As férias estão chegando... Motoca na garagem implorando por
uma aventura...
Só por brincadeira, vamos planejar uma viagem de uns 500 km,
tipo São Paulo ao Rio, ou vice-versa?
A primeira coisa é determinar o roteiro, e nesse caso nem
sempre a distância mais curta é a melhor viagem.
Mapa: Google Maps
Uma ida de SP ao Rio (são exemplos, considere as cidades
locais de sua região) pode ficar muito mais interessante se você fugir da
mesmice da via Dutra e explorar o litoral norte de SP/sul do RJ, uma das
regiões mais lindas do mundo, por dentro da reserva da Mata Atlântica à
beira-mar. E ainda fazer um passeio por Lídice, com direito a túnel escavado a
mão na montanha e uma estradinha com curvas e paisagens de serra maravilhosas.
Você adiciona 120 km e várias horas, mas ganha uma viagem
inesquecível... pode ser muito mais
vantagem.
Para calcular quanto tempo vai durar a viagem, a conta que
você faz é do tipo 500 km, 100 km/h, em 5 horas você estará lá, certo?
Muito errado!
Mesmo que você escolha ir pela via Dutra e o Google te diga
que você faz 430 km em 4 horas e 42 minutos, esse cálculo é ainda mais irreal
para motos.
Começa que a velocidade real envolve negociar ultrapassagens
com caminhões, velocidade reduzida em trechos urbanos e de serra com muitas
curvas, você não consegue manter a velocidade máxima o tempo todo.
Para uma 150, você pode considerar uma média horária real de
65 km/h, esse é um dado real obtido em velocímetro digital.
Além disso, você precisa estimar paradas de 15 minutos a
cada hora, hora e meia. Se você não parar, sua companheira que não vê a luz do
dia pedirá divórcio antes do fim da viagem.
E as paradas são ótimas oportunidades de descobrir coisas
incríveis, como o riacho pedregoso que passa no fundo do posto de gasolina e
que você nem imagina que existe. Rendem ótimas fotos.
Então, no exemplo SP/RJ, a estimativa do google indo direto
pela Dutra é de 4 horas e 42 minutos, mas você pode considerar que levará 6
horas e 40 minutos a 65 km/h, mais 1 hora de almoço mais umas duas horas de
paradas, arredondando, 10 horas de viagem. Se estiver em grupo, as paradas
serão mais demoradas e frequentes, bote 12 horas no seu cálculo.
E se fizer pelo caminho mais longo, menores velocidades,
considere uma média de 45 km/h. Pode chutar umas 16 horas de viagem.
E aí entra um fator fundamental a ser considerado: o
cansaço.
Chegar cansado a uma cidade grande com trânsito agitado que
você não conhece pode ser muito perigoso.
E depois de 12 horas de viagem, você não tem mais condição
física de prosseguir.
Primeiro, porque o cansaço na pilotagem pode ser fatal.
Segundo, porque estará escurecendo numa região que você desconhece. Seus
reflexos estarão mais lentos, sua capacidade de raciocínio terá diminuído, sua
agilidade poderá ser insuficiente. E terceiro, porque certamente sua moto
estará precisando repor o óleo do motor e ajustar/lubrificar a corrente.
Todas as vezes que tentei extrapolar esse limite das 12
horas o resultado foi terrível; a sensação de incapacidade de continuar
pilotando a moto, a incerteza de conseguir completar as curvas devido ao
cansaço, o desespero de saber que não há um local para parada nas imediações tornam
proibitivo ultrapassar esse limite físico.
Então, na hora de planejar uma viagem mais longa, use esses conhecimentos
para não ser surpreendido pelo cansaço no meio do nada.
Indo ao Rio (ou vindo de lá) pelo melhor caminho, recomendo
pernoitar em Trindade ou Paraty. Duas localidades tão apaixonantes que talvez
façam você desistir de continuar a viagem e ficar por lá mesmo, só curtindo.
Um abraço,
Jeff
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