É assim que se morre de moto

É pilotando exatamente da maneira mostrada neste vídeo que o pessoal se mata no trânsito.

Assista até o fim, é uma verdadeira aula de como uma pilotagem imprudente te coloca em situações perigosas das quais você pensa que tem o controle, mas não tem não.

Pode assistir sem receio. Por mais incrível que pareça, ninguém morre e não tem nenhuma fratura exposta, nem sangue pingando.

Quando comecei a assistir o vídeo, imaginei o cara com a filmadora se estatelando, porque ele fez por merecer se arriscou demais.

Costurar entre as faixas, avançar na área de separação de pistas e acostamento com faixas brancas pintadas e muita sujeira, velocidade muito superior ao fluxo de trânsito, ultrapassando todo mundo pela direita.... o cara estava pedindo por uma.

Se continuar procurando assim, vai encontrar novamente, e mais cedo do que ele imagina.

Na hora que o cara se enfiou entre os dois caminhões, falei "víxi, mór-réu..."

E aí ocorre o inesperado, vem um cara ainda mais louco que ele querendo ultrapassar pela direita, no meio do corredor, com o trânsito em movimento...

O cara vinha na cola e não imaginou que a moto da frente pudesse ser obrigada a parar, não teve como frear e acabou sobrando pra ele.

Note que o capacete mal ajustado e mal afivelado foi a primeira coisa que saiu voando quando ele bateu no pneu pela primeira vez.

Até fui conferir se o vídeo tinha sido filmado aqui na Via Expressa ou na Marginal Tietê, porque é assim mesmo que o pessoal se mata no trânsito, seja aqui ou do outro lado do mundo. 

Como disse o Vinícius, que me passou o vídeo:

PQP, anjo da guarda cobrando adicional...

E eu digo: 

Adicional merecido!

Um abraço,

Jeff e Vinícius

Como levantar uma moto pesada sem ajuda?

Sozinho no meio do mato, você deixou sua moto grande e pesada cair. 

Sua moto de grande cilindrada pesa uns 200 kg, e carregada e abastecida passa dos 250 kg.

Ou pior ainda... você derrubou uma moto que pesa quase 400 kg. Aí você se pergunta, como levantar uma honda Goldwing com o tanque cheio? 

Por sorte não tinha ninguém por perto para filmar e colocar no youtube. Em compensação, também não tem ninguém por perto para te ajudar a levantar a moto.

Como levantar sozinho uma moto caída que pesa duas ou três vezes mais do que você?

Não se preocupe, isso já aconteceu com todo mundo, até com um amigo meu.

Veja como entrar e sair calmamente dessa situação:

A técnica mais indicada para derrubar e levantar motos muito pesadas é esta mostrada no vídeo.

Não tente levantar a moto se dobrando sobre ela para erguê-la com as mãos, você poderá lesionar a coluna permanentemente — dores nas costas pelo resto da vida.

Faça a manobra mostrada no vídeo com a moto engatada para evitar que ela saia andando ladeira abaixo assim que ficar de pé.

Estabilize a moto, abaixe-se ao lado dela de costas para a moto, segure-a em pontos resistentes, se apoie contra o banco — não se sente sobre ele — e empurre a moto progressivamente com as pernas e a...ahn... parte do seu corpo em contato com o banco. 

Ande para trás até deixá-la vertical — e não deixe a moto cair para o outro lado! Se tiver que empurrar contra o lado do cavalete, lembre-se de abaixá-lo primeiro. 

Não ficou claro no primeiro vídeo?

Veja o procedimento bem explicado em detalhes neste outro.

Veja que até uma garota consegue erguer uma moto pesada como uma Harley. 




Note que você deve segurar com a mão direita no ponto mais baixo possível para facilitar erguer a moto.

E como você viu, existe mais uma técnica (que eu acho mais simples), mas que depende de um pouco mais de força:

Levante a moto pelo guidão ao mesmo tempo em que usa todo o peso do corpo para empurrar a moto com a perna e o quadril — cuidado com o motor e o escapamento quentes!

O guidão tem que estar virado na direção do tombo, a transmissão em marcha, e a roda dianteira freada para que ela não se mova e desperdice o seu esforço.

Faça força somente sobre pontos resistentes da moto. Carenagens, bancos, para-lamas e piscas irão se soltar, quebrar ou deformar facilmente.

No vídeo ele mostra o uso de uma cinta (ou um cinto, numa emergência) para o caso de sua moto não possuir pontos acessíveis para agarrar. 

Agora que você aprendeu a técnica básica, chegou a hora de conhecer a técnica avançada com as dicas de um profissional (assista com som):



Espero que nunca precise!

Um abraço,

Jeff

A moto morre depois de 100 metros

Respondendo ao leitor Marcus Vinicius:

Bom dia !!! Minha Falcon quando fica parada na chuva até liga normal, mas quando ando 100 metros ela começa a falhar somente quando acelero (na lenta ela funciona normal). Já troquei cachimbo e ainda continua ... o que pode ser ???? Se alguém puder ajudar, fico grato.

Atualização:
Descobri um macete novo, verifique antes de tudo se o seu miolo da chave da tampa do tanque de combustível não está obstruído! Explicações na postagem Minha moto anda 1 km e para de funcionar sem motivo, ou não dá partida pela manhã.

Se não resolver, volte para esta postagem.

Trocamos algumas ideias e isso está parecendo duas coisas:

Ou é uma infiltração de água no tanque de combustível, ou é encantamento da boia do carburador (se ela for carburada) — que por coincidência ocorreu em dias de chuva. 

Se fosse umidade no cachimbo, ficaria ruim de ligar também.

Rodando 100 metros, a moto está rodando apenas com a gasolina da cuba, aí esse combustível acaba e começa a entrar a gasolina supostamente contaminada com água do tanque...

Para solucionar essa hipótese, abra o parafuso de drenagem da cuba e o registro de combustível e retire um pouco de gasolina. 

A água é mais pesada, se acumula no fundo do tanque e da cuba, e será a primeira coisa a ir embora.

Como lembrado pelo leitor Rogerio Kozima (veja abaixo), essa gasolina não terá aparência de gasolina, mas parecerá uma água contaminada com gasolina. Para mais informações, leia a postagem Água na gasolina falsa.

Ou então, se a gasolina estiver boa, pode ser que não esteja entrando no carburador, ou esteja entrando muito pouca, porque a boia está 'encantada' na posição fechada, e ela está encantando por algum motivo relacionado à chuva.

Por coincidência, ontem resolvi um problema parecido.

Deixei uma das motos (Edith) parada por uns dias e choveu bastante nos primeiros dias. Ela não fica exposta à chuva direta, somente a poucos respingos. (E agora nem isso, que ela ganhou uma capa). 

Aí o motor se recusou a dar partida. 

Quer dizer, ela até pegava com facilidade na primeira tentativa e mantinha a marcha lenta, mas morria assim que eu acelerava, Depois disso, ela nem ameaçava pegar.

Esse é um sintoma que um mecânico diria que é giclê entupido e te cobraria uma desmontagem e limpeza desnecessárias.

Resulta que ela acabou ficando parada por mais alguns dias até eu ter paciência de pegar as ferramentas e mexer, e ela voltou a funcionar assim que desencantei as boias dos carburadores — Edith tem carburação dupla.

Bastou colocar a moto vertical e dar umas pancadinhas leves com o cabo de um martelo na aba reforçada de ambos os carburadores (flange da cuba) e as boias voltaram a funcionar normalmente.

Como estava com ferramentas, também aproveitei para abrir os dois parafusos de drenagem das cubas para escoar a gasolina eventualmente contaminada e garantir que o motor funcionasse de primeira, porque a bateria já não estava totalmente carregada depois de tantos dias e tentativas.

Interessante que inicialmente bati apenas em um carburador e ela funcionou com apenas um cilindro. Assim que bati no segundo carburador, o motor deu partida e funcionou normalmente.

Motos que usam cavalete lateral estão mais sujeitas ao encantamento da boia, e talvez as condições climáticas tenham influência nisso.

Penso que nos dias de chuva o carburador esfrie muito rápido, fazendo o metal se contrair e deixando a boia em uma posição forçada, facilitando seu travamento por estar apoiada na lateral do mancal dentro da cuba... 

A outra moto (Jezebel) possui cavalete central e sempre a deixo vertical, e ela nunca me deu esse tipo de problema.

É uma teoria.

PS: Veja as dicas do leitor Rogerio Kozima, também proprietário de Falcon:

Isso parece ter mais a ver com parte elétrica mesmo. Eu sei porque tenho uma Falcon e ela teima em ter alguns problemas na parte elétrica. 

Recomendo verificar se o cabo da bobina de faísca e os conectores do sensor de ignição estão livres de oxidação. 

Também é necessário dizer que algumas Falcons têm o costume de morrer quando aceleradas porque estão com algum furo no diafragma. 

Existe também a probabilidade de ter entrado um pouco de água no tanque da moto, daí ela só funciona com o afogador puxado e sem acelerar. 

Isso ocorre quando sua moto fica com o bocal do tanque perto de uma goteira. É bem mais comum do que aparenta. 

Até a gasolina contaminada descer para a cuba se vão alguns metros a serem percorridos, aí o problema aparece. 

Não adianta esgotar a gasolina da cuba, deve tirar grande parte da gasolina, já que a água é mais densa que a gasolina e vai se acumular no fundo do tanque da moto, lembrando que ela não vai parecer gasolina, já que estará combinada com o álcool da gasolina. 

Espero ter ajudado.

Ajudou sim, Rogerio, tanto que transcrevi seu comentário para cá para que fique sempre visível (nem todo mundo consegue visualizar os comentários na mesma página da postagem). Muito obrigado!

Boa sorte,

Jeff e Daniel

Adeus, tim

Nos últimos dias a tim tem abusado de seus clientes de uma maneira absurda.

De uma hora para outra, passei a receber mensagens de serviços não solicitados e não contratados contendo dicas de gastronomia, dicas de saúde, dicas de moda, concursos de premiações, um monte de lixo inútil, cada um desses "serviços" abatidos de meus créditos na casa de 2 reais por semana. 

Serviços que são renovados automaticamente sem minha solicitação, e que para seu cancelamento exigem que você digite protocolos de 10 dígitos.

Você cancela um e aparece outro "serviço" no lugar.

Hoje a tim extrapolou todos os limites.

Recebi uma mensagem de que havia um recado na minha caixa postal.

Liguei *100 e uma mensagem gravada me ofereceu um novo serviço, "receba seus recados da caixa postal na forma de torpedos por apenas R$ 1,50 por semana! Digite 1 agora." — silêncio...

Macaco velho não digitou 1 e ficou esperando.

Aí veio a mensagem "Para ouvir seu recado, continue na linha".

Ou seja, se o macaco velho tivesse digitado 1 pensando que isso fazia parte do procedimento necessário para ouvir o recado, apenas teria contratado mais um serviço indesejado sugador de créditos graças a um expediente espertinho do marketing imbecil dessa empresa, que parece interessada em afugentar seus clientes.

Milhões de brasileiros estão caindo nessa.

Minha internet 3G tim foi um lixo que entregou 30 a 40 kB durante mais de um ano, salvo madrugadas, e que só ficou decente durante o dia quando eu já tinha contratado e aguardava a instalação de um serviço a cabo — foi tarde demais, tim. Vocês já haviam perdido um cliente de 3G.

Ontem precisei fazer um telefonema urgente e descobri que a totalidade dos créditos colocados na véspera tinham sido consumidos pelos serviços que não contratei.

tim, essa foi a gota d'água que me fez escrever este bilhete de adeus.

Tenho raiva desse empresa por usar táticas tão desleais como essa. 

Vocês acabam de perder também o cliente de telefonia.

E assim como eu, vários de seus clientes estão dizendo neste instante:

Adeus, tim!

Até nunca mais, e não agradecemos pelos peixes!

Estavam podres!

Seu ex-cliente,

Jefferson

Uma moto, um violão

Um cantinho, um violão, uma moto, um caminhão...

O que pode dar errado?



Ao transportar uma carga desajeitada como um violão, guitarra, muletas (já vi muitas! e geralmente, eram do piloto com o pé engessado...), nunca se esqueça que ela se projeta para as laterais, bem além da largura do guidão.

Mesmo que você coloque uma carga como um violão bem vertical, mas não fixada corretamente, ela se deslocará com a trepidação e se projetará para fora.

Uma grande mochila presa à sissy bar de uma moto custom também se deslocará se não estiver bem fixada, podendo atrapalhar a passagem no corredor ou te desequilibrar.

Então, ao transportar cargas desajeitadas, não tente passar pelo corredor, mesmo que o trânsito esteja parado.

Basta um esbarrão para mudar sua vida para sempre.

E os seus amigos e familiares querem a vida sempre assim com você perto de mim.

Ops, já ia me esquecendo:

Nunca socorra uma vítima de acidente fazendo o que o piloto da moto fez, tentando colocar o acidentado de pé!

Alguma fratura que poderia ser imobilizada e tratada facilmente, se tornará uma fratura exposta com severa hemorragia e complicada recuperação por pinagem e fisioterapia.

Na melhor das hipóteses. 

Um abraço,

Jeff

Outras ruas, outras cidades

Pesquisa: http://g1.globo.com/busca/?q=schroeder&st=G1&sct=G1

Esta imagem foi obtida em uma pesquisa no g1 a respeito de notícias sobre a cidade de Schroeder, em Santa Catarina. 

Eu apenas alterei a sequência para poder contar melhor a história.

Me chamou a atenção esta inusitada série de conexões...

Eu tinha acabado de escrever a postagem de ontem sobre o acidente da ultrapassagem em local proibido em Içara. 

Na pesquisa do g1, a foto do Rodrigo, a vítima, saiu associada à morte de outro motociclista que morreu em um acidente na cidade de Schroeder.

Schroeder tinha sido notícia aqui na região na semana passada com este vídeo postado na internet:

Vídeo: http://globotv.globo.com/rbs-sc/g1-sc/v/cachorro-e-flagrado-cavalgando-em-schroeder/3723196/

Não consegui importar o vídeo, assista lá no link com som e contemple todo o inusitado da cena que fez o autor gargalhar e postar na internet, depois volte para cá.

Aí vem essa triste (e feliz) coincidência, a notícia sobre os bombeiros que iam de Schroeder à cidade vizinha para o velório de um companheiro e pararam para atender a um acidente:

Reportagem: http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2014/11/bombeiros-que-iam-velorio-param-ao-ver-acidente-grave-e-socorrem-vitimas.html

E fechando as conexões, vem a razão desta postagem:

Reportagem: http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2014/11/policial-militar-de-schroeder-morre-em-acidente-de-moto-em-guaramirim.html

Sim, o autor do vídeo, o policial militar que acredito ser a pessoa rindo enquanto filmava o cachorro cavaleiro, também era motociclista e morreu em um acidente ontem, menos de um mês depois de postar o vídeo.

Ao final, todos os fatos desconexos se encadearam.

São impressionantes essas conexões ao acaso(?) e a ironia com que a Vida nos é presenteada. 

Uma série de postagens sobre motos esportivas culminou com o acidente de um motociclista, que o algoritmo do robô de buscas associou à trajetória de outro motociclista de outra cidade, aparentemente sem relação, fazendo com que Rodrigo e Osdenir se tornassem manchetes no mesmo bloco de notícias.

Seus amigos, indo para o funeral em Schroeder, passaram pelo local de outro acidente grave no momento exato para que pudessem salvar uma vida.

Google Maps

Schroeder e Içara estão distantes no mapa...

Haverá algum sentido nessas coincidências?

Talvez o significado da Vida seja mesmo carpe diem.

Faça a colheita dos dias. 

Aproveite os dias que passam, porque nunca sabemos quando os dias se acabarão.

Não deixe de rir quando te der vontade, não deixe de compartilhar sua alegria com os amigos, não deixe de compartilhar com todos, até mesmo com as pessoas que você nunca irá conhecer.

Viva e celebre a Vida.

E não deixe de chorar quando algo te emocionar.

Não perca essa capacidade nunca, esse é o verdadeiro significado da Vida.

Carpe diem,

Jeff

Suicídios e assassinatos

Reportagem: http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2014/11/motociclista-faz-ultrapassagem-em-local-proibido-e-duas-pessoas-morrem.html

Outro dia comentei sobre as motos trail serem mais perigosas do que as outras.

Elas são, mas nada tira o título de motos mais perigosas das esportivas.

E acidentes feios, viu?

Donos de esportivas têm paixão por velocidade, e não perdem uma oportunidade para tirar o máximo que a moto pode dar. 

Você viu os filmes dos últimos dias, parecia até uma preparação premonitória para esta postagem.

Esportivas induzem seus donos a abusar da velocidade e a fazer ultrapassagens arriscadas, confiando absolutamente na habilidade que eles pensam que têm.

Fala sério, a imensa maioria dos caras que compra uma esportiva passaria a maior vergonha se fosse colocado em uma competição de verdade junto com pilotos profissionais — raríssimos obteriam algum destaque, só mesmo aqueles que nasceram com o dom da pilotagem.

O que você mais vê entre os donos de esportivas são os famosos "pilotos de reta", que só sabem enrolar o cabo do acelerador, coisa que não requer habilidade — em movimento acima de uma velocidade mínima, a moto se equilibra sozinha e até um urso sai pilotando. 



E esses caras se acham os tais, costurando na rodovia a 140, 200 km/h, te ultrapassando a 10 centímetros pela direita na faixa da direita em total desrespeito às leis de trânsito. Alguns deles altamente cheirados.

Na hora que chega uma curva que exija um pouco mais de técnica, como frenagem, pêndulo e contra-esterço, um piloto hábil com uma moto esportiva menos potente consegue ultrapassá-los facilmente. Pelo menos até a próxima reta.

É a mesma coisa que vemos com o pessoal dos carros rebaixados e motores envenenados:

Não veem a hora de exibir suas "habilidades" e sentir o resultado de seus venenos. 

Matéria: http://www.carros-modificados-online.com/acidentes-de-carro.php

Desgraçadamente, em vias públicas. Matando e morrendo.

O Rodrigo, o piloto assassinado aos 21 anos, tinha a vida toda pela frente. 

Voltava para casa do trabalho que lhe permitiu comprar sua primeira moto, quando teve a infelicidade de encontrar um desses pilotos inábeis pilotando de maneira suicida uma assassina Ninja — talvez sua primeira moto, porque pilotos inábeis e/ou irresponsáveis não chegam a comprar a segunda.

O suicida da Ninja tentou uma ultrapassagem proibida que não deu certo. Cometeu um crime de assassinato e teve punição imediata, a mais severa de todas.

Agora só restou a tristeza das famílias e amigos.

Se você quiser ter uma moto potente, não se deixe empolgar pelo canto da sereia.

É lindo o ronco do motor em alta rotação. 

Mas como você viu nos vídeos da semana passada, hoje em dia nem as estradas desertas estão desertas.

Não há mais lugar para rachas e abusos. 

Esse tempo acabou, pertence a uma época dourada que não volta mais, e que apenas os sobreviventes guardaram e guardarão na memória.

Pense em sua vida e também na dos outros. 

Ter uma moto esportiva não te dá o direito de sair por aí matando.

Um abraço,

Jeff

Pneu liso faz a moto andar mais rápido?

Pneu careca faz a moto andar mais rápido? 

Pneu careca só é perigoso com chuva?

Não, não e não.

Vamos esclarecer alguns pontos.

Pneu slick é uma coisa, pneu careca é outra.

Pneu careca só é perigoso.

E um pneu slick com a banda de rodagem desgastada também sofre dos mesmos males do pneu careca...



Algumas pessoas pensam que quanto mais liso ou careca um pneu, melhor o desempenho da moto e a aderência nas curvas. 

Isso é relativo.

Eles tiram essa ideia vendo as motos de alto desempenho e carros de competição que usam pneu slick, totalmente sem sulcos.

Matéria: http://www.moto.com.br/testes/conteudo/michelin_traz_pneus_de_alta_performance_para_o_brasil-53363.html

Um pneu totalmente novo, comum ou slick, é escorregadio devido à cera usada na sua fabricação — ela precisará ser removida de toda a área que entrará em contato com o solo, inclusive as laterais quando a moto se inclina.

Depois disso, a banda de rodagem terá uma certa quantidade de borracha a ser usada, e ela é limitada. 

Então o pneu slick novo tem uma camada de borracha que no pneu comum careca não existe mais, já virou pó da estrada.

O que muita gente ignora é que os pneus slick para competição são feitos de borracha super macia, e os pneus de alto desempenho são feitos de borracha muito macia — uns são feitos para durar uma única corrida, os outros para durar quilometragens baixas. 

Esses pneus colam no chão que nem chiclete, mas se desgastam num piscar de olhos, o que pode levar a surpresas desagradáveis.

São diferentes dos pneus comuns para uso no dia a dia, que usam borracha mais dura (e menos aderente), mas em compensação duram muito mais.

O pneu careca até melhora um pouco o desempenho (por causa da maior área de contato com o solo), e dá a ilusão de que a moto está andando mais porque o motor gira mais alto para percorrer a mesma distância.

Isso acontece porque a circunferência do pneu desgastado é menor, o motor faz menos força, mas cada volta percorre uma distância proporcionalmente menor — você não ganha velocidade, apenas ronco de motor.

Velocímetros baseados na velocidade de giro da roda também indicam uma velocidade maior — falsa — porque o pneu desgastado tem um perímetro menor, então precisa de mais voltas para percorrer a mesma distância, e faz isso girando mais rápido. 

E as desvantagens de pneus carecas e lisos são inúmeras. 

O que resta da borracha é a mesma da banda de rodagem, mas como fica muito perto da malha do pneu, além de correr o risco de furar, a borracha pode se descolar da carcaça (malha de aço ou nylon da armadura do pneu), além de poder formar bolhas com o aquecimento do pneu devido ao atrito gerado com o solo.

Aí o novato, desconhecendo tudo isso, vai na ilusão de que o segredo do bom desempenho está na falta de sulcos, abusa dos pneus comuns carecas, abusa dos pneus slick carecas e, quando vê, já está sendo atendido pelo SAMU.

Nem vou falar de como os pneus carecas furam com muito mais facilidade — 80% dos furos acontecem nos últimos 20% da vida do pneu, afirmou um fabricante. 

E eu confirmei por experiência própria com minha primeira moto; hoje eu não espero mais o pneu carecar para fazer a troca. 

A borracha mais dura do pneu comum (em relação ao pneu slick) quando fica careca, não tem a mesma aderência que a borracha macia do pneu slick.

E mesmo um pneu slick desgastado perde a aderência, aí basta um toquinho no freio e é chão...

Pneu slick só é bom (muito bom) em pistas controladas, pois as mesmas são limpas (varridas constantemente e monitoradas quanto a sujeira / óleo / ou qualquer detrito), diferentemente das ruas, onde há areia / areião / graxa / óleo e demais sujeiras comumente encontradas nas ruas / rodovias. 

Um pneu com sulcos ajuda a aderir nessa situação de pista suja, pois ao perder a aderência e escorregar pela superfície da pista, a sujeira acaba indo para os sulcos, fazendo com que o pneu tenha aderência ao asfalto, mesmo que de forma intermitente devido ao giro da roda.

Notou a areiazinha ridícula que derrubou a moto? 

Ela aparece no momento 0:25 da gravação, embaixo da traseira da moto. 

Este mesmo acidente também foi filmado pela câmera do capacete do piloto. Pule direto (ou não) para os 6:45 minutos.

O que podemos aprender com este acidente?

Zoar moto lenta dá azar.

Praga de harleiro pega.

Sulcos são necessários — a menos que você esteja disputando GPs.

Pneu tem que estar em boas condições, calibrado na pressão correta medida a frio e com a borracha da banda de rodagem aquecida antes de ser exigido seriamente em alta velocidade, outro cuidado que o pessoal desconhece ou negligencia. 

E você não deve usar o freio dianteiro no meio de uma curva, a menos que saiba exatamente como ele irá reagir — o que é extremamente enganoso.

Uma variação mínima da reação e você não terá mais nada a fazer, só recolher os caquinhos.

Se você não tomar cuidado, uma moto rápida pode acabar com sua alegria rapidinho.

Então já sabe:

Pneu careca só dá azar.

Respostas para as perguntas que poderão fazer sobre esta postagem:

Em resumo, pneu careca adere mais do que um com sulcos? 

Dependendo da qualidade do asfalto e do tipo de borracha do pneu, sim, mas é uma b@st@ (eita!) 

Pneu careca é seguro? 

Tão seguro quanto fazer um puxadinho e morar ao lado do que restou do reator de Chernobil.

Pneu liso é aconselhável? 

Tanto quanto adoçar café com cianeto!


E se chover, o que faço se o pneu estiver careca? 

Adapte um rodo e um secador de cabelo na frente do pneu, assim andarás sempre em pista limpa e seca!

Um abraço,

Jeff e Daniel

Chicotadas e curvas

Não é só ralar a pedaleira que pode fazer o piloto perder o controle da moto.

A chicotada acontece quando a roda traseira derrapa, perde tração momentaneamente e a moto gira de lado, ficando atravessada na pista.

Ao ficar atravessada, as duas rodas deixam de facilitar o deslocamento da moto e passam a oferecer uma enorme resistência ao movimento.

E como a inércia faz a moto continuar se deslocando na direção do movimento inicial, o resultado é aquele coice que joga o piloto para o alto e avante  para o infinito e além para cima e para frente.

Melhor do que explicar é mostrar:



Notou como a moto trava nas rodas, ameaça capotar, gira por 180 graus antes de cair, gira por mais 180 graus no chão e continua se deslocando sempre na mesma trajetória?

É uma lei da Física descoberta por Galileu em 1600:

Se nenhuma força interferir, um objeto ou corpo continuará a se movimentar na mesma direção e velocidade indefinidamente.

Na vida real, a motocicleta acaba parando porque a força do atrito com o solo, a resistência do ar (pequena, mas existe) e os palavrões ditos pelo piloto (intensos, muito intensos) interrompem o movimento em poucos metros. 

Esse tipo de acidente ocorre por:

- travamento da roda traseira devido à frenagem excessiva;

- aceleração excessiva ao sair de uma curva;

- esterçamento excessivo da moto deslocando peso para a roda dianteira ao fazer o pêndulo, fazendo a roda traseira derrapar para o lado;

- exceder a aderência da lateral do pneu por excesso de velocidade — o que geralmente causa uma derrapagem e queda como as dos vídeos de ontem;

- uma mudança inesperada no atrito da superfície (água, óleo, poeira, cascalho, etc.);

- redução da força sobre o pneu traseiro ao raspar partes da moto na pista — o que também pode fazer com que ela derrape em vez de chicotear ou capotar.

É o que diz a wikipedia.

Para você ver o quanto a coisa é traiçoeira, veja este outro vídeo do RNickeyMouse.

O mesmo cara faz a mesma curva três vezes buscando a perfeição da tocada.

Na terceira vez, descobre o limite e aí é muito difícil salvar.

Mesma moto, mesmo piloto, mesmos pneus, mesmo dia, mesmas condições da pista. 

Aparentemente, a pressão dos pneus estava muito alta devido ao aumento da temperatura do asfalto, e isso foi ignorado pelo piloto — rodar no limite exige parâmetros perfeitos.

É muito difícil se recuperar de uma chicotada, e isso envolve sorte e reflexos rápidos; de fato, mais sorte do que qualquer outra coisa:

Veja que é uma situação comum em competições, e muita gente nesse filme só se salvou porque tinha uma pista desimpedida ou uma área de escape.

Na vida real, na estrada, com trânsito em ambos os sentidos, essas ocorrências ficam registradas apenas como:

Reportagem: http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2011/08/motociclista-morre-apos-perder-controle-e-cair-em-tres-lagoas-ms.html

Acidentes inexplicáveis para quem não sabe do que uma moto é capaz e já compra uma esportiva ou custom de alta cilindrada logo de cara.

Infelizmente, descobre da pior maneira possível, porque ninguém na motoescola vai alertar, e na concessionária muito menos.

Aliás, muita gente que tem grana para comprar uma esportiva não tem tempo para frequentar motoescola... compra também a habilitação e sai por aí. 

Falo desse risco de começar com uma esportiva ou custom de alta cilindrada desde o início — se você ainda não leu, dê uma conferida na Apresentação.

Quem quiser ter uma moto esportiva, ou uma grandalhona, tem obrigação de fazer um curso de pilotagem profissional e outro de pilotagem defensiva — mas não para sair por aí pensando que é o Valentino Rossi (ou o Peter Fonda)! 

Deve fazer o curso, no mínimo, para não morrer (ou matar) de bobeira.

Um abraço, juízo e muito cuidado com sua primeira moto,

Jeff

Curvas e tombos

RNickeyMouse tem um canal de vídeos muito interessante dedicado a acompanhar o pessoal que se aventura com suas motos em Mulholland Drive, na Califórnia.

Vale a pena ver o que acontece quando o pessoal pega uma estrada sinuosa sem conhecer os limites de sua moto e de sua habilidade. E também o pessoal que domina a técnica, para aprender com eles.

É um festival de gente mordendo barranco e comprando terreno na beira da estrada...

É isso que dá desviar o olhar para o problema e não para o local que você quer ir... 

Com motos potentes e pouca experiência, em uma fração de segundo a situação pode se complicar tremendamente, e não adianta botar a culpa na estrada... tem gente que passa por ela na boa e com estilo...

Em uma curva, o perigo está em abrir demais, como no vídeo acima, ou em fechar demais, além do limite da moto, ralando a pedaleira e perdendo o controle...

Você pode ralar a pedaleira de três maneiras:

Sabendo que vai ralar só um pouquinho e dominando a moto, ou tomando um susto e indo para o mato, ou ainda não esperando que vá ralar e fechar demais, fazendo a moto se apoiar na pedaleira e catapultar você para fora da pista.

O pessoal não imagina o quanto pode ser traumático para a motocicleta (e para o bolso do piloto) desgarrar em uma curva.

Assista estes três próximos vídeos até o final, os pilotos saem ilesos de todos os acidentes.

Mas tenha aí do lado três caixas de lenços, porque você vai chorar. 




Triste, não é? 

Mas pode ser pior...(pode assistir sem medo, o cara sobreviveu ileso, juro.)



O vídeo acima não é do RNickeyMouse, mas do Mike12r1, outro canal com vídeos educativos. 

Não podia deixar de postar esse acidente, pedaleira pegou no asfalto e jogou a moto no guard-rail. 

Voltando a Mulholland Drive, as coisas esquentaram:




Num piscar de olhos, o que era sonho vira cinzas.

Então já sabe, andar no limite não dá margem a erros — esteja ciente dos riscos.

Faça as coisas com cuidado porque motos por estas bandas custam muito caro.

E sua vida e a dos outros não tem o que pague.

Um abraço,

Jeff
PS: Postagem antecipada a pedido do leitor Leonardo Ramalho! Obrigado por acompanhar o blog diariamente!