quarta-feira, 23 de abril de 2014

Viagens em grupo - II

Ao viajar em grupo, normalmente quem puxa o comboio é a moto menos potente do grupo, para que ela dite o ritmo de todas as outras. 

A moto mais potente fica como o ferrolho no fim do comboio, já que pode alcançar facilmente o restante do grupo no caso de alguém precisar parar e não ser notado pelos demais.


— Você devia ter virado à esquerda em Albuquerque!!!
Imagem: http://home.comcast.net/~superalce/movies.html

E existe uma técnica para ultrapassagens:

Ela é feita de maneira invertida, primeiro o ferrolho e o bloco do final do pelotão vão para a faixa livre, depois o pelotão intermediário, por último o cabeça da fila se junta ao grupo, e aí todo mundo avança.

Essa técnica funciona muito bem, mas traz embutidas duas armadilhas:

O automatismo da ação e o ponto cego no espelho.

Tantas vezes a operação é repetida que chega uma hora em que o cabeça do grupo vê pelo espelho os companheiros mudando de faixa lá atrás e é induzido a mudar também, a coisa se torna automática.

Só que vai chegar uma hora em que o comboio mudará de faixa e haverá um carro no ponto cego do cabeça da fila. 

Aí ele muda de faixa no piloto automático e cataploft.

Outro fator que contribui para esse tipo de acidente é o cansaço de uma viagem longa. Ainda mais se for feita com sacrifício de algumas noites mal dormidas. 

Junte o cansaço com a monotonia da repetição das ultrapassagens, mais a pressão autoimposta de não querer atrasar o grupo, e isso resulta na desatenção ao ponto cego do espelho.

Se o cabeça da fila tiver muita sorte, sai do hospital com três pontos no cotovelo. Mas se não... glup!

Para evitar se envolver em um acidente nessa situação, nunca dispense aquele beijinho no ombro aquela olhadinha básica por cima do ombro antes de mudar de faixa, torne isso um hábito condicionado, não mude de faixa sem olhar por cima do ombro.

Eu nunca mudo de faixa sem olhar primeiro pelo espelho e depois por cima do ombro e, para me precaver, tenho espelhinhos convexos fixados nos espelhos convencionais.

Olho pelo espelho, confiro o espelhinho para ver se não tem ninguém no ponto cego e dou a virada de pescoço básica para ter certeza de que não vou entrar na frente de ninguém.

E não pego a estrada sem dormir, porque chega uma hora que o cansaço vence, e vence bonito.

Um abraço,

Jeff
PS: Esta postagem é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com fatos ou pessoas da vida real retornando de Santa Catarina para o Rio de Janeiro terá sido mera coincidência.

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