terça-feira, 25 de abril de 2017

O vídeo da kawasaki Z300 quase sem óleo depois da revisão

Olha só, fazia tempo que eu não falava mal da kawasaki... Duas semanas.

E graças ao leitor Osmar Takashi (obrigado!!!), agora temos este vídeo da moto dele voltando com o mínimo de óleo da revisão de 3 mil quilômetros:


O Takashi já comprovou duas vezes denúncias aqui do blog.

A primeira, as quantidades de óleo recomendadas pelas fabricantes são insuficientes para atingir o nível ideal recomendado por elas mesmas.

Foi com sua primeira moto, uma suzuki GSR 150i, você pode acompanhar a denúncia dele no vídeo que ele fez na época neste link.

E agora com a segunda moto, a kawasaki Z300, ele pôde comprovar a denúncia de que as concessionárias entregam as motos apenas com a quantidade mínima e insuficiente de óleo especificada pela fabricante...

... quando a obrigação da concessionária seria sempre entregar a moto com o nível correto de óleo.

Esse deveria ser o serviço delas — fazer a manutenção de nossas motos da maneira correta — e não como qualquer boca de porco por aí.

"Boca de porco" é aquela oficina de pessoas não especializadas, sem treinamento da fábrica, sem discernimento nem entendimento para olhar mais do que as figuras e números do manual. Bom, também tem aquelas onde o mecânico teve treinamento de fábrica, mas não faz a prática correta porque não tem capacidade. Ou tem interesse de que o freguês volte sempre, mas pelo pior dos motivos. 


Não confunda boca de porco com oficina pequena — tem muito mecânico experiente e honesto por aí em oficinas acanhadas, mas que sabe desse macete do óleo e age de maneira honesta, fazendo o serviço direito.

Mas de maneira inexplicável e inadmissível muitas concessionárias, sejam da marca que for, fazem uma troca de óleo com a mesma falta de rigor que a boquinha de porco mais leitoazinha que você possa imaginar.
Imagem e artigo interessante sobre o espírito motociclista: http://escapology.eu/2014/07/21/traveling-by-motorbike-why-you-should-give-it-a-try/

Se o mecânico dessa oficina simples tiver lido o manual, é capaz de ele fazer uma troca de óleo mais correta do que muitas autorizadas com mecânicos treinados pelas fábricas aqui no Brasil...

Como se explica isso? Como se permite isso?

As concessionárias usam a desculpa de que fazem o que está escrito no manual — fazendo de conta que não sabem o procedimento detalhado que as fábricas colocam por escrito nos manuais de proprietário, manuais de oficina e cursos de treinamento para seus mecânicos.

Quem faz isso assina o atestado da própria incompetência.

Mas as fábricas devem achar isso ótimo, porque se quisessem, fiscalizavam e impediriam esse abuso cassando o direito de representação dos maus profissionais.

Mas esse abuso ajuda a vender mais peças e mais motos mais rápido, e todo mundo tem que cumprir metas de vendas, olha só...

hondayamahasuzukikawasakibmwtriumphmvk, dafra, kasinski... todas andam juntas de mãos dadas nessa prática e já foram flagradas com a boca na botija. O manual das traxx é idêntico, mas ainda não documentamos um caso.

Você pode combater essa prática que faz seu motor pedir retífica na metade do que seria normal — e até menos — e que pode colocar sua vida em risco.

Basta não confiar, e fazer como o Takashi fez — conferir o nível de óleo da maneira correta descrita no seu manual de proprietário, ligando e desligando o motor antes de medir pela manhã no dia seguinte à revisão. 

Essa informação — de que é necessário ligar o motor antes de medir — as concessionárias fazem questão de não fornecer... até agora não encontrei nenhuma que falasse isso para os clientes.

Motos com pouco óleo exigidas na estrada podem travar e até estourar o motor. 

Isso acontecia direto com as Kansas e Speed da dafra, até que os proprietários descobriram que a causa era única e exclusivamente a falta de óleo.

A fabricante recomendava 1 litro, mas o nível recomendado para aqueles motores só é atingido com 1,4 litro. A quantidade varia de modelo para modelo.

Muita gente ficou na estrada por causa disso, e uma pane na estrada é um sério risco de queda e atropelamento.


Além disso, o motor se desgasta muito mais rápido, e um motor desgastado não tem recuperação, não volta à condição anterior.

Rodou com pouco óleo uma vez, já era.

Se o dono de uma Z300 recém saída da revisão resolve fazer uma viagem com o motor amaciando nas condições em que a moto do Osmar foi entregue, o motor perderia uma parte significativa da sua vida útil.

O motor trabalharia abaixo do nível mínimo recomendado, porque o óleo é consumido, as peças se desgastariam e era capaz de ele precisar voltar para casa com a moto na caçamba de uma picape.

Talvez não fundisse totalmente, mas o proprietário provavelmente estranharia o mau comportamento da moto na volta, e a levaria para a concessionária.

Chegando lá, duas alternativas:

Com o motor ligeiramente comprometido, eles completariam o óleo do motor e cobrariam pela revisão não programada, o dono pagaria o pato.

Se o motor estivesse severamente comprometido, necessitando trocar peças, o dono também iria pagar o pato — porque a garantia não cobre uso abusivo e negligência na conferência do nível de óleo.

Se estivesse disposto a brigar por seus direitos, seria a palavra deles, "especialistas no assunto", contra a sua.

Adivinha quem iria se desgastar e possivelmente ter que pagar o pato as custas do processo? 

Muito provavelmente a concessionária o convenceria de que o dono da moto deu azar e ele acabaria fazendo negócio com outra moto da mesma loja. 

E a história se repetiria, porque esfolar patos essa é uma prática recorrente que as pessoas não percebem que é praticada há mais de 40 anos. 

Antigamente não era tão evidente porque o óleo 20W-50 protegia melhor o motor, então demorava mais para o problema aparecer.

Todo mundo achava normal o motor não passar de 60 ou 70 mil km, "motor de moto dura pouco mesmo".

Mas agora com essa estratégia de usar óleo cada vez mais fino com trocas cada vez mais distantes — a kawasaki está recomendando 12 mil km — os motores acabam cada vez mais cedo.

E todas as montadoras fazem isso. Só tenho relatos de que harley e indian não usam essa técnica, mas em compensação, o custo de manutenção delas... ... ... 

Não há inocentes nessa história.

Ou melhor:

O único inocente nessa história é você, proprietário.

Um abraço,

Jeff

15 comentários:

  1. Eu não tive presença de espirito para gravar no dia que peguei minha Crosser na revisão dos 5.000 Km, mas assim como na de 1.000 o nivel veio no minimo, na concessionaria mesmo pedi um funil emprestado ao mecânico, saquei do litro que tava no bauleto já pensando nisso para completar o nivel. Nisso o mecanico ficou curioso em saber o que eu tava fazendo e eu disse, que o 1 litro que eles colocam não faz nem cocegas no marcador. "Ah é" foi a resposta dele. Ou seja...

    Continuarei fazendo minhas revisões na concessionaria por não conhecer um mecânico bom ainda na minha região, e por em tese ser mais fácil ir atrás de um CNPJ da CC do que do mecânico da esquina em eventuais problemas , mas vou cada dia mais esperto e na próxima vou tentar gravar o procedimento de medição na retirada da moto e enviar a você para comprovar a má fé de mais uma marca.

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    1. Obrigado, Robson!
      Quando houver pressão suficiente da parte dos proprietários, eles serão obrigados a parar com essa prática.
      Ou reduzirão a viscosidade do óleo para 0W-20, como a honda já fez com os carros.
      Um abraço,
      Jeff

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  2. Fico imaginando... 12 mil km entre trocas. Minha moto nem sequer RODOU 12 mil ainda, estamos na casa dos 9 mil e talvez não teria feito mais do que a primeira troca de mil km em um período de um ano e meio. Isso porque eles também não nos lembram que óleo velho não presta mais e deve ser substituído independentemente da quilometragem.
    Chega a beirar o ridículo uma sugestão como essa, mesmo em motos com sistema de arrefecimento líquido. Agora imagine se o dono descuida da reposição nesse período, provavelmente a moto não duraria os 12 mil e abriria o bico antes.

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    1. E é exatamente isso que acontece!
      As montadoras posam de santas e confiáveis, afirmando que são as melhores e que ninguém precisa se preocupar, tudo com a intenção de deixar os donos tranquilos de que fazendo a manutenção na concessionária sua moto estará protegida... enquanto esperam os donos que acreditaram neles irem destruindo o motor, depois ninguém pode provar nada contra elas.
      Sabe, se eu não fosse o cara que sou, entraria para o negócio de fabricar motos. Muito lucrativo.
      Mas como sou um cara que não aceita a ideia de tirar vantagem em cima do prejuízo dos outros, elas ficam sem concorrência...
      Bom, também tenho outros motivos... ou melhor, não tenho... :(
      Um abraço,
      Jeff

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  3. Obrigado por postar meu vídeo aqui como exemplo Jeff. Depois que abasteci a moto no nível de óleo até o max o câmbio está macio e o motorzinho sobe de giro que é uma beleza. Infelizmente vi alguns vídeos de top speed da z300 onde o dono da moto alegava que a moto não passava de 150km/h... com certeza saiu sem óleo da concessionária e o incauto dono foi acelerar na pista. Lamentável que este motor não deve passar dos 100 mil km( se chegar até lá). A minha moto espero rodar pelo menos 200 mil km.
    Quanto a garantia, infelizmente qualquer dano que ocorra na sua moto SEMPRE alegam mau uso ou desgaste. Então na prática não serve pra nada, salvo quando o motor explodir sem motivo aparente e a mesma tendo óleo (o que com certeza não irá ocorrer se tiver óleo)... abraço.

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    1. Olá, Takashi!
      O que você falou é fato, só não acredito que um motor nessas condições consiga chegar a 100 mil km. Tentar atingir a velocidade máxima com o motor nas condições entregues pela concessionária coloca a vida dos proprietários em perigo.
      Não vou comentar que o excesso de velocidade não deve ser praticado em vias públicas. Tem gente que só abusa das motos em track days.
      Independente da questão da busca da top speed ser proibida ou não, o fato é que as montadoras não podem entregar as motos para os clientes em uma condição de risco devida à omissão no cumprimento de seus deveres, ponto final.
      Uma hora vai aparecer um caso inequívoco e bem documentado de motor estourado por falta de óleo após sair da concessionária, e aí a coisa vai ficar muito feia para os executores dessa prática que, de tão irresponsável, beira a criminalidade.
      Um abraço,
      Jeff

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    2. A propósito, seu vídeo está em duas postagens, aquela onde você fez o comentário e esta agora.
      Eu de novo,
      Eu

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    3. Eu dei uma esticada pra ter certeza que o motor não vai ter indícios de quebra ou vazamentos (neura minha). Vou dando minhas esticadas até os 6 mil km na próxima troca de óleo. Se chegar lá com tudo bem posso me dar ao luxo de abrir mão da garantia e eu mesmo trocar o óleo ou mandar pra revisão em oficina de confiança (que não tenho ainda).

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    4. A revisão dos 6 mil km foi quando abri mão da garantia da Kansas. Comprei ela de um companheiro de fórum com 3.350 km, então ele já tinha feito as duas primeiras. Fiz a terceira por desencargo de consciência, regulagem de válvulas, forcei a barra e acompanhei dentro da oficina.
      Quando os mecânicos ficaram admirados de o motor não estar carbonizado eu tive ideia de quão precária era a coisa e nunca mais voltei.
      Um abraço,
      Jeff

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  4. Mecânico de concessionaria é trocador de peça. Eles executam o procedimento do manual de serviço, colocam a quantidade padrão. O dono da moto que se lasque.

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    1. Esse é o grande problema, Fabio...
      Eles não executam o procedimento do manual de serviços...
      Por lá diz que não é só colocar a quantidade.
      A responsabilidade da concessionária é entregar a moto da revisão com o nível de óleo correto.
      A responsabilidade do proprietário é repor o óleo consumido para manter o nível correto.
      Eles não estão fazendo a parte deles e a bomba estoura no colo do dono da moto. E esse procedimento é intencional, senão as montadoras coibiriam.
      Porque denúncia não falta, e a gente sabe que eles leem o blog.
      Um abraço,
      Jeff

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  5. Eu conheci esse blog depois de comprar minha Intruder. A partir disso abri mão da garantia e passei a trocar o óleo numa mecânica de confiança aqui perto da oficina que trabalho.

    Faz uns dias que houve um tópico no reddit sobre o nível de oleo da Ninja 250.
    Fui pesquisar a respeito e muitos donos acham normal trocar o óleo com uma kilometragem alta..., inclusive repetem o discurso que o óleo sintético é mais durável.

    link do tópico do Reddit: https://www.reddit.com/r/motorcycles/comments/673mkd/sightglass_doesnt_show_the_proper_oil_level/

    link do forum da Ninja sobre o intervalo de troca: http://www.kawasakininja300.com/forum/8-ninja-300-general-discussion/2651-oil-change-interval.html

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    1. Obrigado pelos links, Rafael!
      Interessantes as discussões!
      No reddit, a argumentação parece ter sido feita por um funcionário de uma montadora... eles mantêm profissionais deles monitorando fóruns, isso ocorria direto no fórum da dafra.
      Nunca ganharam uma discussão direta, optaram por abandonar aquele fórum e criar outro específico para a Apache, talvez tenham criado outros específicos por modelos, mas não me interessei em acompanhar.
      A opinião do pessoal quanto ao nível de óleo é triste, ficam coçando a cabeça porque a realidade não bate com o que deveria acontecer e ficam tentando achar justificativas sem perceber a pegadinha dos fabricantes.
      Quanto ao intervalo de troca, falaram em fazer análise em laboratório para provar que o óleo ainda está bom. Isso não deve ser fácil e prático de fazer nem lá nos EUA.
      Típico argumento para calar a boca de quem não tem como contestar.
      Note que as condições de uso lá fora são muito diferentes das daqui.
      Esta semana teve um passeio de moto gigante lá na Alemanha para comemorar a volta dos dias para andar de moto (o fim do inverno e o início das temperaturas razoáveis).
      Essas motos ficaram paradas nos últimos 3 ou 4 meses, as motos lá só rodam uma gestação por ano, e nunca em um verão como o nosso na maior parte do hemisfério norte.
      E de acordo com o manual, o óleo deve ser trocado antes do inverno para guardar a moto e depois novamente antes de começar a rodar. A média de quilometragem rodada por ano é mais baixa do que aqui e em condições muito mais amenas de temperatura.
      Outro mundo.
      Um abraço,
      Jeff

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  6. E mais uma Vez o Jaislan perdeu...
    O proprio amigo dele deu razao a voce Jeff
    Fatality! hehehe
    Agora tenho a certeza maior de que fiz a escolha certa em seguir suas recomendacoes!

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    1. Ele é só mais uma vítima do esquema.
      Serve de exemplo para mostrar como existe uma estrutura de doutrinação para que as pessoas não se deem conta de como são levadas a estragar as próprias motos.
      Um abraço,
      Jeff

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