldo mortal.
E o que leva um sistema de freios hidráulicos (ou mesmo mecânicos, como os freios a tambor de nossas motos) vir a falhar é justamente o excesso de uso em uma serra.
Sim, motos são leves, mas o abuso dos freios pode causar uma pane por superaquecimento de sapatas e pastilhas — já falamos sobre isso nesta postagem.
Voltei ao assunto porque esse fato precisa ser de amplo conhecimento de todos.
Somente sabendo que essas coisas acontecem e entendendo o motivo de elas acontecerem é que as pessoas evitarão correr este risco.
É uma mensagem que jogo em uma garrafa no mar da internet...
Essa é a única forma que encontro para tentar ajudar as pessoas... quem sabe um futuro motorista de ônibus não está lendo esta mensagem agora?
Quem sabe algum dia ele venha a postar aqui nos comentários que saber disso salvou sua vida?
Ou a vida de dezenas de jovens estudantes universitários...
Martelar esses assuntos é minha tentativa ingênua de tentar contribuir para um mundo melhor.
Transcrevo o comentário do amigo WD±40 motociclista e caminhoneiro Edifrans:
Vale lembrar que a maioria dos caminhões e ônibus utilizam-se de sistemas de freio a ar.
Outro detalhe que as gerações mais novas desconhecem é uma regrinha simples que os mais experientes (antigos) usavam que é a seguinte:
"Em qualquer longo trecho de declive utilize a mesma marcha engrenada que utilizaria para subir".
Essa simples regra ajuda a saber exatamente qual a marcha adequada que irá 'segurar' seu veículo sem que precise abusar do uso dos freios.
Em alguns caminhões e ônibus de ano/modelo <1975 essa mensagem estava presente em plaquetas afixadas no próprio painel do veículo.
Um abraço,
Jeff
Vale lembrar que a maioria dos caminhões e ônibus utilizam-se se sistemas de freio a ar.
ResponderExcluirOutro detalhe que as gerações mais novas desconhecem é uma regrinha simples que os mais experientes (antigos) usavam que é a seguinte: "Em qualquer longo trecho de declive utilize a mesma marcha engrenada que utilizaria para subir". Essa simples regra ajuda a saber exatamente qual a marcha adequada que irá 'segurar' seu veículo sem que precise abusar do uso dos freios. Em alguns caminhões e ônibus de ano/mod <1975 essa mensagem estava presente em plaquetas afixadas no próprio painel do veículo.
Excelente dica
ExcluirMuito bem lembrado, Edi.
ExcluirEssa regra de descer a serra na mesma marcha em que você subiria é aquela que ninguém tem paciência de cumprir, e essa falta de paciência tem matado muita gente e dado grandes prejuízos aos donos dos caminhões, que em ambos os casos, muitas vezes são os próprios motoristas.
Um abraço,
Jeff
Tem uma ladeira com paralelepípedos, de inclinação mediana, próximo a minha residência, onde costumo descer utilizando a 2 marcha engatada sem utilizar freio, com segurança e sem gastar combustível (veículo Corsa com injeção). É assim que tem que ser sempre, principalmente em longos declives, não precisa utilizar freio para isso.
ResponderExcluirTem uma ladeira com paralelepípedos, de inclinação mediana, próximo a minha residência, onde costumo descer utilizando a 2 marcha engatada sem utilizar freio, com segurança e sem gastar combustível (veículo Corsa com injeção). É assim que tem que ser sempre, principalmente em longos declives, não precisa utilizar freio para isso.
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