Reportagem: https://g1.globo.com/go/goias/transito/noticia/2020/02/11/motociclista-morre-apos-acidente-de-transito-no-setor-bueno-em-goiania.ghtml
Segundo a reportagem do G1, a moto bateu contra a traseira de um carro que parou para um pedestre passar, apesar de o semáforo estar aberto para carros e motos.
E numa atitude rara, as autoridades de trânsito admitiram que o acidente pode ter sido causado pela sinalização confusa no local, com duas faixas de pedestres em um intervalo de 10 metros.
Na verdade, a situação é ainda pior, são três faixas de pedestres em menos de 50 metros:
Imagem: Google Maps
A primeira faixa fica antes do cruzamento da avenida T-9 com a rua T-30, e o semáforo fica posicionado lá na frente, depois do cruzamento e da segunda faixa.
Essas duas faixas têm semáforos para pedestres sincronizados com o semáforo principal do cruzamento.
A terceira faixa, aquela que não deveria existir, está 10 metros à frente, não possui semáforo para pedestres, e foi onde ocorreu o acidente.
Por que ela está lá?
Para atender ao fluxo relativamente grande de pessoas que se dirige à emissora de TV e se recusa a caminhar 10 metros a mais para atravessar a avenida na faixa do cruzamento porque... pedestres são e continuarão sendo pedestres.
Foi nessa faixa redundante que a motorista parou para a passagem de alguém.
Culpada a motorista?
Não.
O pedestre pode ter atravessado distraído, podia estar falando ao celular (muito comum), pode ter ameaçado atravessar correndo para bater cartão, pegar o ônibus... há mil motivos para a motorista decidir parar o carro naquela faixa de segurança.
O principal motivo:
Motoristas (e motociclistas) são obrigados a respeitar a faixa de pedestres.
Quem atropela alguém na faixa acaba arcando com a indenização por danos físicos e morais com agravante de não prestar a devida atenção à sinalização local — e também acaba arcando com o pagamento dos honorários do advogado da vítima.
Seria diferente se o pedestre estivesse fora da faixa — nessa situação, mesmo que a moto estivesse andando no corredor com o trânsito parado, o pedestre seria responsabilizado por contrariar o artigo 69 do Código de Trânsito Brasileiro: culpa exclusiva da vítima. Fonte: https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=ATROPELAMENTO+DE+PEDESTRE+NA+TRAVESSIA+DE+FAIXA
Mas note que a vítima somente seria responsabilizada se a moto estivesse em velocidade compatível com as condições no momento — passar que nem doido pelo corredor cai naquela área cinzenta e aí a sentença dependerá da interpretação do juiz, muito possivelmente o motociclista será responsabilizado.
Como o acidente da T-9 poderia ter sido evitado?
Três fatores, o primeiro e o principal deles:
1) Foco na pilotagem. Foco exclusivamente na pilotagem.
Testemunhas afirmam que o motociclista cumprimentou outro motoboy no cruzamento.
Essa distração por uma fração de segundo ao buzinar para um amigo fez toda a diferença.
O que poderia ter ficado somente em uma freada brusca, uma desviada de emergência, eventualmente até uma colisão leve, acabou resultando em um acidente fatal — totalmente evitável se o foco do piloto estivesse voltado exclusivamente para o trânsito.
Já postei este vídeo em uma postagem antiga, mas ele ilustra tão bem um acidente deste tipo que vou repeti-lo aqui, olhada lateral e acidente aos 1:13:
Esse acidente do vídeo só não foi fatal porque a motinha não estava na mesma velocidade que aquela outra que fez a ultrapassagem logo antes do acidente.
Então aí entra o segundo fator que poderia ter salvado uma vida:
2) Manter-se dentro de limites de velocidade razoáveis.
Para quem trabalha com a moto, não há caixinha extra que compense um único acidente, não se mate para fazer mais uma ou duas entregas por dia, o risco não compensa.
E não tenho a informação, mas um terceiro fator pode (ou não) ter influenciado o desfecho do acidente da T-9:
3) Capacete firmemente afivelado.
Motoboys costumam rodar com o capacete desafivelado ou frouxo para facilitar o trabalho — desafivelar e prender novamente o capacete rouba alguns segundos a cada entrega...
Mas o capacete é a última barreira entre seu cérebro e o asfalto ou a traseira de um carro — na hora do acidente, o capacete mal afivelado é a primeira coisa que voa e não dá tempo de fazer mais nada.
Capacete voou, você já era.
Então sempre considere esses 3 pontos quando for sair com sua moto, seja a trabalho, seja a passeio.
Um abraço aos leitores, e meus sentimentos à família do motociclista de Goiânia,
Jeff
Bom dia Jeff.
ResponderExcluirSe possível, faça uma matéria sobre o seu sumiço da internet social. Aqui é o José Carlos Aires da cidade do Rio de Janeiro.
Abração e que Deus sempre te abençoe.
Olá, José Carlos! Mais de 2 anos, né? Deixei todo mundo preocupado... foi maus.
ExcluirSobre o sumiço da internet social, bom, eu não sou muito social... dê uma conferida na resposta anterior.
Obrigado, e um forte abraço,
Jeff
Olá, PATO!
ResponderExcluirDe fato, estive em outra dimensão, mas por aqui mesmo... viajei no tempo por milhões de anos na minha pesquisa. Sobre canal no youtube, não tenho como filmar, a câmarazinha mixuruca que comprei veio com um suporte que não dá para fixar no guidão e minha voz de taquara rachada nem eu gosto de ouvir. No facebook eu criei uma página e me expulsaram no primeiro dia, fiz uma postagem sobre isso chamada Adios, facebook. E no whatsapp, cara, não uso celular porque trabalho em casa e a linha fixa é mais prática. Além disso, quase sempre que encontro os amigos é como se eu não estivesse lá, todos ficam no whatsapp comentando com os outros amigos o que está acontecendo... e eu lá sendo filmado com a maior cara de bobo.
Obrigado e um abraço,
Jeff