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sexta-feira, 25 de novembro de 2016

O problema gravíssimo dos vídeos de dicas da internet

Dicas e procedimentos de troca do óleo veiculados na internet são na maioria das vezes bem intencionados...

Infelizmente, também na imensa maioria das vezes trazem mais prejuízo (e risco de vida) do que qualquer vantagem prática.

Veja este vídeo curtinho sobre a troca do óleo de motos do tipo yamaha (mas aplicável a qualquer moto com radiador de óleo):



O autor destaca os pontos que ele considera principais — soltar os tubos que conectam o cárter ao radiador de óleo, limpar os alojamentos do filtro, prestar atenção à posição correta de instalação do filtro, e enfatiza a colocação da quantidade gravada na carcaça.

Para começar, o autor do vídeo gasta um bom tempo mostrando um inútil "teste de viscosidade" do óleo contaminado com os dedos.

Ele não sabe que o contato frequente com óleo usado causa câncer de pele.

A principal recomendação do autor do vídeo — soltar os tubos entre o cárter e o radiador a fim de eliminar totalmente os restos de óleo velho — é causadora potencial de um problema extremamente grave:
Imagem: Comentários no próprio vídeo.

Aí você me pergunta:

O-rings? O que são O-rings?

O-rings são aneizinhos de borracha que fazem a vedação entre os tubos e a carcaça do motor.
Imagem: http://www.gaxetas.com.br/content/produtos/Categoria.aspx?id=23

Ao serem instalados, eles se deformam para se adaptar e vedar perfeitamente a conexão.

Poderão não vedar perfeitamente se forem reinstalados — daí a recomendação de serem trocados por novos todas as vezes que forem removidos.
Imagem: http://www.gaxetas.com.br/content/produtos/Categoria.aspx?id=23

Um pequeno vazamento por esses O-rings poderá não ser percebido porque irá acontecer somente com o motor em funcionamento.

Além disso, existe outro risco ainda mais grave:

O-rings são pretos e muita gente nem imagina que existem.

Não são colados — não podem ser colados — mas apenas encaixados nas conexões como se fossem arruelas.

Ao soltar os tubos para drenar completamente o óleo, os O-rings pretos irão cair e desaparecer no meio do óleo usado preto que será descartado.

Na hora da montagem o proprietário leigo, o mexânico experiente e o mecânico distraído irão se esquecer desses dois pequenos detalhes e parafusar os tubos sem os anéis de vedação.

Com a vibração do motor não amortecida pela borracha, os parafusos irão se afrouxar e permitir o vazamento de todo o óleo bombeado até o cárter ficar completamente seco.

Todo parafuso que você solta em uma moto correrá o risco de se afrouxar, então quanto menos você mexer onde não deve, menos riscos você correrá.

Até mesmo os parafusos do filtro de óleo — e é por isso que critiquei o procedimento do manual da yamaha que pede a remoção de um parafuso que potencialmente só trará problemas.
Não é troca, é vazamento por erro de montagem.

Que o diga minha amiga WD±40 carioca, que descobriu a мороженое que fizeram na sua Teneré depois de rodar 20 km com a moto perdendo óleo graças a essas artimanhas praticadas por mecânicos — mecânicos de uma oficina de confiança.

Se o óleo tivesse ficado no caminho da roda traseira, minha amiga teria caído no meio do trânsito pesado da avenida Brasil no Rio de Janeiro na hora do rush.

Felizmente ela não caiu e pôde ir cobrar a demissão do infeliz que praticou essa barbárie com a moto dela, e pôde divulgar o acontecido.

Assim mais pessoas não passarão por um perrengue potencialmente mortal desses causado por uma besteira como essa.

Senão, a gente só leria a notícia nos jornais:
Reportagem: http://www.midiamax.com.br/transito/sofre-queda-moto-morre-ser-atropelado-br-163-321207

Algo mais ou menos assim, só que com carros, ônibus e carretas por todos os lados:


окра, você está tão preocupado assim com a eliminação do resto de óleo velho?

Bota 1 litro de óleo novo sem soltar os tubos, liga o motor, faz o óleo circular para retirar o velho do radiador, escoa esse óleo de limpeza e reabastece com o óleo definitivo e faz o procedimento certo até atingir o nível correto...

Mas quer saber?

É o tipo de preciosismo desnecessário... dobra o custo dessa manutenção e traz uma vantagem não mensurável — eu não teria esse custo e trabalho adicional.

Quer ver uma solução ainda mais eficiente e prática?

Troque o óleo com metade dessa quilometragem absurda — ou até menos — para não ficar rodando com essa lama suja dentro do motor — isso sim aumentará de verdade sua vida útil.

Melhor gastar essas 20 merrecas do que fazer a burrada potencialmente fatal de instalar os tubos sem O-rings ou com os O-rings permitindo vazamento — ou rodar longos 5 mil km com óleo totalmente contaminado agindo como uma lixa dentro do seu motor.

Vou finalizar falando de mais um erro gravíssimo nosso velho conhecido e que consegue ser agravado por esse "tutorial".

Quem acompanha o blog já sabe que as montadoras recomendam uma quantidade suficiente apenas para atingir (quando atinge) o nível mínimo de óleo.

Nem vou falar que todas mandam ligar e desligar o motor, conferir o nível e adicionar mais óleo para atingir a marca de máximo do visor ou vareta de medição.

Sem conferir corretamente o nível de óleo após a troca, todo mundo começa rodando já com menos óleo do que deveria.

Mas fazendo apenas o que ele recomenda fazer no vídeo, a quantidade gravada NUNCA chegará sequer ao nível mínimo...

A intenção louvável de evitar a mistura do resto de óleo velho, feita com a maior das boas intenções, acaba resultando na diminuição da vida útil do motor e em risco à vida do(s) ocupante(s) da motocicleta e outros condutores.

Esse é um dos motivos que me deixam desalentado com o povo deste país... ainda mais a moçada cujo smartphone é mais smart que o proprietário.

Escolhi esse vídeo por ser curto, mas estou cansado de ver "tutoriais detalhados" de troca de óleo "conforme o manual", todos repetindo erros como estes apontados aqui.

Por incrível que pareça, os únicos tutoriais de troca do óleo que encontrei até agora feitos por brasileiros recomendando o procedimento correto de ligar e desligar o motor para conferir o nível após a troca foram o do Jaislan — que peca por outros motivos — e o vídeo do nosso leitor Takashi, ambos publicados neste blog.

O mais triste é constatar que aquelas outras dezenas de vídeos feitos por pessoas sem nenhum ou muito pouco conhecimento técnico recebem joinhas aos milhares e são compartilhados entre amigos.

Enquanto postagens como esta com textão e exigindo interpretação e raciocínio, bah, muito longa, nem li.

E assim caminha a humanidade.

Um abraço triste,

Jeff

sábado, 24 de outubro de 2015

O vazamento do retentor da honda Lead e outras motos

Transcrevo comentário feito pelo leitor Ygor Pessoa na postagem honda desiste da CB 300 e cria uma moto Frankenstein — essa nova moto vai fracassar como as Bros e Titans 160:

Jeff, bom dia

Você deve saber que também sou proprietário de uma honda Lead, e tem uma coisa que ninguém fala, que é o problema crônico de estouro do retentor do motor levando a moto a ficar vazando óleo.

Já tive dois [retentores] estourados, o primeiro com menos de 200 km (coberto pela garantia) e o segundo já com mais de 20 mil km, o que acontece é que fica vazando óleo que escorre por baixo do CVT (ninguém vê) pois só vaza com ela em movimento e na garagem só fica o pouco que sobra, ou seja, muito pouco para se desconfiar.

A minha já está com 37 mil km ainda com retentor estourado, só que fico de olho e vou repondo (200 ml a cada mil km), já está chegando ao ponto de que gastar 160,00 e mandar arrumar ao invés de repor óleo sairá mais vantajoso.

Se tiver duvida, dê uma olhada no fórum Leadclube e verá a inúmera quantidade de proprietários com o mesmo problema.


No caso do colega [da postagem da UFSC], se estava com retentor estourado e não viu (troca a cada 4000 km do semissintético = 800 ml a menos), cabem apenas 750 ml de óleo no cárter.


Olá, Ygor


Obrigado por informar, desse problema específico da Lead eu ainda não tinha havia ouvido falar.


Muito importante esse seu depoimento, servirá para informar proprietários que cheguem até este blog.


Esse tipo de vazamento invisível também ocorre em motos sem CVT, falei sobre isso nesta postagem aqui


Nas motos tradicionais, o óleo que vaza do motor acaba confundido com aquele usado na lubrificação da corrente, e é por isso que é fundamental verificar o nível de óleo com frequência.

É triste ver uma empresa como a honda tendo problemas de fabricação patéticos como esse.


Esse retentor de óleo começar a vazar em motos muito rodadas é algo normal, as peças se desgastam e precisam ser trocadas com o tempo.

Mas um retentor apresentar problema logo aos 200 km é indício de erro de montagem ou falta de controle de qualidade adequado.

Um abraço,


Jeff

terça-feira, 5 de maio de 2015

Afogador, registro de combustível e problemas da Biz e outras motonetas

Dizem que nada acontece por acaso...

Hoje pela manhã eu acordei tarde de bode comprei coisas para comer em casa porque não pretendia sair à tarde para o café habitual.

Sucede que acabei saindo, e à tarde fui à padoca quando, no meio do caminho, Edith me aplicou um 171 — pediu reserva com apenas 171 km rodados.

Como sei que a reserva é pequena, fui ao posto e, quando me preparava para sair, chegou uma garota empurrando uma Biz. 

Meu troco demorou, deu tempo de a garota abastecer, mas ela não conseguia ligar a moto, falou sobre a coitadinha algo que não vou citar aqui, e pediu ajuda do frentista porque não sabia a posição normal do afogador.


O frentista se abaixou e mostrou que sabia menos ainda, aí lá fui eu dar meu pitaco.


Sucede que aquilo que todo mundo estava chamando de afogador na verdade era o registro, a torneirinha de combustível...

O problema todo é que demora um minutinho até o carburador se encher de gasolina depois que você abre o registro, e na afobação, ela acabou fechando pensando que estava abrindo.

Mas afinal, qual a diferença entre afogador e registro, e porque tanta gente confunde um com o outro? (Ela não foi a primeira pessoa que eu vi chamando a torneirinha de afogador...)

Vamos lá:

Na Biz carburada, o registro de combustível fica neste local:

A nova Biz com injeção eletrônica não usa registro de combustível nem afogador, porque a bomba de combustível e a programação da injeção fazem todo o trabalho.

Como saber se a reserva da Biz / Neo / Pop / motoneta em geral está aberta?

Ao contrário das motos, o registro da Biz carburada e outras motonetas do tipo só tem duas posições, aberto (alavanca vertical para cima) e fechado (alavanca deitada na horizontal).

Esse tipo de motoneta não tem reserva e já socorri vários donos empurrando moto na BR porque pensavam que poderiam abrir a reserva... Você tem que manter o tanque sempre abastecido com base na quilometragem rodada.

Aí você fala ah, eu sempre pensei que essa grande alavanca era o afogador... então onde fica o afogador?


O afogador fica aqui, ó:



Ué, mas o afogador não fica no carburador?

Sim, o atuador do afogador fica no carburador, mas o botão de acionamento fica no guidão. Um cabo de arame faz a ligação entre eles.

Nas manhãs frias você usa o polegar para afastar o botão do guidão e, depois que o motor esquenta, você o retorna para a posição normal, essa que aparece na foto.

O carburador da Biz é este aqui, e é por isso que existe essa confusão entre afogador e torneirinha:
  
O atuador do afogador fica bem perto do registro, mas eles fazem coisas bem diferentes — o afogador restringe o fluxo de ar que vai para o motor, facilitando partidas em dias frios, enquanto o registro bloqueia ou libera a entrada de combustível para o carburador.

E com isso está explicado o mistério de uma Biz que eu parei para socorrer e não consegui identificar o problema relatado pelo proprietário:

Cada vez que ele abria o "afogador", começava a vazar gasolina da moto.

Como ele disse que havia desmontado o carburador antes de aparecer o problema, imaginei que ele tivesse cometido um erro grave de montagem e não pude ajudá-lo sem ferramentas. E também não pude conferir o que ele fazia por causa da dor nas costas.

Na verdade, ele estava abrindo o registro, o problema era simplesmente a boia da cuba encantada. 

Umas pancadinhas leves na parte reforçada da cuba talvez resolvessem o problema...

Conhecer sua moto para saber dar o nome certo aos componentes pode fazer a diferença entre sair rodando feliz da vida ou ficar esperando uma picape para o resgate.

Ou empurrar a moto xingando por 10 km.

Um abraço,

Jeff

terça-feira, 25 de março de 2014

São João, São João

Uma postagem que venho adiando há tempos é sobre a conveniência ou não de fechar a torneirinha do combustível quando a moto não estiver em uso.

http://www.bloguito.com.br/por-que-acendemos-a-fogueira-no-sao-joao
Todos os fabricantes recomendam que você feche o registro de gasolina depois de desligar o motor, e há um bom motivo para isso:

Impedir o vazamento de gasolina no caso de encantamento da boia (quando ela trava e não fecha a entrada de combustível no carburador, aí começa a vazar gasolina pela mangueirinha do ladrão).

Uma poça de combustível debaixo da moto pode dar origem a um incêndio, e isso não é bom. Não mesmo.

Na minha primeira moto, eu não descuidava de fechar a torneirinha todas as vezes. E vivia tendo problema de encantamento da boia e entupimento dos giclês do carburador.

Na minha segunda moto, quase três décadas depois, vivia esquecendo de fechar o registro, até que relaxei e não fechei mais, afinal nesta moto nunca tive um problema de vazamento de gasolina pelo ladrão por esse motivo.

O que mudou de uma moto para outra?

Sempre usei filtrinho adicional entre o tanque e o carburador nas duas motos, esse não foi um fator.

Sempre procurei manter as motos no cavalete central durante a noite, então isso também não influiu.

Sempre usei gasolina aditivada, que impede a formação de borra no carburador. Isso é muito importante, mas não é fundamental. 

Restou o óbvio: 

A principal causa de problemas no carburador é fechar o registro de gasolina durante a noite.

Motivo:

Com a torneirinha fechada, o combustível da cuba do carburador se evapora e não é reposto. A parte volátil vai embora e o que sobra forma uma borra.

Essa borra atua como uma cola, imobilizando a válvula da boia e entupindo os giclês. 

Manter o registro de combustível sempre aberto elimina a formação de borra, contribuindo para manter o carburador limpo e funcionando bem por muito mais tempo.

Quando estaciono a moto por períodos prolongados, sempre a deixo no cavalete central e verifico se não está vazando gasolina pelo ladrão.

São mais de três anos e até agora não tenho do que reclamar, nunca precisei mandar limpar o carburador, nunca precisei sequer mandar regular.

O motivo?

Sempre uso gasolina aditivada. 

Tem muito "entendido" na internet dizendo que moto comum não pode usar gasolina aditivada porque é o que está escrito no manual do proprietário.

Não seja trouxa! 

O fabricante diz isso porque se ele fizer a besteira de dizer que a moto roda muito melhor com gasolina aditivada, o povão vai dizer que "essa moto dá muita despesa" e "essa moto não presta porque não pode rodar com gasolina comum". 

Além disso, as concessionárias precisam que você retorne periodicamente para serviços, é o ganha-pão deles. E a limpeza do carburador é um dos serviços que leva clientes à oficina regularmente.

E os fabricantes não querem ser processados se amanhã sua moto vazar gasolina e o pessoal começar a dançar quadrilha e assar batata-doce em volta dela.

Nem eu. 

Então faça de conta que você nunca leu esta postagem e decida o que você prefere fazer por sua conta e risco.

E não me convide para festa de São João.

Um abraço,

Jeff

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Gasolina vazando pela tampa do tanque de combustível

Uma coisa que assusta muito novato é a moto começar a vazar gasolina pelo respiro da tampa do tanque de combustível.

Você deixa a moto estacionada e quando volta o tanque está lavado, escorrendo gasolina. 


Por que isso acontece?


Porque você encheu deixou encher demais o tanque, e depois estacionou a moto inclinada sobre o cavalete lateral. 



Imagem: http://www.hotbikeweb.com/features/0503_bree_hot_bike_model/photo_14.html

Abasteça somente até o nível indicado pela cauda seta.


A gasolina do posto vem de um tanque enterrado no solo, bastante fria. Aí você enche o tanque da sua moto, em cima do motor quente, e deixa a moto exposta ao sol do meio-dia, inclinada.

A gasolina se aquece, aumenta de volume (lembra das aulas na escola?) e tem que ir para algum lugar.


Se não tivesse o respiro, alguma solda do tanque iria se romper. (E o seu motor também não iria funcionar, porque a gasolina não ia sair do tanque.... mas essa é outra história.)


Para evitar esse transbordamento, nunca abasteça o tanque completamente até a boca, e nunca apoie a moto sobre o cavalete lateral com o tanque cheio. 


Encha no máximo até a parte inferior do gargalo, mais ou menos 5 cm abaixo do bocal, onde acaba aquele tubo de aço.


Não estacione a moto sobre o cavalete lateral sem antes rodar uns 30 km e, se for deixar a moto estacionada debaixo do sol forte, deixe para abastecer ao final do dia. 


Tomando esses cuidados, isso não acontecerá mais.


Dica: Um frentista me disse que a melhor maneira de limpar um tanque lavado com gasolina é usando um pano embebido em óleo diesel. 

Pelo que ele falou, isso foi ensinado no curso de treinamento de frentistas. Nunca experimentei, mas fica a dica.

Espero que nunca precise!

Um abraço,


Jeff

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Recalls

A única finalidade do marketing é vender mais produtos, então tudo que é cor de rosa azul da cor do céu é amplamente divulgado em revistas, tv, cartazes e periquito de realejo.

Já as coisas que não são boas de se falar... Ha!

Você provavelmente já viu essa propaganda:


Mas ninguém nunca viu um anúncio de página inteira da honda com a mensagem Fourtrax: Troque a suspensão que ela não aguenta! 

Você não viu e nem vai ver. 

Fabricante nenhum faria alarde para um recall por problema gravíssimo nos braços da suspensão.

Pois é, a suspensão pode se quebrar e o cidadão felizaço da foto pode se desbarrancar e se quebrar inteiraço, pescoço incluso, e muito pouco se fala disso. 

Propaganda dá lucro, recall pega mal e dá prejuízo.

O máximo que você verá é um anunciozinho sem brilho, daqueles que passam despercebidos num pé de página.

Que nem esse aqui, ó:


Você algum dia soube que a yamaha convocou o recall de todas as Fazer 250 fabricadas até aquela data para troca dos componentes da suspensão traseira, que pode se quebrar e causar a perda de controle da moto?

Leia as letrinhas miúdas do anúncio, eles fizeram isso não foi uma vez só não. Foram duas.

Com tanto destaque e divulgação que você nunca ouviu falar.

Nem você e nem um monte de proprietários que deixaram de comparecer e estão correndo risco até hoje. 

Ou venderam a moto e alguém herdou a encrenca na maior inocência.

Ah, vá. Fazer tem poucas.

Então você ficou sabendo do recall de todas as honda Biz 125 anos 2006 e 2007 por um problema de solda que pode exigir a troca gratuita do chassi inteiro?

Nem ficou sabendo, né?

Mas esta propaganda você viu:


Bonita a foto, né?

Custava ter o mesmo empenho para comunicar que se o quadro das motos com problema na solda não for substituído, elas podem se partir ao meio?

Era só incluir o aviso e a tabelinha:

Biz 125 ano 2006
KS (chassi 9C2JA04106R000039 a 9C2JA04106R849955)
ES (chassi 9C2JA04206R000055 a 9C2JA04206R888744)
MAIS (chassi 9C2JA04306R000020 a 9C2JA04306R809884)

Biz 125 ano 2007
KS (chassi 9C2JA04107R000001 a 9C2JA04107R034076)
ES (chassi 9C2JA04207R000001 a 9C2JA04207R062422)
MAIS (chassi 9C2JA04307R000001 a 9C2JA04307R011533)

849.917 + 888.690 + 809.865 + 34.076 + 62.422 + 11.533 = 2.656.503 

Dois milhões, seiscentas e cinquenta e seis mil e quinhentas e três motos que deveriam ter passado pelo recall. 


Nem todas apresentam o problema, mas você só descobre isso levando a moto à concessionária para verificar se o reparo é necessário ou não.

Consegue imaginar quantas motos com o problema não foram reparadas porque o proprietário nem ficou sabendo que está correndo risco de um acidente gravíssimo e até morte?


Todas as empresas estão sujeitas a convocar recall, problemas de produção acontecem pra todo mundo. 


Empresas sérias fazem recall até quando o risco não é tão grande assim para os usuários. 

A suzuki convocou recall das Burgman 125 por vazamento da tampa de combustível e de praticamente toda a linha de motos grandes por problemas no retificador de voltagem.

Por que isso não é noticiado com o devido destaque?

Porque para os fabricantes os comunicados de recall servem apenas para cumprir a legislação. 

O primeiro comprador até pode ser procurado para o reparo pela concessionária, mas o segundo, terceiro proprietário... eles vão precisar contar com a sorte.

Ao comprar uma moto, seja nova ou usada, fique atento a eventuais chamados de recall. Um recall permanece válido, mesmo que tenha sido convocado há anos.

Se o antigo dono da sua moto deixou de fazer, você tem todo o direito de receber os serviços e peças sem custos, porque é vício oculto, o fabricante é responsável por sanar o erro, e não você. 

Eles não podem te cobrar por isso.

A melhor maneira de ficar sabendo se a sua moto tem um recall é visitando o site da empresa, costuma ter um link meio escondido para informar sobre motos sendo convocadas para substituição gratuita de peças.

A menos que seja uma dafra.

E para encerrar:

Você viu por aí alguma notícia do recall das Falcon 2013 para troca da transmissão


Eles não falam se é o câmbio ou a relação, só dizem que a roda traseira pode travar e causar sua queda.

Mas isso é só um detalhezinho sem importância, né?

Um abraço,

Jeff

ATENÇÃO:
Conferir o óleo apenas tirando a vareta é errado e está destruindo seu motor! Os fabricantes divulgam informações contraditórias e o prejudicado é você. Veja a denúncia neste link.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Vazamento de gasolina pela mangueira do carburador

Vazamento de gasolina pela mangueira do carburador: 

* Para vazamento pela tampa do tanque de combustível, veja esta postagem aqui.


Minha motoca aprontou. No sábado quando acordei, notei um cheiro fraco de gasolina, olhei e percebi que havia vazado um pouco de gasolina pelo respiro do carburador. Sequei e achei que tivesse sido algo ocasional. 

Hoje (Domingo) havia uma poça enorme na garagem. Abri e fechei com força o parafuso do ladrão, mas não adiantou. Fechei a gasolina do tanque mas não dá pra andar com a moto assim. Alguém tem ideia de como resolver o problema?

Imagem: http://nachomolinablog.blogspot.com.br/

A primeira coisa:

Para interromper o vazamento, a primeira coisa é fechar o registro de combustível (a torneirinha). A posição fechada é com a haste horizontal, e se mesmo nessa posição a gasolina continuar a vazar, então a vedação do seu registro precisa ser trocada
(é, esses dois problemas podem acontecer ao mesmo tempo...)

Para tentar resolver o problema, coloque a moto no cavalete central, se existente, e dê uma pancadinha leve na parte reforçada do carburador com o cabo de uma chave de fenda ou martelo. Resolve em 90% dos casos. 

É mais raro, mas o eixo da boia (explicado abaixo) também pode ter saído de seu alojamento, aí somente desmontando parcialmente o carburador. 


Se for o caso, o procedimento de desmontagem parcial do carburador é explicado na postagem Minha moto ficou parada vários dias e agora não liga.


Para entender como funciona a válvula de controle da entrada de gasolina no carburador e evitar que o problema volte a acontecer, continue a leitura desta postagem.

Primeira coisa a verificar: 


O que causou o vazamento pela mangueira do carburador?


A entrada de gasolina no carburador é controlada por uma válvula de boia igual à da caixa d'água da sua casa — quando o nível sobe, ela gira sobre seu eixo e fecha automaticamente a entrada de combustível para impedir que ele continue a fluir para dentro do carburador.


Essa válvula pode ser impedida de fechar por um cisquinho preso entre a sede e a extremidade da válvula, ou a boia pode ter ficado emperrada por atrito ou restos de gasolina evaporada, principalmente se a moto estiver apoiada no cavalete lateral (o peso da boia inclinada a desloca para o lado e esse atrito pode ser suficiente para impedir que ela se mova: a famosa boia "encantada").

Fechar o parafuso de drenagem do carburador não impedirá que a gasolina continue a vazar, isso não é possível. Ele só serve para escoar uma gasolina contaminada de dentro da cuba.

Não é possível fechar totalmente esse parafuso porque a abertura é necessária para servir de saída de emergência ("ladrão") justamente para deixar a gasolina escoar para fora do motor em caso de encantamento / emperramento da boia.

Se a gasolina não vazasse pela mangueira do ladrão, ela iria lá para dentro da câmara de combustão e, na hora de dar partida, a pancada do pistão contra aquela quantidade de líquido presa ali dentro seria suficiente para empenar a biela. Perda total, aí só abrindo o motor e trocando as peças.


E não sairia barato.


Outra coisa que pode acontecer é a boia do carburador necessitar de um ajuste para garantir uma boa vedação. Nesse caso, será necessário remover e desmontar o carburador, algo recomendável somente se você tiver algum conhecimento de mecânica. 


Dicas:

  • Antes de remover e desmontar o(s) carburador(es), experimente dar uma pancadinha na aba reforçada dele(s) com o cabo de uma chave de fenda ou martelo (o cabo, não a ponta). Isso geralmente solta a boia e resolve o problema.
  • A instalação de um filtro de gasolina entre o registro e o carburador diminui muito a ocorrência desse tipo de coisa, evitando a entrada de ciscos no carburador. Uma solução muito barata e funcional.
  • Deixar sua moto sempre no cavalete central (se equipado) também evita muito esse tipo de ocorrência, porque evita o desgaste e atrito entre o mancal e a boia.
  • Manter o registro de combustível aberto durante a noite evita a formação de borra de gasolina evaporada, evitando que a boia fique emperrada na posição aberta e cause vazamentos. Em compensação, pode fazer com que ela fique emperrada na posição fechada, impedindo a partida pela manhã. A solução é a mesma, uma leve pancadinha na área reforçada do(s) carburador(es).
  • Se a pancadinha piorar o vazamento, é porque a boia não estava somente encantada, estava a ponto de perder o eixo e a pancadinha fez o eixo cair de vez. Nesse caso, não haveria outra solução mesmo a não ser desmontar a cuba e reinstalar o eixo e a boia. Agora, se a cachoeira está acontecendo porque a cuba quebrou, é sinal de que a pancadinha não foi feita na parte reforçada, mas na cuba, que se quebrou. Ou então foi uma pancadona...
Um abraço,

Jeff

ATENÇÃO:
Conferir o óleo apenas tirando a vareta é errado e está destruindo seu motor! Os fabricantes divulgam informações contraditórias e o prejudicado é você. Veja a denúncia neste link.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Motos com defeitos crônicos

Antes de comprar sua primeira moto, pesquise bem para evitar algumas dores de cabeça que podem tirar o prazer da pilotagem.

Algumas motos (e carros também) nascem com erros de projeto e/ou sofrem omissões por parte de seus fabricantes/rede de concessionárias.

Sabendo de antemão que determinados modelos de motos estão mais propensos a problemas específicos, você poderá lidar mais facilmente com eles ou se precaver para que eles não surjam.

Segue uma pequena relação de problemas bem conhecidos, mas dificilmente algum fabricante escape de uma lista abrangente.

Dafra Speed/Kansas: motor fundido/câmbio quebrado com menos de 20 mil km por falta de óleo suficiente, veja a explicação no tópico Ler o Manual do Proprietário é FundamentalE também tendência a quebrar o quadro nos modelos Kansas 2008/2009. 


Honda CG Titan com freio a tambor: o freio a tambor é muito menos eficiente que o freio a disco. Além disso, o freio traseiro dessas motos tende a travar a roda em frenagens mais intensas, derrubando o piloto.


Honda CB250/CB300: vazamento de óleo pelo cabeçote. Além do problema estético, essa perda de óleo contínua pode causar problemas de lubrificação do motor se o proprietário não ficar atento quanto à reposição do óleo perdido.

Atualização: Além disso, é comum aparecerem trincas no cabeçote devido à pouca espessura de metal entre as sedes de válvulas. Esse é um problema repetitivo, substitua o cabeçote e ele voltará.

Há uma postagem específica sobre o problema e a possível solução do problema de trinca de cabeçote que afeta as CB 300, XRE 300, Twister e Tornado neste link.

Honda Biz: por um problema nas soldas do quadro, o fabricante convocou um recall para substituição do quadro completo de todas as unidades fabricadas até fevereiro de 2008. Muito cuidado na hora de comprar uma dessas de segunda mão, porque certamente muita gente não se atentou a isso e você poderá sofrer as consequências.

Kasinski Flash/Mirage 150: motor fundido/câmbio quebrado com menos de 20 mil km por falta de óleo suficiente, veja a explicação no tópico Ler o Manual do Proprietário é Fundamental

Yamaha TDM 225: queima do alternador. Ele precisa ser arrefecido (esfriado) pelo óleo do motor, mas a quantidade recomendada de 1 litro deixa o alternador a seco. Alguns proprietários afirmam ter resolvido o problema colocando 300 ml de óleo a mais por sua própria conta e risco. 

Yamaha Factor: quebra do eixo secundário do câmbio que também é o eixo do pedal de partida. Os modelos com partida elétrica não apresentam esse problema.

A lista pode crescer muito, mas para isso é necessário que os proprietários se manifestem.

Esses casos são apenas alguns, e inclusive  motos com fama de assassinas por conta de suas características peculiares.

Um caso clássico:

Yamaha RD350: ganhou a alcunha de "Viúva Negra" por conta dos acidentes causados pelo excesso de velocidade que ela convida a experimentar, somado a seu baixo peso, aceleração intensa e ausência de freio motor para ajudar na desaceleração (ela usa um motor 2 tempos).

Um abraço,

Jeff
ATENÇÃO:
Conferir o óleo apenas tirando a vareta é errado e está destruindo seu motor! Os fabricantes divulgam informações contraditórias e o prejudicado é você. Veja a denúncia neste link.