Já faz um bom tempo que o leitor Darci Neto a quem agradeço pela dica e peço desculpas pela demora em responder enviou o link deste vídeo do CQC e pediu para que eu comentasse.
Reportagem: http://entretenimento.band.uol.com.br/cqc/2015/video.asp?id=15530070Comecei a postagem há meses, mas sentia que não estava pronta, faltava alguma coisa, e finalmente encontrei os outros vídeos que permitiram encadear o assunto.
Então agora posso concluir minha linha de
Eu disse outro dia que não gosto de propagandas virais.
Aquele vídeo do urso pilotando uma moto não faz referência em momento algum ao nome ducati Scrambler; zilhões de pessoas irão divulgar o vídeo porque viram um "urso" fazendo uma coisa incrível e engraçada.
Mas as pessoas que gostam de moto (= compradores potenciais) ficarão curiosas para saber que moto é aquela e acabarão pesquisando e descobrindo o fabricante.
Essa é a ideia por trás da propaganda viral, fazer divulgação fingindo que não está divulgando — o nome ducati mal aparece.
Com isso eles induzem mais e mais pessoas a reproduzirem o vídeo, e iludem o público com uma propaganda quase subliminar (que atinge o inconsciente da plateia).
Um parente próximo da propaganda viral é a "reportagem" que não passa de mero veículo para um patrocinador, sem mencionar isso em lugar algum.
E essa pseudo-reportagem do cqc é uma das mais abomináveis propagandas enrustidas de matéria jornalística que já vi.
Fosse uma denúncia a sério sobre a comercialização de capacetes de má qualidade, o "repórter" do cqc não precisaria ir na loja do fabricante da marca famosa, não precisariam mencionar a marca famosa, muito menos pisar no capacete em cima do capacho da marca famosa — bastaria denunciar e provar a suposta irregularidade e ponto final.
O que me dá engulhos é que eles abusaram da pressão para tentar mostrar que os capacetes da marca que contratou seus serviços de "jornalismo" são o suprassumo da segurança, enquanto o que se fabrica por aqui é uma armadilha mortal.
A denúncia quanto à fabricação de capacetes que não atendem normas é muito séria, realmente precisamos ter cuidado com essas imitações mortais.
Há capacetes falsificados que não oferecem proteção nenhuma e não dão chance de sobrevivência aos seus usuários.
Quer ver um vídeo viral com uma denúncia séria, sem precisar forçar a barra a serviço de um patrocinador?
É só ver este vídeo aqui:
Vídeo e postagem: http://powersports-blog.denniskirk.com/6307/motorcycle-news/beware-unsafe-motorcycle-helmets/
Como denúncia, um vídeo como este aqui cumpre muito melhor esse papel do que a matéria do cqc.
A denúncia é eficaz sem precisar se travestir de matéria jornalística nem estar ao interesse de um fabricante.
A Marushin também fabrica capacetes, mas não acredito que o autor tenha recebido algum benefício por fazer essa demonstração.
Um vídeo como esse, feito com qualquer boa marca de capacetes em comparação com uma falsificação, daria o mesmo resultado.
Acredito que a intenção do blogueiro era realmente denunciar uma ação criminosa de falsificadores — eu faria um vídeo semelhante se tivesse uma câmera e capacetes sacrificáveis.
Encontrei mais este "crash test" de capacetes feito em Uganda, comparando dois capacetes à venda no mercado local com um importado da Europa:
Em nenhum momento o autor cita a marca do capacete branco, só diz que ele tem 20 anos de idade — isso é denunciar, não fazer o que o cqc fez.
A "reportagem" do cqc forçou a barra para dizer que aquele fabricante nacional estaria no mesmo patamar dessas falsificações que rodam por aí.
Caíram do cavalo, porque você vê no vídeo que os capacetes não são a bomba terrível que eles esperavam que fossem.
Em vez de mostrar a imagem sensacional de um capacete se estourando com um impacto, como aquele destruído na marretada, eles mostraram apenas que os capacetes da marca que eles denegriram estão muito próximos do limite da aprovação — apesar do preço muito menor, fornecem um grau de proteção muito próximo ao esperado.
Não adianta um capacete resistir a esforços superiores aos que a norma determina.
Não adianta o capacete resistir ao impacto e o seu usuário quebrar o pescoço, não adianta o capacete resistir à pancada e seu usuário "sobreviver" com morte cerebral.
Não adianta nada o capacete proteger o piloto, mas estar fora do alcance da imensa maioria de seus compradores potenciais.
A forçação de barra do cqc foi execrável:
A preocupação em evidenciar a marca do patrocinador a todo momento é ridícula.
O cqc simulou imparcialidade e rigor científico, mas os testes não foram feitos de acordo com as normas, o que invalida toda a argumentação.
Para o condicionamento térmico seriam necessárias quatro horas para um capacete + quatro horas para o outro capacete = oito horas de condicionamento mais o tempo necessário para fazer os testes, certo?
Quer me enganar que o laboratório trabalhou fora do horário comercial especialmente para atender à "reportagem"? Ou a edição não mostrou os fatos na ordem em que aconteceram?
Por acaso a equipe do cqc foi ao laboratório por dois dias consecutivos para fazer os testes com o devido rigor?
Porque sem o condicionamento adequado, os resultados do teste são inválidos.
Testar um capacete usado sei lá há quanto tempo e esperar que ele seja aprovado em um teste para capacetes novos é uma distorção absurda que não prova nada, a não ser a necessidade de sua substituição periódica em poucos anos.
Não estou dizendo isso por questão de defender cegamente o produto nacional — é questão de ser justo.
A arai não precisa denegrir fabricantes honestos que fabricam capacetes honestos vendidos por preços honestos — há mercado para todos.
As vendas da arai não precisam desse tipo de apelação — seu mercado não é ameaçado pelos capacetes fabricados pela marca nacional. Pelo menos, não por aquela que eles tentaram torpedear.
Se a arai estivesse realmente preocupada de verdade com a vida dos usuários de capacetes, antes de sair por aí apelando a esse tipo de estratagema comercial que eu considero aético eles deveriam se preocupar em desenvolver uma linha de produtos com valores acessíveis.
Afinal, o preço que eles cobram por um capacete importado é simplesmente proibitivo para a imensa maioria da população brasileira.
Veja os preços de capacetes arai no Reino Unido:
Fonte: http://www.helmetcity.co.uk/categories/SHOP-BY-BRAND/Arai-Helmets/
Cotação da libra esterlina / reais igual a 1 / 5,97436 em 02/10/2015
Olha os preços no Brasil dos mesmos capacetes arai com dólar ainda com valor menos indecente:
Fonte: Pesquisa no Google Shopping
Veja o preço no Brasil dos capacetes mais populares à venda no mercado:
Donde se conclui que um único capacete arai equivale (por enquanto) a 30 capacetes nacionais.
E aí eu pergunto:
Quem é que pode se dar ao luxo de pagar 30 vezes mais por um objeto que precisará ser substituído no máximo a cada 5 anos?
Fonte: http://www.casadasviseiras.com.br/viseiras
Não dá para comparar o preço das viseiras importadas com o preço das viseiras nacionais, a comparação é ridícula.
Fonte: http://www.casadocapacete.com.br/arai,dept,1202.aspxUma única viseira de capacete importado equivale a 4 capacetes nacionais.
O marqueteiro que contratou os serviços da "equipe de reportagem" do cqc pensou que o piloto brasileiro vai passar a comprar capacetes arai por causa dessa propaganda disfarçada de matéria jornalística?
Nem que a vaca tussa.
Capacetes no Japão, EUA, Reino Unido estão em realidades de mercado muito diferentes da América Latina — salários nesses países são muito superiores ao que se paga por aqui.
Pagar 3 mil reais em um capacete para quem tem uma moto de 30 mil reais representa 10% do pacote.
Entre as motos populares, o mercado de quem compra o capacete denegrido, isso representaria mais da metade do valor da moto, em alguns casos quase 100% do valor da moto.
Me mostre um brasileiro que tenha disponibilidade de pagar mais da metade do valor da moto em um capacete e eu te mostro um brasileiro que está comprando uma moto de 30 mil reais para cima.
Promover seus capacetes à custa de denegrir a imagem de um fabricante nacional que fabrica produtos ao alcance dos brasileiros de menor poder aquisitivo utilizando uma propaganda disfarçada de reportagem...
No meu entender, e acredito que no entender de muita gente, foi algo totalmente aético, antiprofissional e indigno de uma marca respeitável.
Quanto ao cqc, isso não é nenhuma novidade.
Tome cuidado para não comprar um capacete falsificado, porque é realmente perigoso — verifique se o selo do inmetro é legítimo, para alguma coisa aquela навоз tem que servir.
Imagem: https://www.youtube.com/watch?t=148&v=9LfEFhBelTY
Na dúvida, não compre. Procure outra loja ou fornecedor confiável.
Realmente vale a pena pagar um pouco mais para ter um equipamento de segurança de melhor qualidade, mas não se pode perder o pé na realidade.
Pilote de maneira a nunca precisar testar seu capacete, é a melhor coisa que você faz.
E não caia no engodo de "reportagens" como essas.
Um abraço,
Jeff
Só quero dizer que as vezes vale a pena pagar um pouco mais num produto um pouco melhor, quando eu não conhecia nada de moto eu tinha um San Marino, nossa hoje eu digo que capacete ruim, paguei 100 reais na época por um capacete que não se encaixava direito na minha cabeça e cuja viseira risca apenas de olhar pra ela.
ResponderExcluirEntão creio que vale a pena pagar um pouco mais, por um capacete de melhor qualidade com uma viseira anti embaçante e anti risco, por um capacete mais confortável e que encaixe direito na sua cabeça.
Existe um site de um órgão que testa capacetes de várias marcas e dão uma pontuação de 0 a 5 estrelas, claro que não contempla as marcas brasileiras, mas tem capacetes de algumas marcas com um valor que eu acredito ser razoável e com boa pontuação. Esse é o site: http://sharp.direct.gov.uk/
Muito boa Jeff realmente essa tele ilusão zomba com a cara de quem vê atentando com esse tipo de MERDA de programação, que quem ve essas porras é muito burro mesmo! kkkkkkkkk
ResponderExcluirBom eu como nosso amigo Deivisson Usava essas merdas de capacetes qualquer coisa no inicio das minhas andanças de moto, e realmente inicialmente a gente não ve como aquilo é ruim... acho que no meu primeiro eu paguei 45 reais.
E então numa vez que a uns 60 por hora eu freei com tudo o feio da frente, no susto para não bater, coisa de iniciante, e, rolei por uns 10 metros, escutando o capacete bater e me salvar, e assim que levantei, ver todo o uniforme do meu trabalho estraçalhado, observando meus braços praticamente em chamas por conta do ardor do asfalto, numa queda completamente evitável com um MINIMO de cabeça fria e atenção....
Eu olhei pra mim mesmo e na primeira oportunidade eu comprei um capacete dos bons, uma jaqueta e luvas.
Neste segundo momento esse capacete simplesmente era ótimo! voce ia pra la e pra ca com aquilo sem cansaço, sem suór, sem viseira abrindo por conta do vento, sem ele se mexer na cabeça kkkkkk pow muito top!
E então num belo dia de nevoeiro quando uma criatura desvia da outra enquanto eu estava ao seu lado, levando um jogo de corpo de uma caminhonete l200 e indo direto pro canteiro central, eu observo e sinto todos aqueles equipamentos novos me protegendo!
Nem escutei o capacete batendo, muito menos senti dor alguma nesta queda...
Agora eu tinha batido contra o meio fio numa queda inevitável por conta do jogo de corpo, caido de mãos abertas no asfalto e rolei não sei quantas vezes até em cima do gramado.. levantei tranquilamente observando minhas luvas completamente sujas, tirei o capacete que estava afivelado e respirando aliviado xinguei muiito a criatura que fez o outro cara bater em mim kkkkkkkk
Dessa vez, sem nenhum arranhão, só o guidão da moto torto kkkk
Hoje em dia eu coleciono 5 capacetes, 7 luvas, 4 jaquetas e 2 balaclavas hahahahah
проститутка que o pariu, cara. Melhor propaganda que essa não existe. Acredita que ando de moto há quase 7 meses e ainda não comprei nem mesmo as luvas? Mas desse mês não passa. E no próximo, quando termino de pagar a moto, comprarei a jaqueta. kkkkkkk
ExcluirParabéns ao Spirit por narrar sua experiência com equipamentos de proteção, incentivando o uso. Aqui no RJ, até por causa do calor absurdo, é raro encontrar motociclistas protegidos. A maioria só usa capacete. É triste. Abçs.
ExcluirJosé, aqui em João Pessoa (PB) também é muito raro. Só me lembro de ter visto motociclistas bem equipados umas duas vezes, depois que comecei a prestar atenção nisso. Motoqueiros de bermuda, camiseta regata e sandálias nos pés é muito comum por aqui. Ah, e o capacete pendurado no braço, como se o cotovelo merecesse mais proteção que a cabeça. Seria cômico se não fosse trágico.
ExcluirAgradeço todos os comentários, depoimentos como o do leitor Spirit são importantes para dar uma ideia do que é a realidade de andar de moto para quem está começando. a importância dos equipamentos de segurança é fundamental.
ResponderExcluirE concordo com o que o leitor Roberto Yanaguihara comentou no facebook. É mais ou menos o que eu teria dito se isso não fosse alongar demais a postagem.
Odeio essa postura adotada por algumas pessoas que acham que ter um carro as coloca em um patamar acima dos cidadãos que andam de moto. É o mesmo preconceito que se manifesta contra os brasileiros que usam a moto a trabalho, contra os brasileiros que vieram de outros Estados, contra os brasileiros cujos ancestrais foram trazidos à força para cá, contra os brasileiros que chegaram aqui milhares de anos antes da "elite" que estudou em Coimbra, contra os brasileiros que não dispõem de grana para comprar o motão que a propaganda do cinema joga na nossa cara, e também contra os brasileiros que têm discernimento para não comprar o motão ou "carrão" a preços abusivos que a propaganda nos empurra goela abaixo, mesmo tendo grana para comprar algo melhor. Basta ser motociclista para o pessoal achar que você é um assaltante, basta parar no posto para o pessoal querer que você tire o capacete. Motociclista é julgado culpado até com prova em contrário.
Um abraço,
Jeff