A reportagem e a versão da polícia dizem que o caminhão atropelou a moto quando o motorista abriu para fazer uma conversão à direita, mas olhando o local no google view, isso é impossível.
Imagem: Google Street View
https://www.google.com.br/maps/@-16.709404,-49.317991,3a,75y,90h,89.8t/data=!3m4!1e1!3m2!1s6l9tm_flCYor-k96brAReA!2e0
Ele teria de abrir para a direita para fazer uma conversão à esquerda antes de chegar à avenida do Contorno.
Mas este é o único ângulo da avenida Milão que coloca um bosque atrás do caminhão e uma calçada gramada do lado direito da rua, portanto no meu entender a colisão ocorreu depois da avenida do Contorno. A imagem é de 2011, muita coisa mudou — os postes foram substituídos por fiação subterrânea e metade da avenida do Contorno ainda não havia sido asfaltada.
Para ficar naquela situação, o caminhão teria saído da avenida do Contorno fazendo uma conversão à esquerda, e fechou a motociclista que vinha na preferencial pela rua Milão.
Ou seja, ao contrário do que dizem na reportagem, a motociclista não teria tentado ultrapassar o caminhão pela direita. O motorista não a teria visto e entrou na frente dela.
É aquela história, nunca confie que irão respeitar sua preferencial. Os motoristas podem não estar te vendo, podem estar desatentos, cansados, com sono, bêbados, chapados...
E os mortos não podem dar sua versão dos fatos. Ao jogar a culpa sobre eles, os causadores de acidentes escapam mais facilmente das consequências de um processo judicial.
Não posso provar que tenha sido o que aconteceu aqui, mas isto é Brasil. Até os presidentes e presidentas sabem de nada, inocentes.
Mas vamos aproveitar para analisar outros aspectos daquela versão oficial dos fatos, porque é outra situação possível e muito perigosa que acaba tendo o mesmo resultado.
Reportagem: http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2014/03/colisao-entre-caminhao-e-moto-deixa-dois-feridos-em-campo-grande.html
A tentativa de ultrapassar um caminhão pela direita é uma causa muito comum de acidentes, por isso que ultrapassagens pela direita são proibidas, é o ponto cego do caminhoneiro, etc.
O que o motorista vê pelos espelhos... |
Imagem espelhada para mostrar a situação de veículos com direção no lado esquerdo.
E o que ele está deixando de ver. Sim, todos eles estão invisíveis para o motorista. |
Imagem espelhada para mostrar a situação de veículos com direção no lado esquerdo.
Então, automaticamente, a motociclista lá de Goiânia estaria errada se a situação fosse realmente essa, correto?
Não necessariamente.
Existe uma condição em que os condutores estão autorizados a ultrapassar pela direita em conformidade com as regras de trânsito, mas não com as leis implacáveis da vida real, portanto exige prudência.
Imagine que o caminhão realmente se deslocava lentamente na faixa da esquerda, antes do cruzamento, sinalizando que iria fazer uma conversão à esquerda, esta situação aqui:
Imagem: Google Street View
https://www.google.com.br/maps/@-16.709404,-49.317991,3a,75y,90h,89.8t/data=!3m4!1e1!3m2!1s6l9tm_flCYor-k96brAReA!2e0
Ao ver a carreta sinalizando a conversão à esquerda, o motociclista inicia uma ultrapassagem permitida pela direita — já que o código de trânsito diz que é proibido ultrapassar pela direita, a menos que o veículo sendo ultrapassado esteja sinalizando uma conversão à esquerda.
Mas para poder fazer essa conversão, ao chegar perto do cruzamento o motorista do caminhão é obrigado a jogar o cavalo mecânico para a direita, senão as rodas da carreta passarão por cima do canteiro.
Mesmo que olhe pelo espelho, ele não verá uma moto se aproximando no enorme ponto cego atrás e à direita do caminhão.
O motorista do caminhão fica numa situação extremamente complicada. Não tem alternativa:
Se sinalizar para a direita na hora de abrir a curva para o cavalo mecânico, alguém poderá tentar ultrapassá-lo no momento da conversão à esquerda, colidindo, e o motorista será responsabilizado; sinalizando para a esquerda, ele autoriza a ultrapassagem pela direita, mas é obrigado a fazer a manobra na direção contrária da que está sinalizando.
Não há uma maneira de ele alertar os outros condutores de que, apesar de estar sinalizando em uma direção, o caminhão precisará ir momentaneamente para a direção oposta.
A única pessoa que pode evitar cair nessa armadilha é o motociclista, mas para isso ele precisa saber que essa manobra e esse perigo existem.
E como ninguém nas auto e motoescolas ensina estes macetes que seriam de sua obrigação ensinar, os motoristas e motociclistas novatos desconhecem essa manobra básica das carretas e veículos longos e se lançam nessa armadilha fatal.
O resultado é esse, mais uma cidadã brasileira agora está morta com apenas 27 anos.
Imagens e reportagem: http://g1.globo.com/goias/transito/noticia/2014/07/motociclista-morre-apos-colidir-contra-caminhao-em-goiania.html
Quantos jovens mais irão morrer pelo mesmo motivo, a falta de um ensino abrangente nas auto e motoescolas?
Eu tinha opinião de que os centros de formação de condutores não passam informações úteis e dão apenas o feijão com arroz básico para tirar a carta básica.
Mas esta semana pude ler uma cartilha de primeira habilitação e fiquei surpreso com a qualidade do material, há muitas informações relevantes de pilotagem defensiva.
Mas continuo com a opinião de que os CFCs realmente não formam condutores aptos a enfrentar o trânsito nas ruas. Aquele percurso de parquinho de diversões é ridículo — alguém chegou aqui no blog perguntando no google para que servem a terceira, quarta e quinta marchas...
Enquanto isso, nossa juventude morre pelas ruas, avenidas e estradas.
Um abraço triste,
Jeff
Você tem toda a razão Jeff, esta semana me inscrevi em um ótimo curso de direção defensiva justamente por isso. Saí da auto escola e como já disse em comentários anteriores estou aguardando minha primeira moto chegar da fábrica, mas NUNCA, repito: NUNCA, saí do circuito parque de diversões, nem mesmo teria passado a segunda marcha se não fosse uma amiga que vem me ajudando a aprender. É um desrespeito, você paga caro pra sair sem qualquer qualificação pra enfrentar esse trânsito maluco e pra piorar, como já sou habilitada para carros, a inclusão da categoria A dispensa tanto o material teórico, quanto o período de carteira provisória, hoje tenho uma carteira AB permanente, posso pegar estradas dentro da legalidade sem nunca ter sido orientada pela auto-escola nem a passar a segunda marcha. Triste.
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