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segunda-feira, 20 de junho de 2016

A ganância das empresas e o abandono das práticas consagradas de Engenharia

Havia um tempo em que as empresas tinham um pouco mais de escrúpulos éticos — era o final dos anos 60, a mesma época em que eu comecei a desconfiar da fada dos dentes e do coelhinho da páscoa, mas ainda escrevia cartinha para o papai noel.

Era um tempo em que novos produtos eram testados exaustivamente antes do lançamento — os projetos usavam margens de segurança ditadas pela segurança, e não pelos custos ou prazos de lançamento estabelecidos pelo marketing.
Reportagem: http://www.autoentusiastas.com.br/2016/05/gordini/

Hoje a data de lançamento do produto é definida com base na suposição ingênua de que as coisas projetadas nos computadores já nascerão perfeitas — só que a vida é real e de viés, como dizia o Caetano.

Há alguns anos um grande amigo meu teve o enorme desprazer de traduzir um documento em que um engenheiro apresentava de maneira imbecil o método de projeto desenvolvido por ele e implementado pela multinacional fabricante de carros.

Era um passo a passo para eliminar os possíveis problemas de um carro ainda na fase de projeto com o objetivo de reduzir custos e diminuir prazos de entrega de novos modelos ao mercado.


Um carro genérico fabricado por uma montadora
qualquer 
antes dessa ideia genial, só para ilustrar.
Na suposição infantil desse engenheiro, todos os problemas possíveis seriam deduzidos e eliminados sem a necessidade de fabricar uma série grande de veículos de teste (pré-série), nem realizar períodos de prova prolongados.

Nessa ilusão de faz de conta, os carros sairiam das workstations direto para a produção e concessionárias — eliminando os salários de alguns engenheiros e pilotos de teste.

Esse amigo traduziu esse material com muita raiva, porque é evidente que por melhor que seja o método, ninguém consegue prever tudo — dito e feito.

Esse método idiota está sendo aplicado por todos os fabricantes e está matando muita gente por aí.

Desta vez a vítima foi o ator Anton Yelchin, de apenas 27 anos. 
Reportagem: http://cinema.uol.com.br/noticias/redacao/2016/06/20/problema-no-cambio-pode-ter-causado-acidente-que-matou-ator-de-star-trek.htm

Resumindo, o fiat-chrysler Jeep Grand Cherokee modelo 2015 do ator estava estacionado em um local inclinado.

A marcha de estacionamento (posição P da transmissão automática) escapou, permitindo que o carro se movimentasse — algo impensável, porque essa marcha serve justamente para imobilizar o carro.

Anton foi empurrado contra uma parede, ninguém nas proximidades, e morreu por asfixia, não pôde respirar com o carro prensado contra seu peito.

Trata-se de uma falha gravíssima de projeto para o qual a fiat-chrysler convocou recall em abril deste ano.
Reportagem: http://g1.globo.com/carros/noticia/2016/05/jeep-grand-cherokee-e-chrysler-300-sao-chamados-para-recall.html

Falha gravíssima que foi minimizada na reportagem da globo: impedir que o motorista saia sem colocar a transmissão na posição P é uma tremenda besteira, a menos que estejam falando em impedir que o motorista saia do carro, e não com o carro.

De que forma farão isso? Com um alarme que todo mundo vai ignorar? Travando as portas e não deixando ninguém sair, nem que o carro esteja pegando fogo? бред сивой кобылы.

A chamada da reportagem não passa a menor ideia da gravidade da coisa — faltou dizer que o carro pode começar a descer uma ladeira, apesar de travado na marcha P, e atropelar alguém — o próprio motorista abrindo ou fechando a garagem.

Coisa que não deveria fazer mesmo que o freio de estacionamento não esteja aplicado, como foi nos carros de transmissão automática desde sempre. 

Anton Yelchin talvez tenha sido a primeira vítima fatal dessa falha, se é que outras não ocorreram.
Reportagem: https://consumerist.com/2016/02/08/more-than-100-crashes-caused-by-confusing-jeep-chrysler-dodge-gear-shifters/

Mas por que estou falando disso aqui em um blog sobre motos?

Porque essa mesma afobação para lançar novos produtos também é praticada por fabricantes de motos.

A mesma pressa de colocar novos produtos no mercado e poupar tempo e uns trocados miseráveis leva os fabricantes de motos a lançar máquinas que quebram o eixo secundário (eixo do pinhão) por fadiga (suzuki GSR150i — estou devendo a postagem).

Também estão na lista o retificador das suzuki (esportivas, Boulevard e Burgman 400), quebra do chassi (yamaha Crosser 150 e dafra/zongshen Kansas 150 — ah, esquece, a dafra nunca chamou o recall), quebra da coroa da yamaha MT-09, recall da quebra dos parafusos da coroa roda traseira da bmw...

Reportagem: http://g1.globo.com/carros/motos/noticia/2015/04/bmw-convoca-4558-motos-no-brasil-para-recall.html


Não escapa nem a harley...
Reportagem: http://g1.globo.com/carros/motos/noticia/2015/07/harley-davidson-chama-2-mil-motos-para-recall-no-brasil.html

Em se tratando de motocicletas, são falhas potencialmente mortais.

Mas o marketing na frente de todos os critérios torna as empresas cegas para o risco de se lançar produtos às pressas e sem os devidos testes.

Ninguém dentro da empresa tem a coragem de dizer "não" porque ninguém quer perder o emprego na salinha com ar condicionado, ninguém levanta o pescoço com medo do facão.


Enquanto isso, os erros vão causando acidentes e ceifando as vidas dos proprietários, sejam eles conhecidos ou não.


Moral da história: Não confie cegamente em marcas renomadas.

Hoje elas não usam mais os mesmos critérios pelos quais se tornaram conhecidas.

A ganância traiu os clientes.

Fique atento a coisas estranhas acontecendo com sua moto e acompanhe as notícias sobre recalls de fabricantes — não adie comparecer à concessionária, sua vida e a de pessoas próximas a você podem depender disso.

Um abraço,

Jeff

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

O menor dos escândalos da petrobras por enquanto

O menor dos escândalos da petrobras não é aquele do superfaturamento na refinaria de Pernambuco — mixaria, desviaram só mais um bilhãozinho de reais. Pois é, acharam mais um desvio, a notícia é de ontem. Muitos outros virão, pode crer.

O tema desta postagem é um outro escândalo, bem menorzinho:

Vou falar mal da matéria publicada no site PETROBRAS De carona com elas redigida por um "especialista em manutenção de motos" com dicas para as garotas pilotas economizarem combustível com suas motocicletas.

Lá você encontra logo de cara esta pérola:

“'Existem mitos sobre baratear o uso do veículo. Aquecer o motor quando liga a moto é um deles', garante.”

Pois é, o especialista da petrobras (que não vou dizer o nome para não ficar muito feio para ele) afirma que a necessidade de aquecer o motor ao ligar a moto é um mito.

Das duas, uma:

Ou o especialista da petrobras é um especialista em aumento da manutenção de motos, ou então ele mudou as leis da Física!

Se for acreditar no especialista da petrobras, então os metais já não se dilatam mais ao serem aquecidos, e aquelas folgas internas que os fabricantes tomam tanto cuidado para garantir que o motor funcione corretamente sem travar não são mais necessárias. 

Aquilo que você percebe na sua moto, que a moto funciona melhor quando o motor está quente, é ilusão. Não acontece. "É mito", diz ele.
Estou pasmo.
Os motores das nossas motos e das motos de todo mundo no mundo todo funcionam melhor e ficam mais soltos quando estão quentes porque nós todos...deliramos. Que bom, não sou só eu!

Porque a definição de mito diz que ele é fruto de nossa imaginação, uma estória criada para explicar coisas que não entendemos.

Já quem entende um pouquinho de motores sabe que os materiais diferentes lá dentro (alumínio, bronze, aço) se dilatam em proporções diferentes e é por isso que é tão importante esquentar o motor até que todos os componentes feitos com os diversos materiais atinjam o melhor ajuste.

"Não é magia, é tecnologia."

Selecionei para comentar estas 3 outras pérolas:

"Um dos primeiros pontos é tirar da cabeça a ideia de que se deve aquecer o motor antes da partida, isto apenas consome combustível." 

Como assim, "apenas consome combustível"??!

Como assim, "sem desperdício ou desgastes"??!

O raciocínio do especialista da petrobras é limitado por enfocar e se preocupar apenas com o consumo de combustível, o que é surpreendente para alguém intitulado "especialista em manutenção de motos". 

O tal especialista faz questão de ignorar o prejuízo à vida útil do motor em longo prazo — a internet está cheia de "especialistas" divulgando falácias como essa por aí, e é por isso que você vê nas ruas tanto motor novo batendo lata.

Nem vou comentar que a única maneira que visualizo alguém aquecendo o motor antes da partida é fazendo uma fogueirinha embaixo do motor. Ops, comentei.

Mesmo porque, quando neva, e apenas quando neva muito, isso até pode ser necessário.

Mas tenho certeza que o especialista da petrobras não estava pensando nisso...

"O especialista xxxxx xxxxxx conta que a maioria das motos atuais possuem injeção direta, que permite o aquecimento dos motores em movimento sem desperdício ou desgastes."
Deveras revoltante...

Para começar, caro especialista em manutenção de motos que desconhece fundamentos básicos de motores...

Não existe uma única moto movida a gasolina no mundo inteiro usando injeção direta... as únicas com injeção direta são as motos movidas a diesel.

Nenhuma moto atual possui injeção direta de gasolina (GDI) — no mundo todo as motos possuem apenas injeção eletrônica indireta de combustível (EFI)

Injeção direta é aquela utilizada por motores diesel, que pode ou não ser eletrônica; a injeção direta eletrônica de gasolina (GDI) é usada apenas em alguns novíssimos e ainda relativamente poucos motores a gasolina de automóveis, sempre controlada eletronicamente.

Ainda não existe nenhuma moto com injeção eletrônica direta de combustível por uma série de fatores limitantes próprios dos motores de motos, o principal deles o altíssimo regime de rotações, seguido pela necessidade de um injetor que não lave o óleo da parede dos cilindros, maior quantidade de sensores; em uma palavra, confiabilidadeecusto. 

GDI que atenderia a condição de trabalho das motos, por enquanto, você só encontra na Fórmula 1 — em motores que só duram poucas corridas. Ainda não dá para colocar no mercado.

Qual a diferença fundamental entre injeção direta e indireta?
Imagem: https://rideapart.com/articles/motorcycle-tech-gasoline-direct-injection — Você não verá isso em moto tão cedo.

Na injeção direta GDI a gasolina é injetada com uma pressão elevadíssima diretamente na câmara de combustão com o pistão no ponto morto superior da fase de compressão, e não dentro do coletor antes da válvula de admissão durante a fase de admissão (entrada de ar ou mistura de ar/combustível no cilindro) em pressão relativamente baixa como é feito na muito comum injeção eletrônica indireta EFI usada nas motocicletas mais modernas.

Confundir os dois tipos de injeção eletrônica é algo perdoável para leigos... mas um funcionário de uma empresa do nível da petrobras — especialista em manutenção de motores — publicar uma coisa dessas... 

Enganos acontecem, eu mesmo já troquei uma pela outra nas minhas conversas com o Daniel.

Mas uma coisa é bater papo na padoca, outra é publicar um erro desses em um veículo de divulgação pública com a chancela e o prestígio da petrobras — é inegável que faltou revisão desse texto.

Esclarecido isso, vamos ao resto:
Não se pode tirar da cabeça uma ideia que é essencialmente correta, meu caro especialista.

A única coisa que a injeção eletrônica faz é evitar que o motor morra com facilidade mesmo em condições não ideais.

Absolutamente, ela não diminui o desgaste do motor. 

Ela não evita desperdício de combustível por um motivo simples:

O motor permanece mais acelerado do que o normal durante a fase de aquecimento e, para não engasgar com a moto em movimento, precisa receber ainda mais combustível do que se a moto for deixada parada esquentando em marcha lenta. 

E o essencial nem é isso.

O essencial não é uma questão de o aquecimento do motor consumir mais ou menos combustível — o consumo é o menor dos problemas se você estiver realmente preocupado com a longa vida útil do motor.

A questão essencial é que é fundamental estabilizar o motor na temperatura normal de funcionamento para que ele funcione adequadamente.

Rodar com o motor abaixo da temperatura ideal, como sugerido pelo especialista, faz o motor consumir mais combustível porque ele trabalha fora das condições ideais e, portanto, é forçado a consumir mais gasolina para não morrer. Com facilidade.

Você apenas não percebe que o motor está gastando mais gasolina porque esse combustível extra não depende de você acelerar — isso é feito automaticamente pela central eletrônica.

É por isso que a moto com injeção fica mais acelerada quando o motor está esquentando e depois vai reduzindo a rotação de marcha lenta na medida em que a temperatura do motor aumenta.

O pior de tudo é que rodar com o motor frio causa um desgaste mais acelerado do motor por um motivo inerente à dilatação dos diferentes tipos de metais dentro do motor.

Algumas folgas estão maiores e outras menores do que o ideal, o que permite movimentos indesejáveis de algumas peças e obriga a esforços maiores de outras e, assim, ocorre desgaste por atrito superior ao normal.

É melhor deixar o motor esquentar sem fazer força do que obrigá-lo a esquentar fazendo força para empurrar a moto. Puxa, isso devia ser tão óbvio...

Surpreendentemente, divulga-se na internet uma abundância de conceitos totalmente errados que apenas prejudicam os consumidores.

Será que fazem isso apenas por ignorância, desconhecimento técnico, ou será que existem pessoas interessadas em divulgar inverdades para ver os motores se acabando rápido para aumentar as vendas e movimentar a economia cada vez mais rápido?

Você sabe que o pessoal por aí aumenta as metas de vendas, e quando as metas são atingidas, eles dobram as metas, né? 

"Dirigir em velocidade constante é ótimo aliado. Além disso, mudar rapidamente para a segunda marcha ao engatar e adaptar-se com a marcha lenta são essenciais."
Sério que eu li isso?

O que ele quer dizer com "adaptar-se com a marcha lenta"?

Eu é que tenho que me adaptar? Como assim? 

O que o piloto/pilota precisa fazer para se adaptar com a marcha lenta?

Meditação? Tai-chi? Yoga?

Ou ele quis dizer que você tem de adaptar a marcha lenta conforme a situação?

Isso só dá para fazer em motos carburadas, porque as injetadas já fazem isso automaticamente...

Parágrafo ambíguo, mensagem confusa. 

Tem mais:

Caro especialista desconhecedor de alguns fatos básicos da pilotagem e também da condução de automóveis...

Mudar rapidamente para a segunda marcha não traz economia...

Entregar a marcha seguinte para o motor quando ele ainda não atingiu uma rotação suficiente para oferecer uma boa resposta de torque somente obrigará a acelerar ainda mais o motor para ele fazer mais força do que faria se estivesse na rotação ideal próxima do limite máximo da curva de torque.

Resumindo, para o motor não engasgar o piloto será obrigado a abrir mais o acelerador, e assim o motor gastará mais combustível...

Tem uma postagem aqui que explica esses fatos.

Esse raciocínio é típico de quem apenas conduziu automóveis a vida inteira, onde os quatro cilindros do motor esbanjam torque para mover a carroça.

Não se aplica de jeito nenhum aos pequenos motores monociliíndricos de um cilindro só da imensa maioria da frota brasileira de motos e motonetas.

De maneira fácil de entender, especialista:

A injeção eletrônica não faz a mágica de impedir o motor de morrer se o piloto não abrir suficientemente o acelerador em uma marcha mais alta que a ideal...

Forçar o motor a trabalhar fora das condições ideais sempre fará com que ele trabalhe... forçado.

E trabalhando forçado o motor consome mais combustível porque precisa vencer resistências que não existiriam caso se respeitasse sua condição ideal de funcionamento.

Entendeu? Você leitor do blog eu sei que entendeu, estou perguntando para o especialista.

"O 'ponto morto' consome combustível desnecessariamente. Por isso, deixe-a engrenada quando estiver em descidas."
Ô, especialista...

Pilote uma moto antes de falar um рыба пузырь desses.

Manter a moto engrenada o tempo todo é uma condição que nem precisaria ser alertada — ninguém com o mínimo de conhecimento do que seja andar de moto faz isso de desengrenar a marcha em uma moto.

Mesmo porque seria uma estupidez muito grande.

O câmbio das motos não tem ponto morto que permita desengrenar diretamente uma marcha com a moto em movimento... 

Automóveis, ônibus, caminhões, tratores, etc. têm câmbio com ponto morto entre todas as marchas.

Neles é possível desengrenar qualquer marcha e colocar o motor diretamente em ponto morto porque todos os caminhos passam pelo neutro.
O ponto neutro das motos, que alguns também chamam de ponto morto, se localiza entre a primeira e a segunda marcha.

Como o câmbio é sequencial, alguém em quinta marcha precisaria deslocar o câmbio através da quarta, terceira e segunda marchas até chegar no neutro. 

Nunca tente fazer isso!

Você não vai conseguir economia nenhuma de combustível e na hora em que fosse passar pelas outras marchas, ou na hora em que fosse reengrenar a marcha, teria enorme chance de destruir seu motor por excesso de giros e ainda por cima cair...

A coisa mais próxima de colocar a moto em uma "banguela" seria manter a embreagem acionada, mas isso é outra estupidez muito grande:

Enquanto a embreagem está acionada o rolamento, os discos e a carcaça da embreagem ficam se desgastando, e isso destrói a embreagem. 

Não conheço ninguém mínima mente inteligente que faça uma coisa dessas. Mas também não boto a mão no fogo, nunca se sabe... 
E tem mais uma coisa:

Que negócio é esse de "o 'ponto morto' consome combustível desnecessariamente"?

Em qualquer situação, a quantidade de combustível consumida por um motor — seja na banguela em ponto morto ou com a marcha engrenada — é ditada pelo mecanismo de controle de aceleração.

A menos que o motorista ou piloto fique acelerando de bobeira, durante a banguela o ponto morto o motor trabalha em marcha lenta — só faz mais barulho por causa do freio-motor, o peso do veículo tentando fazer o motor girar mais rápido e o motor não deixando...

Ops, olha eu falando abobrinha... 

Freio-motor só ocorre com a marcha engrenada. Eu também erro, mas eu corrijo... ;-)

Em marcha lenta, o consumo é o mesmo em qualquer condição.

Quem define a rotação de marcha lenta é o giclê de marcha lenta nas motos carburadas ou a lógica da injeção eletrônica que dita o tempo de duração e os estágios da injeção de combustível nas motos injetadas. 

мешок...

Eu me esqueci do corte de combustível da injeção eletrônica, veja a explicação abaixo...

O Daniel me lembrou que o aquecimento dos motores carburados se faz necessário pois não conseguem enriquecer a mistura para fazer o motor se aquecer mais rapidamente, enquanto os motores injetados conseguem.

OK, motores com injeção falham menos que um carburado enquanto estão esquentando, mas isso não muda nada quanto a todo o resto...

Disse o Daniel:

Os manuais do proprietário recomendam ligar o veículo (I.E.) e sair com o mesmo em baixa rotação até chegar à temperatura ideal de trabalho, evitar aquecer o motor com IE parado, isso ajuda a evitar a criação de borra (tem dois tipos de borra, a que se forma a quente e a que se forma a frio).

Mas rodar lentamente enquanto o motor se aquece não é a mesma coisa que usar a moto normalmente, sem esquentar o motor, como desmitificado preconizado (alguém ainda fala preconizado?) pelo especialista da petrobras...

Isso não muda o fato de que um carro na banguela continuaria funcionando em marcha lenta consumindo um mínimo de combustível, senão o motor morreria.

Alguém errei...

Como alertado pelo Daniel e pelo leitor Darci Neto, eu me esqueci que a injeção direta e alguns carburadores "eletrônicos" como o da YBR Factor, salvo engano, possuem o recurso de corte de combustível (fuel cut-off) que interrompe totalmente a alimentação de gasolina para o motor em desacelerações e uso do freio-motor.

Então os carros realmente consomem menos gasolina descendo a serra engrenados do que em uma "banguela" com o motor em marcha lenta porque o motor não está simplesmente em marcha lenta...

Ele estaria parado, totalmente inerte, se não estivesse sendo girado pelo arrasto do peso do carro ladeira abaixo — a alimentação de combustível retorna assim que o acelerador é pressionado.

Mas isso não muda o fato principal que abordei neste item da postagem:

Motos não podem rodar desengrenadas... 

Portanto a "dica" do especialista é totalmente injustificável e irrelevante em um "manual" para motociclistas economizarem combustível.

Então não mudo minha argumentação.

Esse site da petrobras é apenas mais um dos que se propõem a dar dicas para os iniciantes e que, curiosa e coincidentemente, propagam ideias enganosas que apenas dão prejuízo aos proprietários.

A quantidade dessas desinformações espalhadas pela "imprensa especializada" e por sites de "especialistas" e amadores que papagaiam esses erros na internet é assombrosa.

Os leigos desinformados a gente até entende o motivo de divulgarem informações errôneas — eles não têm base para contestar os absurdos que divulgam por aí.

Mas os "profissionais" da área?

Falando em nome de uma das empresas mais conceituadas em tecnologia de combustíveis e portanto motores do Brasil?

Eu pago, nós pagamos a pior gasolina das mais caras do mundo e em troca recebemos "serviços" como as "regrinhas fundamentais" desse "manual especial"?

Imperdoável.

Se a petrobras não fosse a empresa respeitável que é... hummm... melhor dizendo, que um dia fez propaganda que foi, eu teria a impressão de que o especialista da petrobras não entende muitas coisas básicas do assunto para o qual foi contratado para falar a respeito. 

Será que foi algum político indicado/nomeado para o cargo de chefia que pediu para alguém que nunca andou de moto fazer esse texto para o site da petrobras?   

Um abraço aos leitores do blog,

Jeff

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Imprensa denuncia plágio

Reportagem: Não vou dizer que foi em http://g1.globo.com/carros/motos/noticia/2015/05/bmw-revela-novo-conceito-de-moto-estradeira-e-motor-de-6-cilindros.html para não ficar feio pra eles. Ops, escapou.

Reaaaaalmente... 

"Modelo segue estilo visto na Harley-Davidson Street Glide"


É cara de uma, focinho da outra, olha só:

Tirando o fato de que uma usa motor de 6 cilindros em linha resfriado a água e a outra um V2 a ar... 

Ah, fala sério! É muita forçação de barra querer comparar uma com a outra.

Se o jolnalista achou parecidas essas duas aí de cima, nem quero imaginar o que ele vai dizer quando descobrir que neste mundo existem outras motos um pouquinho mais comparáveis...

Pelo menos a Gold Wing também tem 6 cilindros...

Esse desconhecimento / cegueira / visão deturpada / falta de informação / mania de achar que moto é sinônimo de H-D não atinge só a imprensa não.

Até quem trabalha no ramo comete o mesmo pecado, dá uma conferida nesta postagem do Bayer no Old Dog Cycles.


A imprensa a gente já não perdoa, mas a própria concessionária autorizada não saber identificar as motos da marca e usar a concorrência para se promover, é pra acabar.


Essa foi mais uma reportagem da categoria "moto é tudo halley".

Um abraço,

Jeff

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Jacas motorizadas

Ah, a visão da imprensa... os olhos danação.

Imagem: http://g1.globo.com/sao-paulo/transito/radar-tempo-transito-agora.html

Já reparou que é sempre o motociclista que cai e atrapalha o trânsito? Ele nunca é derrubado.

http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/jaca-espia
Para a imprensa, o motociclista é sempre o responsável pelo próprio tombo. 

Para eles, motociclista é uma jaca madura com CNH e capacete.

  
(Bom, alguns até são... mas não é disso que estou falando.)

O fato é que, para os noticiários, o motociclista nunca é derrubado por motoristas que não olham pelo retrovisor mal regulado antes de mudar de faixa... 

O motociclista nunca é atropelado por motoristas imprudentes enquanto tentava manter uma distância de segurança do veículo à frente...

Ele nunca é derrubado por motoristas que não olham o trânsito antes de entrarem em uma via:



Olha como essa nossa imprensa pode ser patética:

Na foto vemos como o caminhão seguia normalmente pela rua (nem f@dendo!!) quando o motociclista malvado sem motivo algum perdeu o controle da moto e causou o acidente (tá bom, conta outra...).

Mais uma da série preferida da imprensa, "o motociclista é sempre o culpado".

Sabe por quê a imprensa age assim?

Porque motorista compra mais jornal, motociclista é minoria. 

Dona imprensa, entenda uma coisa:

Um motociclista caindo e se chocando contra um veículo não quer dizer necessariamente que ele tenha perdido o controle. Ou optado por cair. Ou tenha causado o acidente.

Na situação dessa foto, por exemplo, quer dizer que ele foi fechado por um caminhão que entrou repentinamente à sua frente, invadindo a preferencial, e o motociclista não teve condições de desviar ou frear sem cair.

Sabe, motos não ficam em pé quando são obrigadas a parar de repente por causa de motoristas desatentos.

Em uma situação como esta, a perda de controle é a consequência e não o fato principal. Não é a causa do acidente.

Teria sido mais correto noticiar:

Motociclista sofre acidente ao ser fechado por caminhão

Um abraço, menos aos autores das reportagens,

Jeff