segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Quando a vida imita muito mal as artes

Irmãos Metralha reclamando de ir para a cadeia por motivo absurdo:
Imagem traduzida de http://tiahblog.blogspot.com.br/2016/01/

Será essa a nossa realidade no Brasil em 2018?
Imagem e reportagem: https://g1.globo.com/carros/noticia/pedestres-e-ciclistas-poderao-ser-multados-a-partir-de-2018.ghtml

A novidade é que agora estão querendo multar os pedestres que atravessarem a rua fora da faixa, e também os ciclistas abusados... (beem... hummm...)

Como é previsível, será uma multa muito difícil de ser cobrada, já que depende de a infração ser comprovada e também de o infrator ser identificado.

Como farão a identificação? Pedindo os documentos?

E se o pedestre se negar a fornecer o RG por não querer produzir uma prova contra si mesmo, como garante a Constituição?

Irão colocar o pedestre contra a parede, revistando e conferindo os documentos?

Já vi esse filme... e não gostei.
Imagem: http://elinorflorence.com/blog/if-day-ww2-winnipeg

Não, não foi na Europa de 1940. 

Foi aqui mesmo no Brasil nos anos 1970. 

Bastava ter cabelo comprido (naquela época eu tinha, e era comprido) e você era parado e revistado pelas otoridades. Ter cabelo comprido era coisa de subversivo e maconheiro. Mais ou menos o que fazem com os motociclistas hoje. Tá de moto, é ladrão até prova em contrário. Otoridades não gostam de quem destoa da manada. Otoridades não gostam de quem contesta a autoridade de quem não tem, e se valem da truculência para impor seu ponto de vista. Tanto à esquerda quanto à direita.

E mesmo que identifiquem o 'infrator', como as otoridades cobrarão essa multa?

Mandando pra cadeia quem se recusar a pagar?

Impedindo de receber a aposentadoria quem tiver multas em aberto?

Foi a esse governo policialesco, opressor, escorchante e "democrático" a quem delegamos o poder de nos representar via voto?

A quem esses governantes representam, além de eles mesmos?

Não me entenda mal, o caos no trânsito precisa ser combatido — pedestres e ciclistas desatentos colocam suas vidas em perigo, e também as nossas.

Como motociclistas, somos tão vulneráveis quanto pedestres e ciclistas, e frequentemente eles nos envolvem em situações perigosas.
Imagem e reportagem: http://www.obemdito.com.br/regiao/moto-atinge-pedestre-e-e-colhida-por-picape-dois-morrem/13565/

Bom, nós também volta e meia não fazemos nossa parte...
Imagem e reportagem: https://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/motociclista-e-pedestre-morrem-apos-atropelamento-em-frente-ao-palacio-do-planalto.ghtml

Mas o caminho para solucionar o problema não está em multar alguém que nunca foi ensinado a atravessar uma rua, alguém que nunca aprendeu sobre os perigos do trânsito...

Alguém não habilitado a ser um pedestre.

Se o trânsito não for ensinado nas escolas, não será multando e oprimindo nosso povo que teremos um trânsito mais seguro.

Chega dessa palhaçada de querer arrancar dinheiro do povo de todo jeito!

Qual será o próximo passo?

Tatuar RG e CPF no braço dos cidadãos?
Ê ô ô vida de gado... povo marcado, ê... povo feliz...

Colocar chip no povo?

Monitorar nossos celulares?

Nos obrigar a usar roupas com números?

E não falo dos números das camisetas dos Irmãos Metralha, mas de algo muito mais sinistro de 80 anos atrás.

Algo tão velho que poucas pessoas estão vivas para lembrar o que não pode ser esquecido jamais...
Imagem: https://en.wikipedia.org/wiki/Identification_in_Nazi_camps

Conhecer a História serve para não deixar repetir os erros do passado.

Pode parecer exagerado comparar esse excesso de interferência do governo na vida das pessoas com o que aconteceu na Europa nazista.

Mas ninguém percebeu o que ocorria na Alemanha até ser tarde demais.

Se cedermos, permitiremos que o governo se torne (ainda mais) uma máquina gigantesca que age impune e sem fiscalização, impondo o que bem entende a todos nós.

Um governo que desrespeitará nossos direitos mais básicos — como o direito sagrado de ir e vir, o direito de nos associarmos em paz e com liberdade, o direito de recusar injustiças.

Se cedermos a tudo, seremos sufocados e transformados em meros autômatos pagadores de impostos.
Imagem: Pink Floyd, The Wall  Paradoxal, né? Usar um vídeo criticando o ensino para falar sobre a necessidade de Educação. 
É que não se trata de robotizar o povo, mas de conscientizá-lo para que vivam uma vida melhor. Ou pelo menos, mais longa.

Autômatos pagadores de impostos e multas que trabalham a vida toda por um salário indigno.

E que não recebem de volta nada que valha alguma coisa — como Educação, Saúde, Segurança, Justiça, Aposentadoria Digna, Malha Viária Decente e Trânsito Seguro.

Apenas corrupção.

Um abraço,
Jefferson

11 comentários:

  1. Que merda véi
    Quanto a indústria de multas. Outro dia levaram a moto do cara, pq a bolinha do manete tava quebrada. Absurdo

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    1. Olá, Leandro!

      Essa bolinha é um item de segurança, pode ser suficiente para perder o controle da moto em uma frenagem de emergência.

      Mas é motivo para levar a moto para o pátio? Não haveria outra maneira de resolver isso que não obrigasse o cidadão a arcar com altos custos para a liberação do veículo, perdendo um tempo que ninguém tem e horas de serviço que farão falta no fim do mês?

      Certamente, mas ninguém está nem aí.

      Prevalece a lógica do "estamos apenas cumprindo ordens".

      Por um lado, evita o "jeitinho", um grande mal neste ainda nosso Brasil — o pessoal dá jeitinho até em apartamento lacrado usado para esconder dinheiro ganho de maneira ilícita e fica tudo por isso mesmo.

      Ladrão de galinha vai para a cadeia, mas vampiros da máquina pública fazem festa no country club.

      Um abraço,
      Jeff

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  2. Olá Jeff.
    Felizmente foram criadas formas de sobreviver sem utilizar todo o sistema financeiro atual que nos escraviza e garante a perpetuação do poder estatal. Essa liberdade de utilizar outro sistema, dentro de alguns anos, forçará a redução do governo e não seremos mais dependentes desse sistema financeiro que nos aprisiona (através do bloqueio de contas).
    Viva o bitcoin e suas moedas concorrentes :).
    Abraços

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    1. Olá, Daniel!

      Tenho a impressão de que essa revolução ainda vai levar muito tempo para ser universal.

      Pelo menos, até chegar a mim.

      Terei pesadelos orwellianos esta noite...

      Um abraço,
      Jeff

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    2. Jeff, faz um tempo que queria ter perguntar uma coisa mas acabo esquecendo sempre e me lembrei agora.

      Se vc tivesse uma moto 0 Km flex, abasteceria com etanol ou gasenol (gasolina + 27% de etanol)? O etanol me parece uma opção mais interessante, afinal, na teoria, não contem mistura e a moto está preparada pra aguentar as agressividades corrosivas do etanol.

      Outra dúvida é. Sem uma conclusão lógica, tenho a intenção de pegar uma moto 0 km e fazer a primeira troca de óleo aos 100 Km sem trocar o filtro. A opção por não trocar é só pq a troca foi feita bem cedo mesmo. Besteira ou vale o teste? Minha intenção é ficar com a moto até ter que fazer o motor.

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    3. Bom dia, Daniel!

      Apaguei cedo ontem...

      O grande problema do etanol é que, por ser menos energético que a gasolina, nas condições originais de funcionamento do motor ele gera menos potência.

      Para compensar isso e fazer o etanol queimar bem, precisa de uma compressão mais elevada do motor.

      Motores flex e motores a álcool trabalham com taxas de compressão mais altas do que os antigos motores exclusivamente a gasolina.

      Mas se a compressão for elevada o suficiente para uma ótima queima do álcool, a gasolina começará a queimar por efeito diesel:

      A explosão começará antes da faísca, enquanto o pistão ainda estiver subindo, causando a famosa "batida de pino".

      Batida de pino é algo capaz de destruir o motor em poucos minutos.

      Então os motores flex adotam uma compressão intermediária, nem ideal para queimar a gasolina, nem ideal para queimar o álcool.

      Há relatos de motores exclusivamente a álcool que duraram muito, já que o etanol é menos contaminante e agressivo para o óleo do motor.

      Mas tive oportunidade de dirigir carro a álcool nos anos 80, e no inverno a partida era um inferno.

      Se com 4 cilindros empurrando já era difícil fazer o carro andar, imagina uma moto que depende de um único cilindro...

      O que eu gostaria mesmo era de poder rodar exclusivamente com gasolina 100% pura, no máximo 10% de álcool.

      Quando a gasolina passou a ter somente 10% de etanol, a gente já notava a sensível queda de rendimento do motor.

      Agora que tem 27,5%, percebo que naquela época eu era feliz e não sabia.

      Sobre trocar apenas óleo e não trocar o filtro, não percebo benefício.

      Com apenas 100 km, o óleo ainda não se contaminou ou deteriorou o suficiente, e a troca do filtro é importante para eliminar sujeiras normais do processo de fabricação, ainda mais em motos chinesas.

      Uma vez abri um motor para fazer um manual de uma montadora hoje falida, e mecanicamente o motor era muito bonito e bem acabado, mas a tela do filtro tinha até fio de estopa...

      Já vi recomendações para a troca do óleo com apenas 100 km associadas a procedimentos de amaciamento severo, quando você força o motor ao máximo para assegurar alguns benefícios para o motor, por exemplo, eliminar a vibração crônica do motor das royal enfield.

      Nesse caso o óleo precisa ser trocado muito rápido porque fica muito contaminado mesmo.

      O problema é que o pessoal garante que o procedimento minimiza a vibração, mas ninguém informa sobre a muito possível redução da vida útil do motor...

      Um abraço,
      Jeff

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    4. Obrigado pela resposta :)

      Então basicamente se a perda de potência não for um problema e o custo em rodar no etanol foi similar ao da gasolina, vale a pena.
      Atualmente com as injeções eletrônicas a partida não será um problema, acredito eu. Já dirigi um carro flex e o que sentia era um motor mais duro quando frio, mas após o aquecimento ficava igual gasolina.

      Me convenceu de que 100 km é pouco. Que tal uns 700?

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    5. Olá, Daniel!

      Fiz a primeira troca da Edith com 500 km, da concessionária em Americana - SP até Curitiba.

      O óleo estava bem limpo, assim como o filtro.

      Mas a Edith tinha arrefecimento líquido, o óleo sofre menos do que numa moto a ar porque a temperatura fica limitada perto dos 100°C.

      O que me motivou a antecipar a troca foi principalmente o fato de terem abastecido a moto com um óleo que eu não gosto, e isso estava me incomodando a viagem inteira.

      E eu não estava fazendo exatamente o amaciamento recomendado, já fomos de cara para a estrada, você não consegue rodar devagar numa BR, é até perigoso com tantos caminhões pesados.

      Um abraço,
      Jeff

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  3. Jeff, infelizmente todos acabam pagando pela má educação de alguns.
    Eu sempre tenho muito cuidado no transito, pois sempre surge um pedestre costurando entre os veiculos, mesmo com faixas proximas...

    Alias, estava pensando comigo mesmo, lembra das aulas de ensino religioso no colégio? Poderiam substituir por reforço em outras disciplinas e por 'educação de trânsito'. Mas isso não é importante, né? hehehe
    Abraço!

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    1. Educação de trânsito é fundamental.

      Milhares de vidas seriam poupadas, dez vezes mais internações hospitalares na ala de ortopedia seriam evitadas.

      Melhoria a taxa de ocupação de leitos e todos os brasileiros seriam beneficiados com melhor atendimento médico, já que haveria mais leitos e médicos disponíveis para atendimento de urgência.

      Mas o pessoal prefere investir na melhoria da vida no Além, e não nesta aqui... bizarro.

      Um abraço,
      Jeff

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    2. Ops!

      melhoria = melhoraria

      Eu de novo,
      Fui!

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