terça-feira, 17 de janeiro de 2017

O mega recall das motos da indian que você não ouviu falar

Você soube do mega recall das motos da indian?

Agora em dezembro a Indian Motorcycles convocou no mundo todo o recall de quase todas as suas motos, exceto as Scout.


São todas as motos fabricadas a partir de 2013 (já modelo 2014) caracterizadas pelo tradicional paralamão equipadas com o motorzão esfriado a ar Thunder Stroke 111 (1.820 cm3):
Imagem: http://www.indianmotorcycle.com/pt-br e http://www.indianmotorcycle.com/en-us/2016

Detalhe importante:

Todas elas foram produzidas a partir da aquisição pela canadense norte-americana Polaris e a revitalização da tradicional marca norte-americana Indian em 2013 — falarei disso nas postagens de amanhã e depois. Eu disse canadense? Não, você se enganou.
Reportagem: https://rideapart.com/articles/indian-motorcycle-issues-recall

Ficou claro?


Tirando as Scout que usam paralamas modernos e motores de menor cilindrada (1.130 cme 980 cm3) com arrefecimento líquido, o recall inclui TODAS AS MOTOS DE TODOS OS OUTROS MODELOS DA INDIAN fabricados desde 2013 (já modelos 2014) incluindo os modelos 2017.


É isso aí.


O projeto do motorzão nasceu com uma falha potencialmente mortal e que surge depois de algum tempo.


Os projetistas se esqueceram de levar em conta ou se viram obrigados a projetar um motor onde o tubo de alta pressão de combustível da injeção eletrônica passa muito rente ao motor.


Não sei se você sabe, mas o motor da motocicleta vibra, né?


Então tudo que passa encostado ou muito perto demais do motor vibrando pode acabar danificado por causa do atrito. 


Depois de muita abrasão, esfrega-esfrega e roça-roça o tubo de combustível não consegue mais conter a intensa pressão dentro dele e deixa escapar um jato potente, um esguicho interminável que deixa molhados o cabeçote quente e o 
escapamento esbraseado. Hummm... isso ficou muito estranho...

Gasolina aspergida óiquichiqui em cima do motor em funcionamento pode significar fogo no meio das pernas e nesse caso esse fogo ali não é uma boa. Não mesmo. 


Porque entre suas pernas estará o tanque de combustível doido de vontade pra explodir na sua cara — imaginou a cena?

É mais ou menos assim:
Imagem ilustrativa: delawareonline.com 
Parece uma indian, mas não é. A finada — que Odin a receba em seus manetes — é (era) uma honda Gold Wing. 
Aparentemente não é uma das 145.219 Gold Wings que foram chamadas para recall por risco de incêndio porque o problema afetava supostamente apenas o freio traseiro. Falarei mais sobre esse caso na postagem de sexta-feira.

Depois que uma motocicleta pega fogo é praticamente impossível impedir a perda total — ou evitar perder o controle da moto no meio da rodovia.

Você na estrada a 120 km/h, de repente o calorzinho vira um calorzão... bate o desespero de o tanque ameaçar pegar fogo, perder a moto sem seguro, você não pode pular fora por causa da velocidade...

Sua batata não só da perna assando e você não pode parar a moto de bate-pronto... ou então a moto bate e pronto. De todo jeito você tá na roça.

Como se vê, não prever que o combustível iria vazar mais cedo ou mais tarde foi um errinho bobo de engenheiros cujo trabalho é não cometer errinhos bobos.

Não prever espaço suficiente é uma contingência difícil de contornar porque isso é definido muito cedo no projeto.

Depois da autorização para tocar o projeto, os engenheiros precisam se virar para empacotar uma infinidade de sensores e cacarecos eletrônicos de última geração que até ontem não existiam.

Tudo atulhado naquele mesmo espaço apertado das motos de antigamente. E elas só tinham o carburador e mais nada.

A impossibilidade de os engenheiros anteciparem problemas como esse da indian tem uma explicação:


Na hora de projetar a moto na tela do computador o motor não vibra, não esquenta e nem pega fogo.

Tudo fica muito lindo no papel e na telinha.

Mas no mundo real o bicho pega, e pega pra valer.


Faz muita falta no mercado aquele bom professor de Projetos Industriais que 
logo no primeiro dia de aula orientava seus alunos sobre os cuidados com a dilatação térmica, a vibração e a fadiga dos componentes mecânicos... Obrigado, meus mestres!

E nem sempre é possível conciliar interesses conflitantes — o motor tem que caber naquele espaço senão será necessário alterar o quadro, o que atrasaria o lançamento, daria um baita prejuízo, deixaria os acionistas insatisfeitos, cabeças rolariam.


Problemas como esse não são inéditos na indústria de motocicletas, que o digam os proprietários de kasinski hyosung Comet e Mirage 250 e suas mangueiras de combustível...

Acontece quase a mesma coisa, mas o atrito é com o quadro a caixa de ar e a gasolina escorre por ele — que eu saiba nenhuma Comet ou Mirage pegou fogo por causa disso e a kasinski nunca fez o recall.


Você encontra os detalhes e fotos desse problema das Mirage na postagem do blog do Vinícius: Leão e Sua Moto, O Primeiro Charme de Agnes.

O assunto está bom, mas a postagem ficou muito longa, então vou continuar amanhã com os outros recalls da dafra indian que você também não ouviu falar.

Até lá e um abraço,

Jeff

12 comentários:

  1. aí! mais uma mostrando que não adianta ficar idolatrando marca. todas fazem caga**.
    Jeff, no trânsito eu vejo muitos colegas motociclistas fazendo algumas coisas que me deixam confuso...
    tipo...
    -trocar de marcha com o calcanhar: os caras acham que estão fazendo motocross? acham que isso é sinal de habilidade, que alguém liga pra isso??
    -motos esportivas com espelhos dobrados: é pra dar mais aerodinamica? adianta mesmo? compensa o arrasto do uso de calça jeans e camiseta?
    - pilotar com os pés apoiados na pedaleira do caroneiro: já vi vários fazendo isso. no ultimo me deu vontade de falar que estava errado.

    fora alguns que vivem de capacete e com o smartphone entre o capacete e a bochecha. tipo, é tão dificil vestir o capacete depois de tirar? e custa tanto parar a moto pra atender o celular?

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    1. Olá, Rafael!
      Vamos por partes:
      1- trocar de marcha com o calcanhar: os caras acham que estão fazendo motocross? acham que isso é sinal de habilidade, que alguém liga pra isso??

      Desconfio que estão fazendo isso por uma adaptação natural a uma condição que é cada vez mais comum: o câmbio duro por falta de óleo. Quando eles vão na concessionária reclamar do câmbio, os vendedores dizem que "câmbio de moto é assim mesmo". E quando o óleo está muito baixo, chega a ser necessário um tranco desses para trocar de marcha. Cheguei a fazer isso no primeiro dia que comprei a Kansas e ainda não tinha descoberto o macete do óleo.

      2- motos esportivas com espelhos dobrados: é pra dar mais aerodinâmica? adianta mesmo? compensa o arrasto do uso de calça jeans e camiseta?

      O ganho aerodinâmico é desprezível. E só é mensurável em excesso de velocidade na estrada, onde quem pilota abusando mesmo vai de macacão de couro de canguru. Quem roda de jeans e camiseta e espelhos dobrados provavelmente está só querendo passar mais fácil no corredor. Porque se faz isso pela aerodinâmica ou para dizer que não precisa usar espelhos porque ninguém o alcança, então é só bobo mesmo.

      3- pilotar com os pés apoiados na pedaleira do caroneiro: já vi vários fazendo isso. no ultimo me deu vontade de falar que estava errado.

      Na cidade isso é totalmente errado e perigoso, atrasa a frenagem por uma fração de segundo vital e prejudica o equilíbrio em uma manobra de desvio de emergência.

      Mas se você viu um cara numa Kansas laranja fazendo isso na BR-116 ou na BR-101 a caminho ou voltando de Floripa, deve ter sido um amigo eu que morou uns tempos por lá. Porque em viagens longas chega uma hora em que você precisa circular o sangue nas pernas antes de chegar à próxima parada programada...

      fora alguns que vivem de capacete e com o smartphone entre o capacete e a bochecha. tipo, é tão difícil vestir o capacete depois de tirar? e custa tanto parar a moto pra atender o celular?

      Celular e moto deviam ser proibidos de se misturar. Infelizmente muitos profissionais e semiprofissionais autônomos dependem dele para a sobrevivência. Mas é uma combinação que não dá certo. O probelma não é tirar o capacete, o problema é não precisar parar para atender o telefone.
      Tome cuidado com esse pessoal porque são um risco para todos no trânsito. E alguns deles estão usando o telefone para monitorar blitz e viaturas policiais nas redondezas. É só ligar a tv para ver como as organizações criminosas estão espalhadas pelo Brasil, e eles não estão nem aí se é proibido usar celular no trânsito.
      Um abraço,
      Jeff

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    2. Esqueci de dizer:

      Na estrada os veículos mantêm maior distância entre eles, e esse amigo meu monitora qualquer situação potencial para retornar o pé para a pedaleira muito antes de precisar frear ou mudar de marcha.

      É claro que sempre existe o risco de aparecer um bicho atravessando a estrada ou algo totalmente inesperado, como um acidente na outra pista atravessando para o meu lado.

      Mas é uma questão de avaliar o que será mais provável e perigoso, o evento inesperado que pode não acontecer ou o cansaço progressivo e inescapável da perna distraindo sua atenção o tempo todo.
      Eu de novo,
      Jeff

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    3. Respondeu bonito rs
      Um amigo meu usa a pedaleira do carona quando ta com preguiça de erguer as pernas quando voa passar por alguma parte com agua, mas ele sempre diz que só faz com completa certeza de que nao vai dar mer** cof cof

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    4. "erguer as pernas quando VOA passar por alguma parte com agua" ¯\_(ツ)_/¯
      Ta serto kkkk

      Ps:serto foi de proposito
      Ps2: o correto na frase é "quer"

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    5. Quer virou VOA?
      Foi o corretor ortográfico?
      Cuidado com ele...............
      Vai que numa dessas ele escreve coisa ainda mais diferente do pretendido... isso é um perigo!
      Se cair aqui no blog, eu publico sem dó... hehehehe....
      Um abraço,
      Jeff

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    6. Felipe tava na moto com os pés na pedaleira do carona, com espelhos dobrados a 150km/h no corredor digitando no celular, mas a culpa foi do corretor ortográfico kkkkk abraço aos motocicleteiros de plantão.

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    7. Boa, André! Motoqueiros nunca estão errados... hehehe
      Um abraço,
      Jeff

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  2. Boa noite Jeff.
    Fiquei intrigado com a mangueira de combustível das mirages.
    Nunca soube desse problema de atrito com o quadro.
    Na minha,como você pode constatar,eu coloquei um filtro de combustível da fazer bluefleX e mangueira de tecalon.
    Não constatei atrito na original nem na de tecalon.
    Esses episódios de vazamento de combustível ocorreram nas carburada ou nas injetadas?

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    1. Olá, Ernesto! Boa noite!
      Eu estou em um chat com o Vinícius, ele tem mais informações sobre esse caso do que eu, estou aguardando a resposta. Até onde sei, as mangueiras das hyosung deram problema por incompatibilidade química com o álcool da nossa gasolina e pelo atrito com o quadro. Assim que tiver o retorno eu atualizo a informação.
      Um abraço,
      Jeff

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    2. Voltei! A resposta demorou um pouco, mas aconteceu na própria moto do Vinícius, mangueira cortou por atrito com a caixa de ar. Vocês poderão conversar pessoalmente sobre isso!
      Um abraço,
      Jeff

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