Ontem foi noticiado o recall da bmw para todos os modelos R1200 fabricados até hoje:
Reportagem e recall: https://infomoto.blogosfera.uol.com.br/2017/07/12/problema-na-suspensao-obriga-bmw-a-fazer-recall-das-r-1200-gs-gs-adventure/
Resumidamente, as bengalas podem se afrouxar da suspensão dianteira — junto com a roda.
Só isso.
E o Blog da Infomoto (leia!) dá a notícia de que o recall pela fabricante deve muito à iniciativa de um proprietário e blogueiro sul africano que vem denunciando o problema há tempos.
Ele até criou um site denunciando o problema:
Site com a denúncia (em inglês): http://bmwfatalflaw.com/
Não é o primeiro caso de falha grave a atormentar esse modelo específico da bmw.
Nem o primeiro recall por motivo absurdo.
Talvez você não tenha ficado sabendo, porque na divulgação curiosamente usaram a foto do modelo menos vendido no Brasil:
Recall: http://g1.globo.com/carros/motos/noticia/2015/04/bmw-convoca-4558-motos-no-brasil-para-recall.html
Já no lançamento desse modelo R1200 GS para a imprensa ocorreu a morte de um repórter especializado experiente por motivos que alguns atribuíram à falta de um amortecedor de direção.
Essa história foi contada entre outras aqui no blog na postagem Acidente de moto por falha mecânica? Não mesmo! Sua moto pode fazer o mesmo correndo menos que essa...
Reportagem: https://idratherberiding.com/2013/01/24/kevin-ash-dies-in-accident-at-the-2013-bmw-r1200gs-press-launch/
Postagem: http://minhaprimeiramoto.blogspot.com.br/2017/05/acidente-de-moto-por-falha-mecanica-nao.html
A bmw nunca admitiu que a falta do amortecedor de direção pudesse ser a causa do acidente fatal, mas incorporou essa peça no ano seguinte.
Amortecedor de direção esse que já no primeiro semestre de uso deu problemas, sendo objeto de recall por parte do próprio fabricante:
Recall: https://www-odi.nhtsa.dot.gov/acms/cs/jaxrs/download/doc/UCM441718/RCMN-13E034-3459.pdf
Motivo do recall alegado pelo fabricante de amortecedores Öhlins?
O suporte do amortecedor teria sido "usinado em uma direção desfavorável em combinação com provável defeito do material e a liga de alumínio sendo sensível a fissuras por corrosão sob tensão".
Uma combinação de fatores e tanto, né?
Um macaco velho também poderia interpretar assim:
"O suporte foi subdimensionado para resistir aos esforços a que é submetido."
Ou seja, o componente era fraco, sem fator de segurança para aguentar o tranco.
E o fabricante muito possivelmente teve que assumir a culpa para não perder contratos com esse cliente — é assim que é no mundo dos negócios.
O suporte do amortecedor era fraco e não foi testado extensivamente antes de ser colocado no mercado.
A Öhlins assumiu o problema e livrou a cara da bmw.
Resta saber se o amortecedor foi projetado pela Öhlins ou se foi fabricado conforme as especificações da montadora bmw...
E se as especificações continham um fator de segurança adequado para a peça.
Seja quem for o pai ou a mãe da criança, o fato incontestável é que esse modelo de moto não foi testado adequadamente pela bmw antes de ser colocado no mercado.
Imagem e reportagem de lançamento: http://canadamotoguide.com/2013/01/28/launch-bmw-r1200gs/
A moto não foi testada adequadamente pela bmw antes de seu lançamento sem o amortecedor de direção.
A moto não foi testada adequadamente pela bmw quanto à resistência do amortecedor de direção incorporado.
A moto não foi testada adequadamente pela bmw quanto ao aperto da porca da roda traseira especificado e aplicado pela bmw.
A moto não foi testada adequadamente pela bmw quanto à resistência da suspensão dianteira projetada pela bmw.
Os fatos estão aí para provar.
Note que é exatamente o mesmo problema do amortecedor de direção, só que em uma escala maior:
Os amortecedores de suspensão (bengalas) não aguentam os esforços para os quais foram projetados:
"Tal folga decorre de impactos severos em grandes obstáculos e buracos em alta velocidade, por exemplo, a depender do modo de condução e tipo de terreno."
Mais uma mostra da pressa com que novos modelos são lançados com cálculos de resistência feitos por computador com base em tabelas de cálculos feitas por computador.
Pena que a vida real não é uma simulação de computador.
E o salário dos pilotos de teste das fábricas foi economizado, já que os testes de longa duração são feitos por voluntários que pagam para fazer o serviço.
Sim, você é o voluntário inocentão que está pagando para fazer os testes de rodagem de longa duração que as fábricas economizam.
A responsabilidade pela moto é deles, mas a vida é sua.
Cuidado com o que você compra.
Marca famosa hoje em dia não quer dizer mais nada, quem está no projeto é a gurizada com os computadores.
Se der problema, eles fazem um recall.
O problema é se a encrenca acontecer primeiro com você.
Um abraço, menos a essa garotada inexperiente que projeta motos hoje em dia,
Jefferson
Esse amortecedor da ohlins me parece ser um aftermarket para outra moto, a esportiva S1000 RR e R1200 R, não a GS1200. Mas bem, vários fabricantes botaram o lance do airbag no rabo da nakata, culpar fabricante de componentes é bem corriqueiro, já que o nome deles não diz nada para o consumidor final, mesmo na maioria das vezes o projeto sendo da própria montadora.
ResponderExcluirO projeto do suporte pode ter sido bem dimensionado, mas o projetista de computador, rodador de elementos finitos, não se tocou das tensões residuais da usinagem nem das condições ambientais fazer componentes levinhos de corrida é fácil, difícil é fazê-los pra andar na rua.
Olá, Victor!
ExcluirO recall menciona S1000 e na R1200, e também menciona aftermarket, mas qa Öhlins é fornecedora de peças originais para yamaha, kawasaki, ducati, aprilia e bmw.
Um abraço,
Jeff
Amigo,vi que você entende de moto,e quero-te pedir ajuda,pois comprei minha primeira moto ontem. É uma fan 150 esi 2011,com 38.000km originais segundo o dono (sou o segundo). E a troca de marchas está dura e não está suave. Da pra trocar de boa,não é algo que atrapalha absurdamente,mas incomoda,o engate não é suave e você escuta até o estalo do passador. O que pode ser amigo?
ResponderExcluirOlá, L!
ExcluirDificuldade de passar marcha é sintoma de má lubrificação do câmbio ou embreagem desregulada.
Má lubrificação do câmbio a ponto de causar esse sintoma ocorre principalmente por nível muito baixo de óleo.
O modelo 2011 já deve ter sido tratado desde o início com óleo 10W-30, o maior absurdo que a honda fez com esses motores.
Com a atual quilometragem da sua moto e as condições em que o dono a tratava, é impossível reverter o desgaste que já deve ter ocorrido no seu motor.
O que dá para fazer é minorar daqui para a frente. Primeira coisa é v verificar o nível de óleo do jeito correto, como manda o manual do proprietário, ligando e desligando o motor frio antes de medir, e completando até a marca de máximo da vareta.
Depois, experimente mudar para um óleo mais viscoso 15W-50 semissintético/sintético ou 20W-50 mineral.
Em ambos os casos, será necessário "lavar o cárter" para a adoção do novo tipo de óleo.
"Lavar o cárter" é fazer a troca e trocar novamente pelo mesmo óleo depois de apenas 100 quilômetros. A partir daí, períodos de troca normais conforme o tipo de óleo.
Óleos minerais precisam ser trocados a cada 1.000 km em motos esfriadas a ar, óleos semi/sintéticos aguentam uns 2.000 km, não recomendo passar muito disso por causa da contaminação natural do óleo que precisa ser eliminada nas trocas.
Adotada uma marca de óleo semissintético/sintético, evite mudar de marca. Esses óleos têm muitos aditivos que podem reagir quimicamente e prejudicar a qualidade do óleo misturado.
Um abraço, e felicidades com a nova moto,
Jeff
Ops, esqueci de dizer:
ExcluirVocê já deve ter lido a postagem que fala sobre como verificar o nível de óleo da moto.
Os manuais de proprietário são confusos a respeito, mas na prática todos mandam medir o nível depois da troca, e completar até chegar à marca de máximo da vareta ou visor de nível.
A quantidade de óleo recomendada nunca é a suficiente para chegar ao nível máximo da vareta. Na sua moto Fan 150 a quantidade necessária para chegar ao máximo da vareta é de 1,2 litro.
Enquanto na Kansas 150 é de 1,4 litro (0,4 litro a mais que o recomendado) e na Intruder 125, por exemplo, é de 1,1 litro apesar de o manual falar 850 ml. Mesma coisa vale para as kawasaki, regal raptor, mvk, dafra, traxx, shineray.... sempre é necessário colocar mais óleo quando se faz o procedimento correto seguindo ao pé da letra o que diz o manual, ligar e desligar o motor frio antes de medir.
Um abraço,
Jeff
Amigo, eu piloto moto faz um bom tempo, mas quando estou com o carro, instintivamente acabo precionando motos que estão no caminho, você acha que andar com alforges ajuda a trazer uma delimitação de espaço maior para as motos?
ResponderExcluirOlá, Adriano!
ExcluirInstintivamente, ou você quis dizer sem querer?
Os alforges têm aproximadamente a largura do guidão/espelhos. Eles ajudam a visualizar melhor a moto, pelo menos durante o dia, talvez contribuam para esse efeito que você mencionou.
Eu nunca deixo de usar os alforges mesmo na cidade, são muito práticos para fazer pequenas compras e carrego alguns quebra-galhos para pequenos reparos.
Na prática, eles acabam atrapalhando na hora de mudar de faixa com o trânsito parado, mas meu guidão é largo, então não costumo fazer esse tipo de manobra.
Um abraço,
Jeff
Öhlins com letra maiúscula Jeff?
ResponderExcluirHahahaha....
ExcluirEu pensei nisso quando escrevi...
Não é um O maiúsculo, é uma carinha assustada... Ö ;)
Até onde sei, eles foram vítimas nessa história.
Ou eles fabricaram o amortecedor com base nos dados de esforços passados pela fabricanta da moto, ou o fizeram conforme os desenhos e especificações recebidos.
Peças OEM (originais de fábrica) são fabricadas conforme determinações do cliente.
Mas se houver prova em contrário, eu rebaixo eles para öhlins, não tem problema.
Um abraço,
Jeff
Engraçado que uma moto dessa dita de uso misto asfalto/terra não aguenta o terreno o tranco pra ser usada num dos terrenos que ela deveria suportar, onde tem buracos, pedras, ondulações e tudo mais...
ResponderExcluirOlá, Deivisson!
ExcluirPois é, né?
Como sempre a culpa é do proprietário que usa a moto com a destinação a que se propõe...
A culpa nunca é da fabricanta.
Seria hilário se vidas não estivessem sendo colocadas em risco.
Um abraço,
Jeff
Ops, corrigindo:
ExcluirSeria hilário, se vidas não estivessem sendo colocadas em risco.
Bom dia Jeff.
ResponderExcluirQuestões importantes aparecem na postagem e nos comentários. Olhando as fotos das quebras da suspensão da GS, percebemos a complexidade de um sistema controlado por software. Aumenta o número de peças e conexões, aumentando as chances de quebra, na minha visão, ainda mais sendo a moto que é. Ao observá-la de frente parece que estou vendo um ônibus. Rs.
Quanto à questão levantada no comentário sobre alforges e largura da moto. É um fato, quanto maior o veículo, maior será o cuidado dos outros participantes do trânsito. Mas, minha reação, independente de ser recomendado pelo código de trânsito, é proteger o mais fraco. Quando vejo uma mulher insegura, em início de carreira de pilotagem e ainda por cima, de salto alto, daqueles finos. Tento quando parados no semáforo, passar algumas recomendações. A primeira, é procurar treinar fora do trânsito até que não precise se preocupar com a moto dela, só com os outros veículos. Se vejo moto com criança na garupa, instintivamente, fico dando proteção, evitando aproximação das motos de entrega. Muitas vezes, no corredor, tenho que proteger aqueles ciclistas mais carentes de medo que aparecem no meu caminho.
Olá, Eduardo!
ExcluirParabéns por se preocupar pelos outros!
É uma atitude que recompensa muito mais a quem a pratica, na maioria das vezes o beneficiado nem toma ciência do que ocorreu.
E falando em coisas que aparecem no caminho, preciso contar esta:
Sábado fui testar a moto dando um pulinho no litoral.
Pena que não levei a câmera... mas provavelmente ela não estaria filmando no momento do incidente.
Eu queria ir até Bertioga, mas a interface homem/máquina começou a doer e preferi descansar um pouco mais cedo parando no Guarujá.
Na volta, enquanto ultrapassávamos uma carreta naqueles viadutos de Cubatão, saindo de uma curva em descida dou de cara com um galão caído bem no meio da minha faixa da esquerda.
Meu primeiro pensamento foi que alguém poderia se matar por causa daquilo, desviando no susto ou perdendo o equilíbrio e indo parar embaixo de um rodeiro, então não tive dúvida.
Avaliei que era um galão plástico aparentemente vazio, calculei o impacto necessário em função da velocidade e meti uma bicuda suficiente para jogá-lo no canto da mureta, lá ele não ia oferecer risco pra ninguém.
Nunca acertei um chute tão bem dado em toda minha vida.
O galão estava um pouco menos vazio do que eu calculei, os dedinhos do pé esquerdo reclamaram por uns 5 minutos, mas a consciência tranquila compensou até agora, e muito.
Penso que tudo aquilo que fazemos em prol dos outros acaba retornando para nós mesmos, de maneiras que nem imaginamos.
E até hoje nunca me decepcionei por pensar dessa maneira, que a maioria julga ser uma mera tolice.
Um abraço,
Jeff
É isso aí Jeff.
ResponderExcluirÉ a "Corrente do Bem". De preferência sem o final triste do filme.
Já que estamos contando "causos", vou contar um meu.
Estava num retão na região de Cachoeiras de Macacu - RJ, seguindo uma camionete. De repente, acho que depois de olhar por cima do ombro pra matar o ponto cego ou um momento de perda de concentração (..."a sorte vai nos proteger, enquanto eu andar distraído"... Titãs). Apareceu um carrinho de bebê na minha trajetória. Não, não era "O Encouraçado Potemkin", nem os "Intocáveis" do Brian de Palma, que homenageou o primeiro. (Rs).
Não sei se caiu da camionete com a porta traseira mal trancada (o mais provável) ou se ele desviou sem se preocupar com quem vinha atrás. Por sorte eu estava com espaço pra parar e sinalizar pra van de passageiros que vinha atrás. O motorista parou, e aguardou que eu levasse a moto pro acostamento. Quando desci da moto, no acostamento, e me preparava pra retirar o carrinho de bebê... vi a tempo de não ser atropelado, um "cidadão", que tentava ultrapassar pelo acostamento, a van que me dava cobertura. Consegui fazê-lo parar fazendo mímica, eu estava com capacete (que sempre foi do tipo fechado). Depois, começou uma troca de xingamentos entre o motorista que me dava cobertura e o "cidadão", que quase me atropelou.
Coloquei o carrinho na beira do mato, fora do acostamento. Agradeci o motorista da van. E saí rápido dali. Pra me afastar o máximo possível do "cidadão".
Essas situações são sempre tensas...
ResponderExcluirO risco de parar em uma estrada é muito grande, as coisas acontecem muito rápido. Você teve sorte de escapar ileso, mas muitos socorristas não tiveram chance.
E falando em Encouraçado Potemkin homenageado em Intocáveis, não podemos esquecer da clássica homenagem aos dois filmes:
https://www.youtube.com/watch?v=NaXShTVFe9c
Um abraço,
Jeff