domingo, 26 de julho de 2015

Qual a importância de lubrificar os cabos de comando?

A manutenção correta dos cabos de comando, com a lubrificação e substituição preventiva periódica, diminui a chance de coisas como estas:



Casey Stoner, campeão pela Ducati em 2007 e o cara que obrigou a lenda Valentino Rossi a dar uma de Prost (= jogar sujo) para ganhar uma corrida, protagonizou este acidente por causa do acelerador travado.



O blog do uol diz que foi o "regulador de pressão"... E agora, em quem será que eu devo acreditar?

Bom, vou ficar com a versão do Casey porque até onde eu sei, o motor dele não é turbinado.

Já a throttle grip (que nós chamamos de manopla do acelerador) controla a válvula borboleta daquilo que os gringos chamam de throttle valve (a válvula de aceleração — eles não são muito criativos para nomes)

E apesar de nos motores superalimentados a válvula de aceleração controlar o fluxo de ar para o motor, o que poderia ser interpretado com muito boa vontade como um regulador de pressão, mas não é assim que essas coisas são chamadas.

O verdadeiro regulador de pressão da admissão é a válvula limitadora de pressão do turbo, que até onde eu vejo, não teria como causar o travamento do motor em alta rotação. Se a moto fosse turbinada... mas não acompanho nem a Fórmula 1, quanto mais motovelocidade. 

O Casey Stoner acabou quebrando só a escápula (o grande osso chato do ombro) e a tíbia (lá vem o Tíbio e o Perôniooo...)

Teve sorte, porque a moto quase caiu em cima dele.

Um stuck throttle é um acelerador emperrado, e ele pode emperrar na manopla, no cabo ou na própria válvula de aceleração. 

A fonte mais provável de emperramento é o cabo desgastado, mas no caso dele pode ter sido um problema na montagem da válvula, porque uma moto de competição não teria um cabo desgastado, a menos que estejam contratando estagiários.

Além disso, pode ser que essa moto use acelerador sem cabo mecânico, totalmente eletrônico, e aí pode ser uma pane elétrica. 

Mas para nós, humanos comuns, o cabo do acelerador nada mais é do que um arame trançado que corre dentro de uma capa de plástico emborrachada, com um encaixe na ponta da manopla e outro encaixe na ponta do carburador / válvula de aceleração.

Se algum arame do cabo se soltar e começar a desfiar, ele poderá enroscar dentro da capa e impedir que a válvula borboleta / pistonete ou a própria manopla do acelerador retorne para a posição de descanso.

Ou seja, você abre o acelerador e não consegue fechar, porque mesmo girando a manopla, o cabo fica travado e mantém a válvula de aceleração que alimenta o motor totalmente aberta.

E com o motor acelerado, a moto não tem mais freio motor. 

Ela segue desembestada e você vai junto, a menos que não entre em pânico, acione a embreagem e desligue o corta-corrente. 

Se não fizer isso, a rotação do motor irá para o espaço e seu motor entrará na faixa vermelha.

Enquanto a embreagem permanecer acoplada, os freios não terão força suficiente para estancar a moto.

Se você estiver em uma competição fazendo as curvas no limite, dificilmente terá tempo de controlar a moto antes da próxima curva e acabará comprando um belo terreno em grande estilo.

O melhor a fazer para não passar sustos com o acelerador é verificar periodicamente a condição do(s) cabo(s) do acelerador (algumas motos têm dois) e trocá-lo(s) antes que representem uma ameaça.

A mesma coisa para o cabo da embreagem, se bem que em caso de rompimento é possível passar as marchas sem necessidade da embreagem.

E nunca ouvi falar de cabo da embreagem enroscado, mas você tem fácil acesso à alavanca de acionamento pelo lado de fora do motor.

Os cabos do acelerador e da embreagem são baratos, vale a pena trocá-los preventivamente a cada 20 ou 25 mil km. Mais detalhes nesta postagem

O último cabo que coloquei na Jezebel já tem uns 30 mil km, já passou da hora de trocar.

Como não gosto de passar por situações de risco evitáveis, a troca do cabo acabou de entrar na minha lista de prioridades máximas.

Mais ou menos em 6º lugar.

Um abraço,

Jeff

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