Casey Stoner, campeão pela Ducati em 2007 e o cara que obrigou a lenda Valentino Rossi a dar uma de Prost (= jogar sujo) para ganhar uma corrida, protagonizou este acidente por causa do acelerador travado.
Twitter do Stoner no blog http://grandepremio.uol.com.br/motociclismo/noticias/bicampeao-da-motogp-stoner-sofre-forte-acidente-e-fratura-ossos-de-ombro-e-perna-durante-8-horas-de-suzuka
O blog do uol diz que foi o "regulador de pressão"... E agora, em quem será que eu devo acreditar?
Bom, vou ficar com a versão do Casey porque até onde eu sei, o motor dele não é turbinado.
Já a throttle grip (que nós chamamos de manopla do acelerador) controla a válvula borboleta daquilo que os gringos chamam de throttle valve (a válvula de aceleração — eles não são muito criativos para nomes).
E apesar de nos motores superalimentados a válvula de aceleração controlar o fluxo de ar para o motor, o que poderia ser interpretado com muito boa vontade como um regulador de pressão, mas não é assim que essas coisas são chamadas.
O verdadeiro regulador de pressão da admissão é a válvula limitadora de pressão do turbo, que até onde eu vejo, não teria como causar o travamento do motor em alta rotação. Se a moto fosse turbinada... mas não acompanho nem a Fórmula 1, quanto mais motovelocidade.
O Casey Stoner acabou quebrando só a escápula (o grande osso chato do ombro) e a tíbia (lá vem o Tíbio e o Perôniooo...).
Teve sorte, porque a moto quase caiu em cima dele.
Um stuck throttle é um acelerador emperrado, e ele pode emperrar na manopla, no cabo ou na própria válvula de aceleração.
A fonte mais provável de emperramento é o cabo desgastado, mas no caso dele pode ter sido um problema na montagem da válvula, porque uma moto de competição não teria um cabo desgastado, a menos que estejam contratando estagiários.
Além disso, pode ser que essa moto use acelerador sem cabo mecânico, totalmente eletrônico, e aí pode ser uma pane elétrica.
Mas para nós, humanos comuns, o cabo do acelerador nada mais é do que um arame trançado que corre dentro de uma capa de plástico emborrachada, com um encaixe na ponta da manopla e outro encaixe na ponta do carburador / válvula de aceleração.
Se algum arame do cabo se soltar e começar a desfiar, ele poderá enroscar dentro da capa e impedir que a válvula borboleta / pistonete ou a própria manopla do acelerador retorne para a posição de descanso.
Ou seja, você abre o acelerador e não consegue fechar, porque mesmo girando a manopla, o cabo fica travado e mantém a válvula de aceleração que alimenta o motor totalmente aberta.
E com o motor acelerado, a moto não tem mais freio motor.
Ela segue desembestada e você vai junto, a menos que não entre em pânico, acione a embreagem e desligue o corta-corrente.
Se não fizer isso, a rotação do motor irá para o espaço e seu motor entrará na faixa vermelha.
Enquanto a embreagem permanecer acoplada, os freios não terão força suficiente para estancar a moto.
Se você estiver em uma competição fazendo as curvas no limite, dificilmente terá tempo de controlar a moto antes da próxima curva e acabará comprando um belo terreno em grande estilo.
O melhor a fazer para não passar sustos com o acelerador é verificar periodicamente a condição do(s) cabo(s) do acelerador (algumas motos têm dois) e trocá-lo(s) antes que representem uma ameaça.
A mesma coisa para o cabo da embreagem, se bem que em caso de rompimento é possível passar as marchas sem necessidade da embreagem.
E nunca ouvi falar de cabo da embreagem enroscado, mas você tem fácil acesso à alavanca de acionamento pelo lado de fora do motor.
Os cabos do acelerador e da embreagem são baratos, vale a pena trocá-los preventivamente a cada 20 ou 25 mil km. Mais detalhes nesta postagem.
O último cabo que coloquei na Jezebel já tem uns 30 mil km, já passou da hora de trocar.
Como não gosto de passar por situações de risco evitáveis, a troca do cabo acabou de entrar na minha lista de prioridades máximas.
Mais ou menos em 6º lugar.
Um abraço,
Jeff
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