A moto parou no meio do nada porque não gerava faísca na vela.
O pessoal recorreu à arte do improviso para fazer um teste prático usando outra moto para descobrir que o alternador não estava gerando energia.
Abriram e descobriram que o problema era uma chaveta quebrada (uma das peças mais baratas de uma moto).
A chaveta é um pedacinho de aço que serve de peça de união encaixada entre o eixo do virabrequim e o rotor magnético do alternador, e pode vir em vários formatos e tamanhos.
Imagem: http://www.chavetasecia.com.br/
O giro do rotor magnético em frente às bobinas fixas gera energia elétrica que depois é retificada, regulada e enviada para a bateria e para a bobina e vela de ignição.
Sem chaveta, o motor funciona enquanto houver energia da bateria, mas o movimento não é transmitido para o alternador.
Sem girar, ele não repõe a energia elétrica consumida.
Assim que a energia da bateria enfraquece a ponto de não gerar uma faísca capaz de incendiar o combustível, o motor para de funcionar.
Sem faísca, adeus giro do motor, bye bye passeio, hello
No mato sem cachorro, eles improvisaram uma nova chaveta com um teco de metal e resolveram o problema para conseguir chegar em casa... parabéns pela criatividade!
Agora o que assusta é a chaveta ter quebrado em uma moto nova como a Himalayan, lançamento do ano passado, a moto mais nova da família da royal enfield lá na Índia.
Tudo nela é totalmente novo em relação às suas parentes, inclusive motor e chassi:
Imagem: https://royalenfield.com/motorcycles/himalayan/bike/
Só há duas explicações:
Um erro de dimensionamento da chaveta — que não aguentou um tranco mais forte (mas previsível em uma moto de uso todo terreno), ou então ela foi feita de material inadequado para o seu trabalho.
De qualquer forma, responsabilidade da fabricante.
Ela deveria ter testado suficientemente a moto e melhorar seu processo de controle de qualidade até mesmo das peças mais baratas para evitar que os
Ando acompanhando com interesse as notícias sobre esse modelo novo da royal que acredito que chegará ao Brasil no ano que vem.
De toda a linha das enfield, foi a moto que mais chamou a minha atenção.
Ela está tendo alguns problemas pós-parto bastante sérios, que estão sendo bastante amplificados com megafone pela concorrência local. Até me fez lembrar o lançamento da Kansas.
Mas o que é problema real precisa ser consertado, e as atitudes tomadas pela fabricante — ou não — definirão o sucesso dessa moto. Ou não.
Estou de olho e em breve trarei mais novidades sobre o que estou descobrindo a respeito da Lala, ops, da Himalayan. Xi, dei nome... agora f@deu.
Um abraço,
Jeff
Que estranho esse volante se soltar, eu apostaria em falta de torque no parafuso e fixação dele ao eixo do virabrequim ou peça fora das dimensões para o projeto (erro de usinagem). A ponta do eixo do virabrequim onde se aloja o volante é cônico e a chaveta nesse caso serve mais como referência de montagem (para a referência do CDI/ECU) do que elemento de fixação.
ResponderExcluirUm abraço!
Dan.
Olá, Daniel!
ExcluirSó agora vi o seu comentário, postagens de admin não passam por mim. Ih, rimou.
Uma falta de aperto do volante realmente pode ser uma causa mais provável para o rompimento da chaveta por cisalhamento do que uma falta de dimensionamento.
É que quando escrevi esta postagem eu já estava com a cabeça no problema de qualidade do aço, que resultou na postagem de hoje.
Um abraço, e obrigado pela contribuição,
Jeff
No vídeo o rapaz remove o volante apenas com as mãos após remover a porca de fixação do volante ao eixo, isso mostra que a peça não estava devidamente presa. Para remover esses volante precisa de um extrator para removê-lo do cone do eixo.
ResponderExcluirUm abraço!
Dan
Isso pode apontar para um erro de usinagem, o volante pode ter chegado ao assento no eixo antes das áreas cônicas. Aí a porca do volante não faz efeito para a fixação. De qualquer forma, um problema de execução.
ExcluirDuas cabeças sempre pensam melhor do que uma.
Deveríamos fazer mais brainstorms. De preferência lá na velha padoca.
Um abraço,
Jeff
Faz falta os bate papos lá na padoca!
ExcluirUm abraço!
Dan
Me pareceu que o pedaço de metal foi retirado de um canto da placa traseira, também me pareceu que a placa traseira é confeccionada com um material resistente e rígido. As nossas placas são de alumínio, finas e quebram a tôa.
ResponderExcluirAgora...o cara foi ninja e admirável, resolvendo um problema difícil em um ambiente nada favorável.
Olá, José Carlos!
ExcluirFoi da placa sim, e eu não recomendaria improvisar com o material das nossas placas ridiculamente fracas daqui do Brasil... será que alguém pensaria em fazer isso?
Acho que não, todo mundo sabe que nossas placas não aguentariam nem um sopro mal encarado...
Pois é, resolver essas paradas sempre foi uma tradição entre os motociclistas... motos ensinaram Mecânica para gerações e gerações.
Agora o pessoal anda muito resignado a recorrer à concessionária e à garantia... já pensou ir daqui até o Atacama contando com as concessionárias no caminho?
Quando fomos até Foz do Iguaçu a concessionária local não tinha a mola do pedal do freio que caiu em Botucatu... sobrou improvisar com frufru até chegar lá.
E depois, como não teria a mola original, restou usar uma mola de cavalete.
Ficou melhor que original.
Improvisos feitos com conhecimento de mecânica não são gambiarras, são soluções técnicas emergenciais. :P
Um abraço,
Jeff
Otmo post jeff!! Me fez lembrar uma materia que li ontem, que não necessariamente tem a ver com a Royal ai, mas que afeta motociclistas de outras marcas https://quatrorodas.abril.com.br/noticias/falsificacao-de-aco-poe-em-xeque-seguranca-de-automoveis/
ResponderExcluirAs fraudes andam constantes!!
Olá, Danilo!
ExcluirCoincidentemente, hoje eu terminei a segunda postagem sobre a Himalayan e o foco é justamente o problema da qualidade do aço, e o escândalo da Kobe Steel é mencionado.
Eles falsificaram dados, e suspeito que um dos principais motivos para isso foi a impossibilidade de chegar aos padrões exigidos partindo de uma matéria prima altamente contaminada provinda da reciclagem.
No caso do aço usado nas motos indianas, com base nas fotos dos quadros quebrados, eu acredito que o problema maior esteja no uso de material reciclado e contaminado.
Lá eu aprofundo um pouco a explicação metalúrgica de como isso acontece.
Um abraço,
Jeff
Parabéns mais uma vez pelo seu trabalho, mas uma bela postagem, Jeff eu não sei se vc já viu esse video https://www.youtube.com/watch?v=MwvU1rcrQtc bateu a curiosidade de saber por que tantos tombos na mesma curva, é falta de experiência dos pilotos ou é a curva que é traiçoeira mesmo.
ResponderExcluirOlá, Torres!
ExcluirÉ uma mistura das duas coisas.
Aquela estrada é a Mullholand Drive, nos subúrbios de Los Angeles.
Por ser uma estrada em região de serra ela possui muitas curvas fechadas, e uma coisa que o pessoal acostumado com freeways largas e de curvas amplas não sabe fazer é enfrentar curvas fechadas que se fecham ainda mais no meio da curva.
Daí muita gente entra nelas em uma velocidade acima da que é segura sem contar com a possibilidade de a curva mudar de raio e acaba aparecendo nos vídeos do RNickeyMouse... além de comprar um terreno com linda vista da cidade.
Um abraço,
Jeff
Boa noite! O motor apagou por que saiu fora de ponto pela quebra da chaveta e não por falta de carga na bateria! abs
ResponderExcluirOlá, Antonio!
ExcluirPosso estar errado, mas o comando de válvulas das royal (exceto a Himalayan) está localizado no bloco e o sincronismo é garantido por engrenagens.
Elas são instaladas antes do volante e portanto da chaveta quebrada, assim o volante não influi sobre o sincronismo do comando, nem do ponto de ignição.
Quem determina o momento da faísca é a central eletrônica baseada no sinal enviado pelo sensor do virabrequim, uma roda de pulsos também instalada antes do volante, junto da engrenagem do comando.
A marca de ponto no volante serve apenas para conferir o sincronismo da faísca, e não para determiná-lo.
Um abraço,
Jeff