quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Planejamento de viagem

As férias estão chegando... Motoca na garagem implorando por uma aventura...

Só por brincadeira, vamos planejar uma viagem de uns 500 km, tipo São Paulo ao Rio, ou vice-versa?

A primeira coisa é determinar o roteiro, e nesse caso nem sempre a distância mais curta é a melhor viagem.

Mapa: Google Maps

Uma ida de SP ao Rio (são exemplos, considere as cidades locais de sua região) pode ficar muito mais interessante se você fugir da mesmice da via Dutra e explorar o litoral norte de SP/sul do RJ, uma das regiões mais lindas do mundo, por dentro da reserva da Mata Atlântica à beira-mar. E ainda fazer um passeio por Lídice, com direito a túnel escavado a mão na montanha e uma estradinha com curvas e paisagens de serra maravilhosas.

Você adiciona 120 km e várias horas, mas ganha uma viagem inesquecível...  pode ser muito mais vantagem.

Para calcular quanto tempo vai durar a viagem, a conta que você faz é do tipo 500 km, 100 km/h, em 5 horas você estará lá, certo?

Muito errado!

Mesmo que você escolha ir pela via Dutra e o Google te diga que você faz 430 km em 4 horas e 42 minutos, esse cálculo é ainda mais irreal para motos.

Começa que a velocidade real envolve negociar ultrapassagens com caminhões, velocidade reduzida em trechos urbanos e de serra com muitas curvas, você não consegue manter a velocidade máxima o tempo todo.

Para uma 150, você pode considerar uma média horária real de 65 km/h, esse é um dado real obtido em velocímetro digital.

Além disso, você precisa estimar paradas de 15 minutos a cada hora, hora e meia. Se você não parar, sua companheira que não vê a luz do dia pedirá divórcio antes do fim da viagem.

E as paradas são ótimas oportunidades de descobrir coisas incríveis, como o riacho pedregoso que passa no fundo do posto de gasolina e que você nem imagina que existe. Rendem ótimas fotos.

Então, no exemplo SP/RJ, a estimativa do google indo direto pela Dutra é de 4 horas e 42 minutos, mas você pode considerar que levará 6 horas e 40 minutos a 65 km/h, mais 1 hora de almoço mais umas duas horas de paradas, arredondando, 10 horas de viagem. Se estiver em grupo, as paradas serão mais demoradas e frequentes, bote 12 horas no seu cálculo.

E se fizer pelo caminho mais longo, menores velocidades, considere uma média de 45 km/h. Pode chutar umas 16 horas de viagem.

E aí entra um fator fundamental a ser considerado: o cansaço.

Chegar cansado a uma cidade grande com trânsito agitado que você não conhece pode ser muito perigoso.

E depois de 12 horas de viagem, você não tem mais condição física de prosseguir.

Primeiro, porque o cansaço na pilotagem pode ser fatal. Segundo, porque estará escurecendo numa região que você desconhece. Seus reflexos estarão mais lentos, sua capacidade de raciocínio terá diminuído, sua agilidade poderá ser insuficiente. E terceiro, porque certamente sua moto estará precisando repor o óleo do motor e ajustar/lubrificar a corrente.

Todas as vezes que tentei extrapolar esse limite das 12 horas o resultado foi terrível; a sensação de incapacidade de continuar pilotando a moto, a incerteza de conseguir completar as curvas devido ao cansaço, o desespero de saber que não há um local para parada nas imediações tornam proibitivo ultrapassar esse limite físico.

Então, na hora de planejar uma viagem mais longa, use esses conhecimentos para não ser surpreendido pelo cansaço no meio do nada. 

Indo ao Rio (ou vindo de lá) pelo melhor caminho, recomendo pernoitar em Trindade ou Paraty. Duas localidades tão apaixonantes que talvez façam você desistir de continuar a viagem e ficar por lá mesmo, só curtindo.

Um abraço,


Jeff 

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