quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Tristeza, depressão e vontade de sumir

Semana passada um amigo meu entrou em depressão, desanimou de vez com as coisas da vida.

Perdeu a fé nas instituições, começou a se achar um peso inútil e andava namorando com a ideia de acabar de vez com seus problemas. 

Única coisa que o freava era encontrar uma maneira que não abalasse seus amigos e a única pessoa que restou de sua família.

Mas nada acontece por acaso, dizem, e nesse estado de espírito que se arrastava há dias, cada vez mais intenso, ele chegou na padoca de todos os dias e encontrou uma amiga que de cara perguntou se ela havia contado o que tinha acontecido com a sobrinha dela...

Apenas trinta e três anos e teve mais determinação e desprendimento do que esse meu amigo.

Enquanto procurava palavras para consolar a amiga, meu amigo filosofou sobre o sentido de ser defrontado com esse assunto justamente quando estava naquele estado de desânimo.

Uma das coisas que ele falou para a amiga foi que a sobrinha estava em depressão e a depressão não é apenas um estado de espírito, é também a falta de serotonina no cérebro — sua sobrinha não havia tomado aquela decisão com plena consciência, ela estava doente. 

A falta de serotonina nos faz ver o mundo colorido em tons de cinza, causa desânimo e nos enfia em uma espiral que leva cada vez mais para baixo.

Ele sabia disso porque já não era a primeira vez que mergulhava na depressão, e falar sobre isso o fez refletir.

Pelo sim, pelo não, passou na farmácia e comprou a única coisa sem tarja preta que podia ser comprada, calmante à base de maracujá concentrado. Chocolate amargo e tomar sol também ajudam.


Chegou em casa, mandou a dose diária goela abaixo em uma única tacada e ligou a internet.


Estava lá a notícia, Por que pessoas estão indo a este estádio de futebol para tentar suicídio?


Outra coincidência...

E lendo a matéria, encontrou a resposta em Durkheim: "O suicídio é uma denúncia individual de uma crise coletiva".

É isso. Matou a charada.



Nosso país passa por uma grande crise coletiva, e nessa onda negativa algumas pessoas são levadas mais para baixo do que outras. 

Algumas chegam ao limite de suas forças e não conseguem ver solução outra que não dar fim aos seus problemas.

Problemas que no fundo, não são só dela, mas de todos nós.

Meu amigo pediu para postar isso aqui no blog porque pode ajudar alguém que esteja passando pela mesma situação. 

Nunca se sabe quando alguém vai entrar em depressão, e às vezes encontrar uma mensagem ao acaso pode ser de alguma ajuda. 

Uma pequeno estímulo à mudança de atitude pode ter grande resultado.

No dia seguinte ao que começou a tomar as pílulas de maracujá, meu amigo não acordou pensando em soluções finais.

Pelo contrário, saiu com a moto e, como nada acontece por acaso — dizem — acabou ajudando um motociclista de Brasília com dificuldades mecânicas aqui em Floripa.


Rendeu boas histórias que até o reanimaram a tocar um blog sobre motociclismo que ele havia abandonado.


Tem um bom anjo da guarda, esse meu amigo.


Conversar com alguém que não seja parte do problema, extravasar a angústia ajuda muito a reencontrar um ponto de apoio para nos reequilibrar.


Para aquela hora que bate a angústia, o telefone do CVV — Centro de Valorização da Vida — na maior parte das cidades é 141, gratuito. 

Endereços, telefones e horários dos postos do CVV neste link.


Site do CVV com chat:


http://www.cvv.org.br/site/index.php


Um abraço,


Jeff

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