Olá, pessoal
que adora enforcar o trabalho estava saudoso
deste blog!
Depois de
longo e tenebroso verão, graças à ajuda dos amigos, volto a escrever por aqui!
Acho que
quase todo mundo ficou sem saber o motivo de o blog ter ficado fora do ar por
todo esse tempo, então a primeira coisa que farei será relatar o que aconteceu.
Senta que lá vem história...
Para
começar, os boatos sobre minha abdução foram muito exagerados.
Apesar da grande
semelhança física e comportamental,
garanto que não sou eu nessa foto.
Nunca fui abduzido e nem me implantaram nada porque uso religiosamente
meu capacete de papel alumínio até na hora do banho. Só atrapalha um pouco na hora do xampu.
A verdade verdadeira
é que fiquei sem trabalho em setembro e ao final de dezembro me impeacharam o
acesso à internet apesar de todas as minhas esperneadas fiscais. As postagens
publicadas depois disso foram aquelas que já estavam programadas e mais uma ou
outra feita na lan house.
Infelizmente
não deu para manter o blog via lan house porque eles queriam me cobrar pelo uso
dos computadores, olha que absurdo.
Malditos
capitalistas selvagens.
Fazer pagamentos
pelo uso de computadores de lan houses vai contra meus princípios, principalmente o principal deles, o da
sobrevivência a todo custo.
Então em
fevereiro tem carnaval e eu, sem fusca e sem violão, às vésperas dos 55 anos, vi
que era hora de sair de Santa Catarina (mesmo
porque com a luz cortada a coisa ficou preta) e fazer como muitos
brasileiros, voltar a viver como há 30 anos atrás e envelhecer 10 semanas a
cada hora na casa do pápi em Santo André, São Paulo.
Teria saído
já em dezembro se tivesse conseguido vender a Edith — mas vender moto chinesa é
coisa pra Tom Cruise, né? Só tenho a agradecer a Deus porque pude contar com
ela para me salvar de ir para a cadeia por calote generalizado. Alguém ainda vai para a cadeia por dar
calote?
Então veio a
fatídica semana antes do carnaval. No começo de fevereiro, empenhado em achar
um novo lar para Edith, fazendo malas e bagagens, fui atacado pela pior crise
de artrite de toda minha vida — e olha que não foram poucas.
Resultou que
acabei passando o carnaval e mais uma temporada por cortesia do SUS — exatos 30
dias com direito a internação, anestésicos, duas cirurgias, raios xises e até
tomografia.
Fora a
dorzinha — dorzinha o cacete — foram os 30 dias mais tranquilos da minha vida, com
muito tempo livre, pouca boca livre e morfina na veia 24 horas, uma beleza. Morfina
é um medicamento e seu uso sem recomendação médica causa dependência, bobeira e
morte. Use apenas por orientação médica e em caso de extrema necessidade.
Aprecie com moderação.
O bom da
morfina é que ela faz você esquecer a dor, então enquanto você está lá deitado na
cama olhando para o teto espetado naquela máquina que faz ping para não te deixar dormir te fazer respirar,
a morfina te faz imaginar um cenário bem bacana.
Ela te dá sonhos
bons e outros nem tanto... participei de uma festa de boas vindas com minha
mãe, meus avós, tios e primos que eu não via há anos, num lugar branco com todo
mundo vestido de branco... tive altos papos com Jim Morrison e companhia.
Curiosamente, todo mundo nos meus sonhos morava do lado de lá, por que será?
Morfina,
soro, insulina (descobriram que também estou com diabetes), remédio para
abaixar a pressão, remédio para subir a pressão, antibiótico, remédio para remediar
o antibiótico, injeção para proteger o estômago contra os comprimidos,
comprimido para a dor da injeção... perdi a conta de tanta tranqueira e no
final eu parecia câmara de pneu de motoboy, só furo e remendo para tudo que é
lado.
Mas o saldo
dessa temporada no hospital é longo e eu pretendo contar em um livro. Acho que
sou o único motociclista que foi para o estaleiro da ortopedia sem precisar cair
da moto. Muitas histórias. Se alguém
quiser reservar o livro, me confirme que eu envio para você o número da minha conta
para o depósito do sinal, o primeiro carnê de mensalidades e o contrato
vitalício. E você ainda ganha totalmente grátis uma linda gaze autografada.
Mas tudo que
é bom acaba, e tive que enfrentar a realidade da vida aqui fora.
No começo de
março precisaram desocupar o leito para fazer andar a fila de motociclistas lá nas
macas dos corredores.
Catei os
cacos e me arrastei
arrastaram de cadeira de rodas direto até a rodoviária, onde amigos me pagaram
o ônibus para casa — sem malas e sem bagagens.
Não cheguei
nem com a roupa do corpo, porque sumiram com ela lá no hospital.
Só não
voltei pelado porque a assistência social do hospital me deu algumas roupas — a
coisa mais próxima de uma calça, que não era uma cueca, era uma bermuda. Rasgada.
Também ganhei
um par de chinelos zero km do Aristides, vizinho de quarto, um cara super
bacana que se revoltou de eu ser obrigado a pisar descalço no chão do hospital
e fez o filho dele atrasar a visita para me comprar as havaianas. Só podia
mesmo ser motociclista para ter esse espírito. Obrigado, Aristides!
Só consegui trazer
de Santa Catarina a roupa doada, meus chinelos novos, minhas botas e o edredom
que os bombeiros usaram para me carregar escada abaixo, todas minhas outras coisas
ficaram lá no apartamento e foram resgatadas pelo Daniel. Humm... dia desses preciso dar um pulo na casa dele pra pegar. A publicação desta postagem atrasou tanto que já tem novidade, se puder conto ainda neste fim de semana!!!
Para ser
perfeito só faltam os vidros na janela, mas para isso existe papelão.
Aí você me
pergunta:
O que aconteceu com as motos? O que você fez com a Edith e a Jezebel?
O que aconteceu com as motos? O que você fez com a Edith e a Jezebel?
A pobrezinha
da Edith se sacrificou por mim. Foi vendida pelos credores para pagar o aluguel
e a comida que estavam pendurados há alguns meses. Foi um período difícil.
A última coisa que fiz antes de voltar para
Sampa foi a transferência dela no cartório. Nem pude me despedir, a coitadinha
foi vendida enquanto eu ainda estava proseando com o Jimmy Hendrix.
Já a Jezebel
está até agora na garagem do prédio, ou talvez na casa do Daniel, nem sei. Vou
buscá-la assim que as condições melhorarem, porque não sei se já posso pilotar
— só voltei a andar com os pés (dããã...)
sem precisar daquela bengala de quatro pernas no final de abril.
E somente obtive meios de escrever e me comunicar agora em maio, mais uma vez graças aos esforços dos amigos Vinícius, Marlene e Edifrans — meu computador também ficou lá em Santa Catarina com o Daniel e a Meri. Tenho novidades sobre isso também, com a participação do membro (epa!) e amigo fundador dos WD±40, o Wandão!
E somente obtive meios de escrever e me comunicar agora em maio, mais uma vez graças aos esforços dos amigos Vinícius, Marlene e Edifrans — meu computador também ficou lá em Santa Catarina com o Daniel e a Meri. Tenho novidades sobre isso também, com a participação do membro (epa!) e amigo fundador dos WD±40, o Wandão!
Continuo sem
trabalho, eu e mais 10.999.999 brasileiros — só o pessoal lá do velho teatro dos
vampiros que perde o emprego e continua com salário — então não sei quanto
tempo levarei para recuperar tudo que perdi nessa marolinha. Vou lançar o livro a preço promocional,
seja um dos 1.000 que farão um sacrifício de 10.000 reais na minha conta. Envie
sua oferta e fique bem na fita com o pessoal lá de cima. Não envie e se entenda
com o pessoal lá de baixo. Brincadeirinha.
Toda essa
experiência serviu para reforçar algo muito importante, que eu já sabia, mas no
corre-corre do dia a dia a gente se esquece de valorizar como se deve.
De uma coisa
eu tenho certeza:
Por mais escura e tempestuosa que
seja a noite... quem tem amigos, nunca está sozinho!
Teve uma hora
que cheguei a acreditar que não veria o outro lado — mas não podemos desistir
nunca! O outro lado da travessia, não o
Além... mas bem que cheguei a ter uns vislumbres.
Espero
retomar as postagens em breve — ainda estou com algumas POSTAGENS atravessadas
na garganta desde o ano passado, se prepare que vem bomba por aí...
Assim que
conseguir acesso contínuo à internet pretendo ler todas as mensagens enviadas
para o blog e responder ao máximo delas que puder, mas será difícil... pude ver
rapidamente a minha caixa de email e devem ser muitas centenas, que desde já
agradeço e peço desculpas se não puder responder.
Um forte
abraço a todos, e especialmente a minha filha, parentes e aos grandes amigos e
amigas WD±40 que tanto me apoiaram, ajudaram e torceram por mim nessa travessia, conseguindo ou
não falar comigo!
Jeff
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