quinta-feira, 6 de março de 2014

Minha moto nova está morrendo na estrada

Outra pesquisa que trouxe um leitor ao blog, essa é fácil de responder.

Vamos considerar que não seja a camada de óleo protetivo dentro do tanque de combustível, que o tanque esteja cheio com gasolina nova. Isso foi discutido aqui.

Minha primeira suspeita é que você não esteja respeitando as condições de amaciamento do motor. 

Motores zero km não podem ser exigidos a 100% de sua capacidade, eles precisam rodar um tempo (cerca de 5 mil km) na maciota para que as peças se ajustem.

É normal o motor novo trabalhar mais quente do que o normal, e se ele for muito exigido, acabará se superaquecendo. 

A alta temperatura durante o amaciamento faz o óleo evaporar mais rápido e passar com mais facilidade entre os anéis do pistão; ainda mais se for esse óleo 10W-30 inadequado para a temperatura quente do Brasil. 

Rodar com pouco óleo realimenta a tendência ao superaquecimento, o resultado poderá ser o motor novo fundido e sem direito à garantia.

Muita gente não sabe que é necessário repor o óleo consumido entre as revisões, pensa que não pode tocar no motor senão perde a garantia.

Nada a ver, você é obrigado a verificar o nível e completar o óleo entre as revisões. 

Na verdade, você precisa repor o óleo imediatamente após a revisão, porque a moto já sai da concessionária com o óleo baixo, a quantidade recomendada nunca atinge o nível ideal recomendado por eles mesmos. Veja a denúncia aqui.

Outra possibilidade:

Os mecânicos gostam de regular a moto para que fique muito econômica, isso se chama rodar com mistura pobre.

O problema da mistura pobre é que ela causa temperaturas mais elevadas dentro da câmara de combustão, daí que na estrada você exige mais do motor, ele tende a superaquecer.

A terceira possibilidade é que a embreagem esteja mal regulada e, portanto, patinando e gerando calor extra, o que contribui para o superaquecimento.

Uma última possibilidade é que o motor não esteja recebendo gasolina suficiente, e isso pode ter várias causas. 


A agulha do carburador pode estar instalada em uma posição inadequada ou o parafuso de mistura regulado muito pobre para a altitude do local onde você mora ou da estrada que você percorre.

Se você percorre uma serra nessa sua estrada, a diferença de altitude e densidade do ar pode fazer a moto ratear na estrada, um pequeno ajuste resolve isso. 

O respiro do tanque de combustível pode estar obstruído, não permitindo a entrada de ar no tanque de gasolina.

Para que a gasolina possa descer para o carburador, é preciso que o respiro do tanque esteja livre. Se estiver obstruído com cera, ou se o miolo da chave do tanque estiver cheio de graxa, o ar não terá como entrar e a gasolina não descerá, ou descerá com dificuldade.

A mangueira de gasolina pode estar dobrada, estrangulando a passagem de gasolina. Na hora que você aumenta o consumo na estrada, ela apaga por falta de combustível.

Se for uma moto com injeção eletrônica, a bomba de gasolina pode estar formando bolhas de vapor de gasolina ou estar com defeito. Esse é um defeito crônico do qual muitos proprietários reclamam nas honda XRE 300.

A bomba de gasolina não pode trabalhar descoberta, o combustível ajuda a esfriar a bomba. 

A bomba quente evapora a gasolina, e o vapor forma uma bolha na mangueira que não deixa a gasolina chegar ao injetor.


Como o brasileiro gosta de rodar com o tanque quase vazio e nunca lê o manual do proprietário, as bombas das motos com injeção vivem dando problema e queimando.

Os mecânicos troca-peças de concessionárias não localizam o defeito, porque o problema está no mau hábito do proprietário da moto, encaminham solicitação de garantia para a bomba e o dono fica semanas a pé, xingando o fabricante. 

Aí a concessionária troca a bomba e o problema não é coberto pela garantia... dor no bolso do proprietário.

Um abraço, e boa sorte,

Jeff

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