Problemas que chamaram minha atenção pela sua similaridade com os ocorridos no lançamento da dafra Kansas — chassi se partindo ao meio.
Para começar, o que é a Himalayan?
É uma moto lançada em 2016 na Índia pela royal enfield, cuja marca chegou ao Brasil este ano, mas ainda não trouxe esse modelo para cá.
Ela faz parte de uma tendência "nova" no mercado, motos 'aventureiras' com chassi reforçado que encaram sem medo estradas muito ruins.
Qual a novidade nisso?
Ela faz parte de uma tendência "nova" no mercado, motos 'aventureiras' com chassi reforçado que encaram sem medo estradas muito ruins.
Qual a novidade nisso?
Basicamente, a Himalayan compete na faixa de uso, potência e mercado de uma honda Falcon — motor monocilíndrico de 400 cm3.
Mas o que distingue a Himalayan é o projeto robusto e sem frescura, com protetores de motor e de tanque feitos de aço em vez de abas de plástico, e a preparação para receber acessórios úteis em viagens prolongadas:
Sim, são dois galõezinhos de combustível adicionais, um de cada lado do tanque. Não usaria nunca, não sou doido de cair em cima de um coquetel molotov.
Tudo nela (menos os galõezinhos adicionais) foi pensado para enfrentar tombos, e não para vender peças a cada queda.
Notou o farol?
Imagem e site oficial: https://royalenfield.com/motorcycles/himalayan/
É fixado no protetor de tanque e não na suspensão dianteira.
Isso quer dizer que na hora em que você (não eu) cair aquele tombo besta, não precisará trocar o farol inteiro nem o caro aro cromado ralado não encontrável na concessionária que até hoje passados cinco anos você olha e lamenta.
Ela tem grande distância livre do solo, muito útil para atravessar riachos...
... e não entalar a moto no barranco lá no riozinho da praia dos Castelhanos (não que isso tenha acontecido comigo).
Postei esse vídeo por brincadeira, porque uma travessiazinha dessas você faz até com uma Kansas, se mantiver o motor acelerado para não deixar entrar água no escapamento e controlar a embreagem para não deixar o motor morrer...
A única dificuldade da Kansas será enfrentar o barranco na saída do riozinho da praia dos Castelhanos por causa da pequena altura livre do solo, aí ela fica entalada e você e sua moto (não eu nem a Jezebel) caem dentro da água. Aquele meu amigo teve muita sorte naquele dia de não entrar água no motor. E não ter ninguém filmando.
Ou seja, para motociclistas com esse meu perfil, é um pacote interessante e vendido basicamente pelo mesmo preço de uma Falcon, se não menos:
O preço da Himalayan lá na Índia é a partir de 1,55 lakhs, ou 155.000 rúpias, o que dá exatos 7.735 reais brasileiros... com nossa carga de impostos mais LVB (Lucro Vampiro Brasil), chegará por aqui perto do preço da Falcon.
Mas os problemas ocorridos desde o lançamento da Himalayan foram muito sérios — diversos casos de quebra de chassi, algo extremamente grave:
Imagem e reportagem: https://www.rushlane.com/royal-enfield-himalayan-quality-reliability-12237993.html
A seriedade dessas denúncias precisa ser considerada com cuidado, porque tem proprietário que acha absurdo (e até faz vídeo reclamando) a moto quebrar ao passar por obstáculos como este:
Imagem: Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=CHrAH488_EU aos 5:08
Resta saber se ele passou realmente pelo meio da trilha, ou se — como eu suspeito — errou a manobra e enfiou a moto de cara na pior parte do valetão.
Fala sério, ninguém faz um estrago desses se não trombar de frente com uma parede vertical:
Imagem: Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=CHrAH488_EU
Como a Himalayan vendeu muito bem inicialmente, a concorrência local está empenhada em divulgar casos como esse aos quatro ventos para derrubar a imagem da moto e da empresa.
Não que a royal também não tenha os seus pecados...
Mas neste caso, não seria a primeira vez que alguém destrói a moto por inabilidade e depois tenta recuperar o prejuízo tentando botar a culpa na fabricante.
Ou faz isso intencionalmente visando queimar a concorrência.
No começo eu acreditava que era isso que acontecia com as Kansas, mas o tempo provou que eu estava errado.
Todos os outros casos registrados merecem ser analisados em profundidade, porque parecem apontar para problemas realmente sérios em toda a cadeia de produção:
Imagem e reportagem: https://www.rushlane.com/royal-enfield-himalayan-quality-reliability-12237993.html
A segunda foto mostra uma fratura preocupante.
O material visivelmente sofreu um esforço bastante superior ao que conseguia suportar.
Se for a mesma moto, esse esforço maior pode ter sido consequência do descolamento da solda MIG.
Sem o reforço da longarina principal, a secundária simplesmente não resistiu e se rompeu.
No entanto, a granulosidade do aço na fissura mostra o que é conhecido pelos técnicos e tecnólogos de soldagem como "fratura frágil".
Fraturas frágeis acontecem em material com teor de carbono elevado, e os quadros de nossas motos não podem ser fabricados com aço de alto teor de carbono.
Quanto mais elevado o teor de carbono, mais resistente mecanicamente será o aço, mas também mais frágil e quebradiço.
Um quadro frágil e quebradiço é tudo que não queremos em uma moto.
Em uma condição extrema, é melhor ter um quadro empenado do que uma motocicleta partida ao meio.
Há outro indício de que esse aço tem excesso de carbono:
A ruptura ocorreu no limite da zona afetada pelo calor da solda.
Quando você faz uma soldagem, a vizinhança do cordão de solda se avermelha e esfria mais rápido do que o próprio cordão fundido.
Imagem: http://www.hotrod.com/articles/1112phr-tig-weld-like-a-pro/ Imagem meramente ilustrativa da zona afetada pelo calor. Esse material é aço inoxidável, não suscetível à têmpera. Pelo menos, não à têmpera nos mesmos moldes que o aço comum, os fenômenos aqui são outros.
Aquecimento elevado e esfriamento rápido são a base do processo de têmpera do aço.
Têmpera é um processo que torna o aço ainda mais duro e, portanto, ainda mais frágil e quebradiço.
Um aço de alto teor de carbono será temperado e poderá trincar no limite da região afetada pelo calor (região mais escura na foto), onde o resfriamento aconteceu mais rápido.
Um aço de carbono elevado acaba sofrendo têmpera na zona afetada pelo calor, e é por isso que as soldas geralmente nunca quebram, mas sim as áreas vizinhas a ela.
Um aço com teor mais elevado de carbono somente será útil para um chassi de motocicleta se ele receber a adição de outros elementos que estabilizem essa tendência de temperar facilmente, como o molibdênio.
A desgraça é que os engenheiros aproveitam que agora o aço com molibdênio resolve o problema da soldagem e é mais resistente, mas como esse elemento de liga é mais caro, passam a usar aço mais fino com a desculpa de tornar a moto mais leve...
Aí bastam variações mínimas nos teores (mínimas mesmo, na casa dos centésimos porcentuais) para o material deixar de atender ao que se espera dele...
Imagem e depoimento: Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=y3hTqbih3Do
Esta outra foto mostra o metal da bandeja fraturado em vários locais, como se tivesse sido corroído.
Não parece uma chapa de aço nova, mas sim um material velho com muitos anos de corrosão.
Posso estar enganado, mas me parece o sintoma de aço com alto teor de contaminantes, principalmente enxofre e fósforo.
Fósforo e enxofre têm o dom de se enfiarem entre os cristais que formam o aço, e têm extrema afinidade com água.
Enxofre + umidade = ácido sulfúrico
Fósforo + umidade = ácido fosfórico
São ácidos que geram corrosão entre os grãos cristalinos do aço, e o resultado é esse aí da foto...
São problemas metalúrgicos e de execução que não são exclusividade de uma única fabricante, mas que podem aparecer em qualquer moto de qualquer marca.
Problemas estruturais de produção que surgem nas usinas siderúrgicas, durante a produção do aço, e que são extremamente difíceis de resolver.
Lembra de como os carros nacionais apodreciam de um ano para outro nos anos 70 e 80?
Imagem e reportagem: https://quatrorodas.abril.com.br/noticias/dez-coisas-dos-velhos-tempos-que-nao-eram-nada-boas/
Carros com 30 mil km já mostravam rombos de chapa podre ainda durante os testes de quilometragem da revista 4 Rodas.
O material já saía contaminado e mal refinado da siderúrgica, e resolver isso não estava ao alcance das montadoras.
E o que acontecia no Brasil nos anos 70 e 80 agora periga acontecer em escala mundial até mesmo nos países que sempre se pautaram pelos elevados padrões de qualidade:
Imagem e reportagem: http://money.cnn.com/2017/10/24/news/economy/japan-inc-scandals-kobe-steel/index.html
Tudo nela (menos os galõezinhos adicionais) foi pensado para enfrentar tombos, e não para vender peças a cada queda.
Notou o farol?
Imagem e site oficial: https://royalenfield.com/motorcycles/himalayan/
Isso quer dizer que na hora em que você (não eu) cair aquele tombo besta, não precisará trocar o farol inteiro nem o caro aro cromado ralado não encontrável na concessionária que até hoje passados cinco anos você olha e lamenta.
Ela tem grande distância livre do solo, muito útil para atravessar riachos...
... e não entalar a moto no barranco lá no riozinho da praia dos Castelhanos (não que isso tenha acontecido comigo).
Postei esse vídeo por brincadeira, porque uma travessiazinha dessas você faz até com uma Kansas, se mantiver o motor acelerado para não deixar entrar água no escapamento e controlar a embreagem para não deixar o motor morrer...
A única dificuldade da Kansas será enfrentar o barranco na saída do riozinho da praia dos Castelhanos por causa da pequena altura livre do solo, aí ela fica entalada e você e sua moto (não eu nem a Jezebel) caem dentro da água. Aquele meu amigo teve muita sorte naquele dia de não entrar água no motor. E não ter ninguém filmando.
Ou seja, para motociclistas com esse meu perfil, é um pacote interessante e vendido basicamente pelo mesmo preço de uma Falcon, se não menos:
O preço da Himalayan lá na Índia é a partir de 1,55 lakhs, ou 155.000 rúpias, o que dá exatos 7.735 reais brasileiros... com nossa carga de impostos mais LVB (Lucro Vampiro Brasil), chegará por aqui perto do preço da Falcon.
Mas os problemas ocorridos desde o lançamento da Himalayan foram muito sérios — diversos casos de quebra de chassi, algo extremamente grave:
Imagem e reportagem: https://www.rushlane.com/royal-enfield-himalayan-quality-reliability-12237993.html
A seriedade dessas denúncias precisa ser considerada com cuidado, porque tem proprietário que acha absurdo (e até faz vídeo reclamando) a moto quebrar ao passar por obstáculos como este:
Imagem: Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=CHrAH488_EU aos 5:08
Resta saber se ele passou realmente pelo meio da trilha, ou se — como eu suspeito — errou a manobra e enfiou a moto de cara na pior parte do valetão.
Fala sério, ninguém faz um estrago desses se não trombar de frente com uma parede vertical:
Imagem: Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=CHrAH488_EU
Como a Himalayan vendeu muito bem inicialmente, a concorrência local está empenhada em divulgar casos como esse aos quatro ventos para derrubar a imagem da moto e da empresa.
Não que a royal também não tenha os seus pecados...
Mas neste caso, não seria a primeira vez que alguém destrói a moto por inabilidade e depois tenta recuperar o prejuízo tentando botar a culpa na fabricante.
Ou faz isso intencionalmente visando queimar a concorrência.
No começo eu acreditava que era isso que acontecia com as Kansas, mas o tempo provou que eu estava errado.
Todos os outros casos registrados merecem ser analisados em profundidade, porque parecem apontar para problemas realmente sérios em toda a cadeia de produção:
Imagem e reportagem: https://www.rushlane.com/royal-enfield-himalayan-quality-reliability-12237993.html
A primeira foto mostra um cordão de solda muito bonito, mas que não penetrou no material de base.
É um fenômeno típico da soldagem MIG, aquela que usa arame fornecido continuamente e derretido debaixo de uma proteção de gás inerte argônio.
Isso se chama "colagem", algo que não acontece na soldagem com eletrodos revestidos comuns.
O metal simplesmente é depositado e não forma uma união resistente, e o resultado é o descolamento com esforços muito menores do que o esperado.
A colagem é o pesadelo dos técnicos de soldagem, porque não é detectável por inspeções de qualidade, nem mesmo por exames de ultrassom ou raios X.
O soldador precisa ser muito bem treinado para ele mesmo detectar e corrigir o problema, o que nem sempre é possível.
A atenção e a concentração do pessoal variam muito em função da posição do time no campeonato, do salário e do sucesso no relacionamento com a patroa na noite anterior...
Imagem e reportagem: https://www.rushlane.com/royal-enfield-himalayan-quality-reliability-12237993.htmlA segunda foto mostra uma fratura preocupante.
O material visivelmente sofreu um esforço bastante superior ao que conseguia suportar.
Se for a mesma moto, esse esforço maior pode ter sido consequência do descolamento da solda MIG.
Sem o reforço da longarina principal, a secundária simplesmente não resistiu e se rompeu.
No entanto, a granulosidade do aço na fissura mostra o que é conhecido pelos técnicos e tecnólogos de soldagem como "fratura frágil".
Fraturas frágeis acontecem em material com teor de carbono elevado, e os quadros de nossas motos não podem ser fabricados com aço de alto teor de carbono.
Quanto mais elevado o teor de carbono, mais resistente mecanicamente será o aço, mas também mais frágil e quebradiço.
Um quadro frágil e quebradiço é tudo que não queremos em uma moto.
Em uma condição extrema, é melhor ter um quadro empenado do que uma motocicleta partida ao meio.
Há outro indício de que esse aço tem excesso de carbono:
A ruptura ocorreu no limite da zona afetada pelo calor da solda.
Quando você faz uma soldagem, a vizinhança do cordão de solda se avermelha e esfria mais rápido do que o próprio cordão fundido.
Imagem: http://www.hotrod.com/articles/1112phr-tig-weld-like-a-pro/ Imagem meramente ilustrativa da zona afetada pelo calor. Esse material é aço inoxidável, não suscetível à têmpera. Pelo menos, não à têmpera nos mesmos moldes que o aço comum, os fenômenos aqui são outros.
Aquecimento elevado e esfriamento rápido são a base do processo de têmpera do aço.
Têmpera é um processo que torna o aço ainda mais duro e, portanto, ainda mais frágil e quebradiço.
Um aço de alto teor de carbono será temperado e poderá trincar no limite da região afetada pelo calor (região mais escura na foto), onde o resfriamento aconteceu mais rápido.
Um aço de carbono elevado acaba sofrendo têmpera na zona afetada pelo calor, e é por isso que as soldas geralmente nunca quebram, mas sim as áreas vizinhas a ela.
Um aço com teor mais elevado de carbono somente será útil para um chassi de motocicleta se ele receber a adição de outros elementos que estabilizem essa tendência de temperar facilmente, como o molibdênio.
A desgraça é que os engenheiros aproveitam que agora o aço com molibdênio resolve o problema da soldagem e é mais resistente, mas como esse elemento de liga é mais caro, passam a usar aço mais fino com a desculpa de tornar a moto mais leve...
Aí bastam variações mínimas nos teores (mínimas mesmo, na casa dos centésimos porcentuais) para o material deixar de atender ao que se espera dele...
Imagem e depoimento: Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=y3hTqbih3Do
Esta outra foto mostra o metal da bandeja fraturado em vários locais, como se tivesse sido corroído.
Não parece uma chapa de aço nova, mas sim um material velho com muitos anos de corrosão.
Posso estar enganado, mas me parece o sintoma de aço com alto teor de contaminantes, principalmente enxofre e fósforo.
Fósforo e enxofre têm o dom de se enfiarem entre os cristais que formam o aço, e têm extrema afinidade com água.
Enxofre + umidade = ácido sulfúrico
Fósforo + umidade = ácido fosfórico
São ácidos que geram corrosão entre os grãos cristalinos do aço, e o resultado é esse aí da foto...
São problemas metalúrgicos e de execução que não são exclusividade de uma única fabricante, mas que podem aparecer em qualquer moto de qualquer marca.
Problemas estruturais de produção que surgem nas usinas siderúrgicas, durante a produção do aço, e que são extremamente difíceis de resolver.
Lembra de como os carros nacionais apodreciam de um ano para outro nos anos 70 e 80?
Imagem e reportagem: https://quatrorodas.abril.com.br/noticias/dez-coisas-dos-velhos-tempos-que-nao-eram-nada-boas/
Carros com 30 mil km já mostravam rombos de chapa podre ainda durante os testes de quilometragem da revista 4 Rodas.
O material já saía contaminado e mal refinado da siderúrgica, e resolver isso não estava ao alcance das montadoras.
E o que acontecia no Brasil nos anos 70 e 80 agora periga acontecer em escala mundial até mesmo nos países que sempre se pautaram pelos elevados padrões de qualidade:
Imagem e reportagem: http://money.cnn.com/2017/10/24/news/economy/japan-inc-scandals-kobe-steel/index.html
E o que é esse escândalo reportado pela CNN e também pela globo?
Reportagem: http://money.cnn.com/2017/10/16/news/companies/kobe-steel-scandal-what-we-know/index.html?iid=EL"Essencialmente, os funcionários da Kobe [Steel] falsificaram relatórios para fazer parecer que os produtos atendiam às especificações solicitadas pelos clientes quando de fato eles não atendiam."
"Isso levantou dúvidas sobre [a qualidade de] milhares de toneladas de material produzido ao longo de mais de 10 anos."
E qual o motivo de os materiais não atenderem às especificações a ponto de levar os funcionários à falsificação de relatórios?
Bom, além da pressão por resultados e prazos imposta de cima para baixo, suspeito de um fator importante: uso de material reciclado.
Seja no Japão, na Índia, no Brasil, cada vez mais se usa material reciclado para a produção de aço, alumínio, cobre.
Como são reciclados carros e motos?
Triturando tudo, separando os componentes ferrosos com eletroímãs e derretendo num alto-forno.
E junto com a sucata também vão junto o óleo e a graxa.
Sai mais barato derreter um carro ou uma moto prensados num bloco do que minerar e produzir material mais puro.
E é mais "eco-friendly"...
Óleo e graxa são extremamente ricos em enxofre, fósforo, carbono e hidrogênio — todos são venenos para o aço, alumínio e outros metais.
A maior parte é queimada e vira escória, mas sempre sobra uma fração residual dissolvida no metal.
E basta uma porcentagem ínfima desses materiais para alterar significativamente para pior as qualidades do aço.
Eliminar totalmente esses contaminantes adicionados junto com a sucata encarece o processo e aumenta os prazos de produção da siderúrgica, o que impede atingir as metas de produção e reduz a lucratividade geral, então...
Possivelmente já tenhamos tido uma amostra disso no caso das Kansas e outras motos chinesas extremamente frágeis.
Antigamente, as empresas mantinham departamentos de testes para assegurar que o aço recebido realmente estava dentro dos limites de carbono e contaminantes exigidos pelo projeto.
Hoje, reduzindo custos, elas confiam totalmente na palavra e laudos dos próprios fornecedores — colocaram os interessados em faturar o produto para garantir sua qualidade...
Só eu vejo um enorme conflito de interesses aqui?
Minha suspeita é de que os problemas da Himalayan sejam apenas um sintoma claramente visível do que se tornará a regra do mercado nestes anos de agora em diante.
Essa suspeita sobre a qualidade variável de lotes de aço foi levantada por mim no fórum da dafra quando as Kansas começaram a se partir ao meio, mas na época ainda não havia estourado nenhum escândalo como esse da Kobe Steel comprovando a existência do problema nas siderúrgicas.
E agora a Kobe Steel mostra esse escândalo em uma siderúrgica não chinesa nem indiana nem brasileira.
Puxe a ponta do fio que coisas piores aparecerão.
Estou vendo um filme antigo acontecer de novo... só mudaram os atores.
Não será algo agradável ver motos novas se partindo ao meio todos os dias.
Sinceramente, não sei mais o que fazer.
Parem o mundo, porque eu quero descer.
Os pilares que permitiram criar o mundo que conhecemos foram corroídos pela falta de ética tanto capitalista quanto comunista, ambos os sistemas exigindo produtividade, redução de custos e lucros acima de tudo.
Faz parte do esquema de ganhar muito dinheiro que capitalistas, comunistas e qualquercoisistas imponham o silêncio de quem deveria denunciar os problemas — a perspectiva de demissão dos responsáveis pela qualidade sempre fala mais alto, ou os exclui do processo.
Enquanto isso, nós os consumidores acabamos fundidos e reciclados por esses sistemas.
E aqueles que percebem o funcionamento da máquina podre não têm a quem recorrer, porque todos os governos são sustentados no poder por essas indústrias.
É triste, mas é nossa realidade.
Só nos resta saber o que acontece e ficarmos atentos para não acabarmos vitimados pelo sistemão dos acordos repulsivos feitos por baixo dos panos na frente de todo mundo e com transmissão ao vivo pela tv.
Um abraço,
Jeff
Jeff,
ResponderExcluirMais uma vez um excelente texto! Foi fundo na pesquisa, hein... Sherlock holmes #detected! rsss! Parabéns!!
Obrigado, Tiago!
ExcluirCoincidiu que eu me interessei pela proposta da moto e o google facilitou muito a pesquisa sobre a Himalayan.
Ler notícias todos os dias trouxe o escândalo da kobe steel e a parte metalúrgica eu aprendi na escola (sou técnico em Mecânica e tecnólogo em Soldagem), então as informações estavam na cabeça.
Aí foi só somar 2 + 2.
Um abraço,
Jeff
Mais um otimo post jeff, com informações magnificas para nós leigos aprendermos mais. Estive em SP esta semana e tive a oportunidade de conhecer e fazer testes nas royal. Elas são realmente muito robustas e apaixonantes, todas de ferro (nada de plastico) e parece que foram feitas para não dar problemas (manutenção o proprio dono faz se quiser). Elas vibram, mas nã é uma vibração terrivel, mas sim uma vibração de motocicleta classica, nada que uma harley não faça. Achei estranho esses casos que acontecem com a himalayan, porque nos modelos Bullet, Classic e Continental GT eu nunca tinha ouvido falar de problemas assim, na verdade, nunca ouvi falar de nenhum problema dessas motos, só que elas aguentam o propria himalaya. O que é ironico, porque a Himalayan, assim como as GS da BMW deveriam, teoricamente, aguentar mais o tranco do que as ditas ''normais''. Acho que cada vez mais, a frase ''Quanto mais big, menos trail'' se concretiza, infelimente! Espero que a Royal veja o que está ocorrendo e corrija possiveis erros para as versões 2017 e 2018
ResponderExcluirOlá, Danilo!
ExcluirTambém espero, porque esse modelo seria perfeito para o Brasil. Esse modelo está na minha lista de desejos, caso se mostre confiável.
Inclusive, quem rodou nela afirma que ela vibra bem menos que as outras royal.
O grande problema da Himalayan é que o projeto é todo novo, e é normal (infelizmente) primeiras séries apresentarem problemas até a produção ser ajustada.
É aquela urgência em lançar novos modelos sem os devidos testes de durabilidade que tanto critico aqui no blog.
Tenho a impressão de que é a primeira vez que estão usando solda MIG na produção dos quadros, e nem imaginavam (quem imaginaria sem fazer testes de qualidade e durabilidade?) que o aço usado seria tão frágil.
Dá para corrigir a parte de execução, mas o fornecimento de aço de qualidade será algo mais complicado.
Foram 20 anos até corrigirem o procedimento de laminação na siderúrgica brasileira, uma das causas do problema estava no uso de água salobra para o resfriamento dos rolos de laminação.
E como hoje as fontes de água pura já são escassas para a população, e o uso de matéria prima contaminada com óleo e graxa é a regra, adicionando contaminantes que existem em muito menor quantidade do que no minério de ferro puro.
Como os tempos de produção não podem ser alterados a fim de eliminar os contaminantes por motivo de cronograma de bateladas e aumento dos custos de produção... não fico muito otimista quanto a isso.
A única solução que pode vir da parte da fabricante será aumentar a espessura dos componentes para chegar a um coeficiente de segurança maior, e a Himalayan já é uma moto pesada.
Talvez seja por isso que já estejam falando em aumentar o motor de 400 para 500 cm3.
Um abraço,
Jeff
Compartilhado ! Qual o perfil no Twitter a seguir?
ResponderExcluirOlá, Eduardin!
ResponderExcluirNem eu nem o blog estamos no twitter.
Um abraço,
Jeff
Ué ? Encontrei esse funcionando e atualizado, inclusive segui e compartilhei. Confira Primeira Moto (@MPrimeiraMoto): https://twitter.com/MPrimeiraMoto?s=08
ResponderExcluirOlá, Eduardin!
ExcluirObrigado por avisar!
No início do ano troquei uma ideia com o Vinícius, que é quem cuida dessa parte de formatar o blog e assuntos ligados à internet, e falamos sobre divulgação no twitter e no instagram.
Divulgação no instagram eu sei que foi feita, mas nunca acompanhei nem recebi informações de postagens, nem qualquer retorno.
Postagens no twitter para mim são novidade, e se o Vinícius chegou a fazer, se esqueceu de me avisar, fiquei sabendo graças a você, obrigado!
Vou verificar o que está acontecendo, e atualizo esta conversa assim que o Vinícius responder.
Um abraço,
Jeff
Olá, Eduardin!
ExcluirConsegui falar com o Vinícius, e ele realmente colocou o blog no twitter e não me avisou.
Agora preciso aprender a usar essa ferramenta... será que este cachorro velho vai aprender truques novos?
Vou tentar..
Um abraço,
Jeff
Olá Jeff!
ResponderExcluirMinha moto quando abastecida apenas com etanol o motor fica mais barulhento, em relação à gasosa. O motor terá desgaste precoce se eu usar só etanol?
Olá, Maicon!
ExcluirEu não gosto de etanol para motores de motos, ainda mais motos com apenas um cilindro.
Dê uma lida na longa resposta de hoje de manhã sobre uma dúvida parecida do Daniel Wippel na postagem:
https://minhaprimeiramoto.blogspot.com.br/2017/10/quando-vida-imita-muito-mal-as-artes.html
Um abraço,
Jeff
Olá Jeff! Voltando aqui pois lembrei deste post. Um amigo do grupo de fãs da royal enfield no Brasil ( o Guilherme, dono do canal que vc postou aqui sobre o nivel de oleo) está na india e viu a himalayan de perto. De acordo com ele, que teve oportunidadde de fazer uma viagem com ela, ela tem o tamanho parecido com a Teneré e pilotagem que lembra muito a finada Sahara. Traz as mesmas caracteristicas cdas motos da royal: Torque alto e velocidade final ''baixa''. Outra informação relevante é sobre esses problemas: A royal chamou esse lote problematico de BS3, que foi apontado como lote problematico. Não sabemos a que ponto ele realmente era problematico ou o uso da moto era indevido, mas o fato é que a nova versão chamada de BS4 teve melhorias consideraveis e está a mil maravilhas.
ResponderExcluirDe acordo com um site, a royal fez as seguintes melhorias:
''Royal Enfield Himalayan FI BS4 gets an all matte black treatment on fuel cap, handle bar mounts and pannier mounts and all black rubber protection on its front fender. It gets a new fuel injection system in place of the carburetor, separate fuel pump positioned below the fuel tank along with a fuel return pipe and O2 sensor. AHO is offered as standard on the new Himalayan though it does not receive ABS.''
https://www.rushlane.com/royal-enfield-himalayan-bs4-issues-12256301.html
Esperemos que ela venha pra ca impecável!
Abraços!!
Também torço!
ExcluirComo disse, gostei da proposta da moto. Mas agora estou em dúvida entre ela a Interceptor... ô, vida dura.
Um abraço,
Jeff
Na duvida, pegue as 2! kkkk
ExcluirAbraço!
Já pensou?
ExcluirEu ia usar uma para ir e outra pra voltar... não... péra...
Um abraço,
Jeff
Muito bom, parabéns pelo belo trabalho.
ResponderExcluir