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domingo, 3 de setembro de 2017

bmw G310R ameaça ferver em 9 minutos... e a desculpa que deram é uma piada de mau gosto.

Eu disse naquela postagem que os problemas da bmw G310R começariam a aparecer no máximo até janeiro de 2018, mas eu estava errado — a bmw está batendo todos os recordes! 

Durante um test ride da recém-lançada G310R, o motor ameaçou ferver com pouco mais de 9 minutos de funcionamento... 
Imagem: Vídeo no youtube no link: https://www.youtube.com/watch?v=NxQpOkT7FiI

E o motor começou o teste completamente frio, era o primeiro test ride do dia — abriram a loja antes do horário normal para ele pegar a moto, como foi dito aos 01:00.

Pior do que o motor ter dado alerta de superaquecimento foi a "explicação" que foi dada pelo vendedor da concessionária:
Imagem: Vídeo no youtube no link: https://www.youtube.com/watch?v=NxQpOkT7FiI

A concessionária disse que a moto estava em "modo Transporte" para "bloquear várias funções da moto incluindo o sistema de arrefecimento".

Sei, sei... tá, bom... conta outra, dona bmw, porque essa de bloquear o sistema de arrefecimento não dá pra engolir não.

O tal "modo Transporte" é uma função eletrônica que realmente existe e é usada apenas durante o transporte de motos e carros entre a fábrica e as concessionárias...

Ele serve para não drenar a bateria enquanto os funcionários movimentam as motos e carros nos pátios de estocagem.

Você não precisa acender farol para pequenos percursos nos pátios da fábrica e das concessionárias, já que a moto não vai circular no trânsito.

E nesses locais ninguém trabalha à noite, concorda?

Então funções que descarreguem a bateria sem necessidade são capadas (ui!!) temporariamente, inclusive para evitar que alguém esqueça alguma coisa ligada. Ou um vidro aberto, no caso dos carros.

Depois a concessionária reativa essas funções antes que os veículos possam ir para a rua — é a chamada revisão de entrega, onde também completam os níveis de óleo e líquido de arrefecimento.

Mas o fato é:

Aquela moto não estava em "modo Transporte", isso foi apenas a melhor desculpa encontrada pelo pessoal de vendas para tentar justificar o aquecimento injustificável.

(E quase conseguiram, mas eu sou um cara chato pra dedéu...)

Se aquela moto estivesse mesmo em "modo Transporte", várias funções do sistema elétrico estariam bloqueadas — inclusive a ventoinha do radiador poderia sim estar desativada...

Mas isso não é verdade porque uma função muito mais gastona de energia da bateria e que visivelmente (e bota visível nisso) não estava bloqueada era esta aqui:
Imagem: Vídeo no youtube no link: https://www.youtube.com/watch?v=NxQpOkT7FiI

O farolzão aceso é a prova definitiva de que a moto não estava em "modo Transporte".

Quando o "modo Transporte" é desativado, o veículo entra no "modo Normal", não existe meio termo.

Veja neste vídeo curto como a coisa funciona em um carro:

Ou está em "modo Transporte", ou não está, simples assim — não existe bloqueio individual de um sistema ou outro, é uma função geral pré-programada.

E principalmente, não tem como existir bloqueio eletrônico do sistema de arrefecimento.

Como em todas as motos, exceto um único caso que fiquei sabendo, a bomba de água do sistema de arrefecimento da G310R gira mecanicamente acionada por engrenagens ligadas ao virabrequim. 
Imagem: http://parts.bmwmotorcycles.com/a/BMW_2017_G/_51507_6971251/Engine-housing-cover--right/11_6628.html

Não tem nada eletrônico na bomba de água.

Enquanto o motor funciona, a bomba fica girando e circulando o líquido de arrefecimento o tempo todo — não tem essa de precisar ser tirada do "modo Transporte".

Como em todas as motos, a válvula termostática da G310R libera a circulação de água para o radiador quando atinge uma determinada temperatura.

A termostática é de acionamento puramente mecânico, funciona por dilatação térmica da válvula — não tem essa de ser tirada do "modo Transporte". 

Não tem nada eletrônico na válvula termostática.

A ventoinha elétrica entra em funcionamento automaticamente depois que o motor atinge uma determinada temperatura.

Quem determina isso é um simples termostato elétrico que também funciona por dilatação térmica e ativa um relé, que poderia estar desativado por causa do "modo Transporte"...

Ou então o sensor de temperatura do líquido de arrefecimento envia um sinal para a ECU interpretar e ativar o relé.

Mas como vimos, a moto não estava mesmo nesse modo, senão o farol não se acenderia, ponto final.

O grave é que o motor não pode se superaquecer em tão pouco tempo e com tão pouco uso — foi a primeira saída da moto naquele dia.

Nada justifica aquele aquecimento tão rápido — mesmo que a válvula termostática não estivesse funcionando normalmente, o motor não deveria atingir uma temperatura tão elevada tão facilmente.

E o funcionamento perfeito é o que se espera de uma moto zero km — afinal, ela foi testada e aprovada na fábrica e na concessionária antes de chegar ao cliente...

Algo está muito errado com aquela moto.

O motor superaquecer em tão pouco tempo é sintoma de algo muito mais grave do que a ventoinha estar desligada por uma simples falha de conexão elétrica. Moto zero km com qualidade alemã e falha de conexão elétrica? Difícil, hein?

Então qual é a causa fundamental do aquecimento?

Eu sei de duas coisas que causam aquecimento excessivo do motor em motocicletas zero km mesmo em pouco tempo e com pouco uso:

1) Nível de óleo insuficiente 

2) Nível de líquido de arrefecimento insuficiente

Não seria a primeira vez que uma bmw superaquece em um pequeno trajeto por falta de água e óleo ao sair da concessionária:

Denúncia: Postagem http://minhaprimeiramoto.blogspot.com.br/2016/09/como-nao-perder-seu-motor-zero-km-e.html

O dono da moto acima tirou a moto zero km da concessionária e ela ferveu ao chegar em casa porque estava com níveis baixos de óleo e água. A denúncia completa da falta de 650 ml 580 ml de óleo você lê nesta postagem aqui.

E certamente não terá sido a última...

Poderia ter acontecido com esse proprietário o mesmo que quase matou este outro:
Reclamação completa: https://www.reclameaqui.com.br/bmw-motorrad-brasil/comprei-uma-motocicleta-bmw-f800-gs-adventure-e-ela-nao-presta_m-g1GmYJW4hYc6xA/

Pois é, falta de óleo suficiente no motor pode estourar um motor com apenas 1.000 km, e as concessionárias da bmw — e não só da bmw — permitem que isso aconteça.

No que você vai acreditar?

No tal "ajuste de modo Transporte" que bloqueia funções da moto inclusive — magicamente, pateticamente e inutilmente — o sistema de arrefecimento, mas não o farol e a lanterna?

Ou acreditará na muito mais provável falta de líquido de arrefecimento e óleo suficientes no motor porque o pessoal da concessionária não fez o serviço direito durante a revisão inicial?

Não fez por descuido ao efetuar o único trabalho que é a razão da concessionária existir?

Ou por costume de não fazer corretamente esse serviço como venho denunciando há anos aqui no blog?

A bmw que se explique, porque esses casos estão ficando muito feios para ela.

Usar a troca de óleo a cada 10 mil quilômetros "sem se preocupar com manutenção" como argumento de vendas de uma moto que se diz "premium" (no Brasil, porque no resto do mundo é apenas uma moto de pequena cilindrada como outras) é uma apelação irresponsável e inconsequente.

Entregar as motos com óleo e líquido de arrefecimento insuficientes, uma prática comum na indústria de motocicletas, somada a essa quilometragem para troca do óleo absurda, são a receita para um desastre — vidas estão em cima dessas motos, dona bmw.

E se você, leitor, acha que o rapaz abusou da moto e essa foi a causa de ela sinalizar temperatura excessiva em 9 minutos, veja o vídeo completo e tire suas conclusões:


Aproveite para comparar o ronco triste dessa pobre moto aí de cima com o desta outra G310R idêntica aí embaixo.

Pelo ronco, esta outra aparentemente está com o nível correto de óleo e líquido de arrefecimento (e NÃO acendeu a luz de advertência de temperatura no test ride):


Pelo ronco do motor a gente percebe que aquela primeira moto está quase sem óleo e muito provavelmente com muito pouca água.

Eu pensei que já tinha visto de tudo em todos esses anos nesta indústria vital, mas essa desculpa incrível mente esfarrapada do "modo Transporte" certamente foi a mais criativa.

Abra o olho e fique esperto, porque o pessoal é ligeiro em arranjar desculpas... e jogar o abacaxi na sua mão.

Um abraço,
Jeff

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

A kawasaki tomou juízo, a bmw ainda não aprendeu a lição

A kawasaki do Brasil tomou juízo quanto ao intervalo de troca de óleo recomendado, enquanto a bmw ainda não aprendeu uma dura lição...

O triste é que essa lição será tomada com gente se machucando e se dando muito mal por conta de uma política de vendas totalmente errada.

Não se negligencia a segurança em motocicletas.

Usar como argumento de vendas 10 mil km sem manutenção do óleo do motor — denunciado na postagem de ontem — colocará a vida de muita gente em perigo.

Quem está há mais tempo no mercado brasileiro já percebeu que a coisa por aqui é séria e diferente do resto do mundo, e já tomou atitude para livrar a própria cara. 

Lembra daquela postagem sobre os 12 mil km da troca de óleo das kawasaki?
Imagem: Postagem http://minhaprimeiramoto.blogspot.com.br/2017/04/os-12-mil-km-da-troca-de-oleo-da.html

Conforme alertado pelo leitor Sergio Brunner, que me enviou a imagem abaixo e a quem agradeço muito, a kawasaki do Brasil não embarcou nessa onda de 12 mil quilômetros para troca de óleo da matriz.

O pessoal no Brasil teve o bom senso de determinar a troca de óleo com a metade da quilometragem recomendada lá no exterior:

O manual brasileiro recomenda a troca de óleo e do filtro de óleo a cada 6 mil km, e não os absurdos 12 mil km determinados no Japão.

Mas são 6 mil km mesmo?

Não.

Você leu as letras miúdas da observação nº 2?

"Efetue o serviço (troca de óleo e filtro de óleo) com mais frequência quando pilotar a motocicleta em condições severas: regiões com muita poeira, úmidas ou lamacentas, pilotagem em alta velocidade ou com partidas/paradas frequentes."

Ora, essa é praticamente a condição de pilotagem de todas as Ninja, na estrada ou em trânsito urbano... que outra condição existe?

Aliás, é a condição de pilotagem de praticamente qualquer motocicleta...

Fora disso, só aquelas motocicletas que ficam sempre no mesmo lugar:
Imagem: http://www.bellecityamusements.com/our-midway/

Na prática, a kawasaki do Brasil está falando sem dizer para fazer a troca do óleo e filtro a cada 3 mil km...

Ou seja, reduziram de 12 mil km para 6 mil km, mas se você não quiser ter problemas, troque o óleo e o filtro de óleo a cada 3 mil km...

Enquanto isso, a bmw usa como argumento de vendas o "óleo mágico" para 10.000 km sem manutenção...

"Maior economia com menor custo de troca de óleo."

Onde foi que já ouvi isso antes?

Ah, lembrei!

A honda começou com essa história do "óleo mágico" para 3 mil, depois 4 mil e agora 6 mil quilômetros usando como argumento de vendas a maior economia de manutenção.

Deu no que deu para as motos pequenas de arrefecimento a ar e a ar/óleo CB 300, XRE 300, Titan, Fan, Bros... 

Jogaram a imagem da honda lá no chão, tiveram que trocar os motores, e nem assim os problemas acabaram porque foram potencializados pela adoção de um óleo inadequado para o Brasil.

Pelo menos a kawasaki caiu na real e teve o bom senso de se adequar à realidade nacional.

Fato:

Os proprietários brasileiros não se ligam em detalhes de manutenção e não repõem o óleo consumido.

Aliás, nem medem o nível de óleo da moto.

Quando medem o nível de óleo, sempre medem do jeito errado, sem ligar e desligar o motor, conforme foi ensinado nas concessionárias... ops!

Caramba, as concessionárias ensinam errado uma coisa tão importante, né?

As montadoras deviam prestar atenção nisso, está fazendo muita gente estragar o motor com baixa quilometragem e até correr risco de vida nas estradas...

Mas o fato é que o pessoal da kawasaki sabe que a turma usa as motos para chinelar no fim de semana, e sabem perfeitamente que óleo velho com nível baixo pode dar uma grande колбаса, tanto é que publica em todos os seus manuais:

Mais cedo ou mais cedo ainda, a bmw também vai descobrir que usar como argumento de vendas um óleo que aguenta 10 mil km sem manutenção não compensa.

Os proprietários leigos interpretarão "sem manutenção" como "sem preocupação de repor o óleo consumido" — o que colocará a vida dos usuários da moto em perigo.

O artifício de dizer que "proprietários que percorram longas distâncias poderão ter de trazer as motocicletas para revisão antes da próxima data programada" — na prática, a cada 5.000 km — não funciona no Brasil.

Os proprietários rodarão 10.000 km sem nem mesmo conferir o nível de óleo. 

Motores começarão a estourar ainda este ano, mais tardar em janeiro de 2018, anote o que estou dizendo.

Os riscos envolvidos não só para os usuários — que verão seus motores travarem e estourarem em alta velocidade na estrada — como para a imagem da marca e seus produtos, não compensam as vendas iniciais.

Pelo visto, a kawasaki do Brasil já descobriu. Mas suas concessionárias continuam entregando as motos da revisão sem óleo suficiente... 

Muita gente vai dançar graças a essa política de vendas totalmente errada da bmw.

O negócio é rezar para ninguém morrer por conta disso.

Um abraço,
Jeff

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Nunca confie no que os vendedores falam... a bmw é igual a todas as outras fabricantes

Nosso leitor e colaborador frequente aqui do blog Pedra Veloz — a quem agradeço imensamente mais uma vez — enviou este vídeo:


Você ouviu o vendedor falando sobre a bmw G310R, né?

"Troca de óleo de 10.000 em 10.000 km", "óleo projetado especialmente para esse motor".

Não me contive e fui conferir imediatamente essas informações lá mesmo na concessionária bmw.

E o que o vendedor desta outra concessionária falou foi o seguinte:

"O óleo é 15W-50, pode ser qualquer um, Motul, Castrol..."

E quanto à troca de óleo?

"Revisão a cada 10.000, troca de óleo a cada 5.000 km."

Como cada concessionária disse uma coisa diferente, fui conferir direto no documento emitido pela fabricante:
Óleo 15W-50, conferido.

Pode ser qualquer um, conferido.

"Óleo especial para esse motor"... ahh... isso não está escrito não.

Lá fora a bmw motorrad recomenda, mas não obriga a usar, o tal ADVANTEC ORIGINAL BMW ENGINE OIL — aqui no Brasil usa outro óleo.

Então aquele papo de "óleo projetado especialmente para esse motor", mais uma vez, é só argumento de vendas.

O tal Advantec é um semissintético — então o Motul 5100 ou o Castrol Power 1 4T dão conta do recado.

Troca de óleo a cada 10 mil km, conferido:

Pegadinha do manual para iludir proprietário otário, conferido:

A data programada é uma vez ao ano ou 10.000 km, o que ocorrer primeiro.

Na prática, "antes da próxima data programada" quer dizer antes da quilometragem programada.

Ou seja, espere para trocar o óleo somente a cada 10.000 km e detone o seu motor.

"Ah, mas o vendedor falou..."

Cara, na hora que dá pau, vale o que está escrito... a culpa é sempre do propriotário que não faz a manutenção como se deve... aprenda isso...

Pelo menos o vendedor com quem falei não recomendou esse absurdo de trocar o óleo apenas a cada 10 mil km.

Em compensação — nunca se pode elogiar — aí vem a questão fundamental...

Perguntei para o vendedor na concessionária:

— COMO É QUE EU MEÇO O NÍVEL DE ÓLEO DESSA MOTO? 


— É A QUENTE COMO AS OUTRAS bmw OU É A FRIO?


Ouvi da boca do vendedor:


"Essa moto é diferente das 800 e 1200, não é cárter seco, você não mede a quente."


"Você mede pela manhã sem ligar o motor, é só olhar o nível no visor."


Malandramente, perguntei:


— Ah, quer dizer então que é igual à honda CB 300?


"Mesma coisa."


Mas o que diz o manual do proprietário?
Óleo do motor
Verificação do nível de óleo do motor
Requisito
O motor está à temperatura de funcionamento.

Então também não é como o vendedor falou para mim... a medição é mesmo a quente — como todas as motos da bmw — e não a frio. A propósito, o manual da CB 300 também manda ligar por alguns minutos e desligar o motor antes de medir o nível... coisa que ninguém faz.

Medir a quente dará um resultado muito diferente do que olhar o visor pela manhã, quando todo o óleo terá escoado para o cárter.

Com o óleo todo no cárter, você pensará que o nível está bom, mas seu motor estará com muito menos óleo que o ideal — porque não foi assim que os engenheiros determinaram o procedimento de medição do nível.

Comprove isso na sua própria moto, é só medir nas duas condições.

Pelo menos uma coisa o vendedor acertou:

Será a mesma coisa que a CB 300 — todo mundo mede o nível do jeito errado ensinado pelos vendedores nas concessionárias, ninguém lê o manual, e as motos apresentam problemas por falta de óleo suficiente.

Você notou que o manual fala que a quantidade de óleo é de aprox. (aproximadamente, note bem, aproximadamente) 1,65 litro com troca do filtro de óleo.

Como a troca do filtro exige mais óleo, isso quer dizer que será colocado apenas 1,5 litro de óleo a cada troca de óleo sem troca do filtro (igual na CB 300, com a única vantagem de a bmw estar com a viscosidade correta).

O grande detalhe é que a quantidade necessária para atingir o nível correto na CB 300, quando você mede do jeito certo, com motor e radiador de óleo totalmente drenados, é de 1,8 litro, sabia?

O pessoal só coloca 1,5 litro (é o número que aparece no manual) e não completa até chegar no nível máximo medindo depois de ligar e desligar o motor.

E é por isso que CB 300 e XRE 300 racham cabeçote — aquecimento excessivo por óleo insuficiente.

(Parêntese:)

Notou que a bmw não precisa usar óleo 10W-30 para atingir as metas de emissões e consumo?


Por que será que a honda precisa usar óleo fino e a bmw, com um motor tão moderno quanto, de tão alto rendimento quanto, de tão alto desempenho quanto os da honda, por que a bmw pode continuar usando óleo 15W-50 e a honda não? 


Curioso, né?


(Fim do parêntese)


Vou ficar aqui esperando aparecerem as reclamações de motor barulhento, radiador fervendo e câmbio duro junto com as explicações dos vendedores "bmw é assim mesmo".

Depois de algum tempo aparecerá o primeiro vídeo de um proprietário mostrando a moto com o óleo no mínimo depois de voltar da revisão...

Nada de novo nesse mercado de motocicletas, venho denunciando todas essas empresas há anos.

E a bmw é reincidente... veja a postagem:

Como não perder seu motor zero km (e a vida) saindo da concessionária — seja bmw, honda ou qualquer outra


Um abraço,
Jeff

quinta-feira, 13 de julho de 2017

bmw 1200 e seu histórico de falhas potencialmente fatais

Ontem foi noticiado o recall da bmw para todos os modelos R1200 fabricados até hoje:
Reportagem e recall: https://infomoto.blogosfera.uol.com.br/2017/07/12/problema-na-suspensao-obriga-bmw-a-fazer-recall-das-r-1200-gs-gs-adventure/

Resumidamente, as bengalas podem se afrouxar da suspensão dianteira — junto com a roda.

Só isso.

E o Blog da Infomoto (leia!) dá a notícia de que o recall pela fabricante deve muito à iniciativa de um proprietário e blogueiro sul africano que vem denunciando o problema há tempos.

Ele até criou um site denunciando o problema:
Site com a denúncia (em inglês): http://bmwfatalflaw.com/ 

Não é o primeiro caso de falha grave a atormentar esse modelo específico da bmw.

Nem o primeiro recall por motivo absurdo.

Talvez você não tenha ficado sabendo, porque na divulgação curiosamente usaram a foto do modelo menos vendido no Brasil:
Recall: http://g1.globo.com/carros/motos/noticia/2015/04/bmw-convoca-4558-motos-no-brasil-para-recall.html

Já no lançamento desse modelo R1200 GS para a imprensa ocorreu a morte de um repórter especializado experiente por motivos que alguns atribuíram à falta de um amortecedor de direção.

Essa história foi contada entre outras aqui no blog na postagem Acidente de moto por falha mecânica? Não mesmo! Sua moto pode fazer o mesmo correndo menos que essa...
Reportagem: https://idratherberiding.com/2013/01/24/kevin-ash-dies-in-accident-at-the-2013-bmw-r1200gs-press-launch/
Postagem: http://minhaprimeiramoto.blogspot.com.br/2017/05/acidente-de-moto-por-falha-mecanica-nao.html

A bmw nunca admitiu que a falta do amortecedor de direção pudesse ser a causa do acidente fatal, mas incorporou essa peça no ano seguinte.

Amortecedor de direção esse que já no primeiro semestre de uso deu problemas, sendo objeto de recall por parte do próprio fabricante:
Recall: https://www-odi.nhtsa.dot.gov/acms/cs/jaxrs/download/doc/UCM441718/RCMN-13E034-3459.pdf

Motivo do recall alegado pelo fabricante de amortecedores Öhlins?

O suporte do amortecedor teria sido "usinado em uma direção desfavorável em combinação com provável defeito do material e a liga de alumínio sendo sensível a fissuras por corrosão sob tensão".

Uma combinação de fatores e tanto, né?

Um macaco velho também poderia interpretar assim:

"O suporte foi subdimensionado para resistir aos esforços a que é submetido."

Ou seja, o componente era fraco, sem fator de segurança para aguentar o tranco.

E o fabricante muito possivelmente teve que assumir a culpa para não perder contratos com esse cliente — é assim que é no mundo dos negócios.

O suporte do amortecedor era fraco e não foi testado extensivamente antes de ser colocado no mercado.

A Öhlins assumiu o problema e livrou a cara da bmw.

Resta saber se o amortecedor foi projetado pela Öhlins ou se foi fabricado conforme as especificações da montadora bmw...

E se as especificações continham um fator de segurança adequado para a peça.

Seja quem for o pai ou a mãe da criança, o fato incontestável é que esse modelo de moto não foi testado adequadamente pela bmw antes de ser colocado no mercado.
Imagem e reportagem de lançamento: http://canadamotoguide.com/2013/01/28/launch-bmw-r1200gs/

A moto não foi testada adequadamente pela bmw antes de seu lançamento sem o amortecedor de direção.

A moto não foi testada adequadamente pela bmw quanto à resistência do amortecedor de direção incorporado.

A moto não foi testada adequadamente pela bmw quanto ao aperto da porca da roda traseira especificado e aplicado pela bmw.

A moto não foi testada adequadamente pela bmw quanto à resistência da suspensão dianteira projetada pela bmw.

Os fatos estão aí para provar.

Note que é exatamente o mesmo problema do amortecedor de direção, só que em uma escala maior:

Os amortecedores de suspensão (bengalas) não aguentam os esforços para os quais foram projetados:

"Tal folga decorre de impactos severos em grandes obstáculos e buracos em alta velocidade, por exemplo, a depender do modo de condução e tipo de terreno."

Mais uma mostra da pressa com que novos modelos são lançados com cálculos de resistência feitos por computador com base em tabelas de cálculos feitas por computador.

Pena que a vida real não é uma simulação de computador.

E o salário dos pilotos de teste das fábricas foi economizado, já que os testes de longa duração são feitos por voluntários que pagam para fazer o serviço.

Sim, você é o voluntário inocentão que está pagando para fazer os testes de rodagem de longa duração que as fábricas economizam.

A responsabilidade pela moto é deles, mas a vida é sua.

Cuidado com o que você compra.

Marca famosa hoje em dia não quer dizer mais nada, quem está no projeto é a gurizada com os computadores.

Se der problema, eles fazem um recall.

O problema é se a encrenca acontecer primeiro com você.

Um abraço, menos a essa garotada inexperiente que projeta motos hoje em dia,

Jefferson

terça-feira, 23 de maio de 2017

Erros e acertos da postagem da bmw

Errei e estou muito cansado, tive uma overdose de bmw na última semana, mas não vou adiar a publicação desta "retratação". 

Ou melhor, uma explicação do erro cometido na postagem anterior.

O cansaço é grande e o raciocínio pode estar confuso, peço sua compreensão. 

E se por acaso você encontrar algum erro nesta postagem, por favor, só me avise quando eu voltar das férias... São novamente quatro da manhã de mais uma de muitas noites mal dormidas...

Admito, eu errei. 

Ainda bem que errei!

Porque os esclarecimentos que recebi do leitor Victor Garcia permitiram confirmar com mais detalhes a denúncia de ontem.

Sugiro ler a discussão técnica nos comentários da postagem anterior, eles lançam muita informação que optei por não repetir na totalidade aqui, já que a postagem precisa ser mais condensada.

Explicando como errei da maneira que errei (mas não errei totalmente):

A página de manuais da bmw que consultei é esta aqui:

Página com links para manuais proprietário bmw: https://www.bmwsections.com/ 

Eu pesquisei nas seções em amarelo, que contêm tanto motores de alto desempenho quanto desempenho normal para as séries 3, 5, 6 e Z8.

Mas todos os motores de alto desempenho também estão agrupados na pasta destacada em vermelho.

Você também pode chegar neles pelo caminho amarelo, desde que perceba a letra M antes do número do modelo. 

Experimente, depois me diga que não ficou confuso.

O fato é que  bmw possui manuais específicos para os modelos equipados com os motores de alto desempenho, mas nem todos os exemplos que peguei coincidiram com esses modelos... muito azar.

Por exemplo, peguei exemplos corretos para série M3 de 2001, e a bmw trocou o óleo desses motores justamente a partir do ano 2002.

Se eu tivesse escolhido também um manual do ano 2002, teria o exemplo perfeito e não haveria confusão...

Como vimos ontem, estas são as recomendações para o motor E46 de alto desempenho de 333 hp usado a partir do modelo BMW M3 Conversível 2001:
Manual do modelo BMW M3 Convertible 2001: https://www.bmwsections.com/docs/m/

E estas são as recomendações para o motor E46 de alto desempenho de 333 hp usado o mesmo modelo bmw M3 Conversível 2002:
Manual do modelo BMW M3 Convertible 2002: https://www.bmwsections.com/docs/m/

Nos modelos a partir de 2002 com o mesmo motor I6 de 333 hp  do ano anterior, a bmw passou a recomendar o uso "preferencial" do óleo 10W-60...

Ou o uso alternativo de óleo 5W-40 ou 10W-40 no mesmo motor — sem falar nada sobre critérios de adequação em função da temperatura ambiente.

A decisão fica ao gosto do freguês.

Era tanta informação que tive de fazer tabelas para não ficar perdido.

Esta é dos manuais da Série M3, aquela que precisou trocar o tipo do óleo a fim de parar de estourar motor:
Os modelos M3 realmente foram lançados com motor I6 de 333 hp usando óleo 5W-30 e 5W40, e com os motores dando problemas a bmw alterou a especificação do óleo para 10W-60.

Note que a bmw manteve os óleos que causavam problema como "alternativas" aceitáveis. 

Por que "aceitável"?

Por que quem usa o carro sem exigir muito, só vai ter problemas em curto prazo se fizer uma viagem longa por regiões quentes, ou usar o carro em alta velocidade continuamente.

Para o pacato cidadão, o carro durará um ou dois anos sem problemas, tempo suficiente para ele trocar de modelo e o abacaxi estourar no colo do segundo proprietário.

E aí ninguém é o pai da criança...

Isso confirma plenamente a denúncia e a argumentação de que óleos de maior viscosidade conseguem ser usados em qualquer motor, desde que ela seja adequada para a temperatura ambiente.

No Brasil, felizmente quase não temos essa preocupação com clima frio.

Onde errei feio na postagem de ontem?

Os dados que peguei para a série M5 na postagem de ontem estavam errados — usei os dados da série 5, que usa motores 6 em linha mais tranquilos, sem turbo.

Os dados corretos para a série M5 são estes:
E uma tabela resumida com motores da Série 5 comum é esta:
Note que os motores 6 em linha de baixo desempenho são basicamente os mesmos usdos na Série M3, exceto pelas modificações no cabeçote e adoção do turbocompressor e algumas outras.

Naquilo que interessa para esta discussão, a parte dos dutos de óleo finos demais para aguentar óleo mais grosso, e mancais de bronzinas, a mudança do óleo nos mesmos motores de 2001 para 2002 provou que ela é plenamente viável.

Motores não estouram por usar óleo mais viscoso, a menos que ele seja viscoso demais para a temperatura predominante naquela região.

Mas há tolerâncias e você é capaz de perceber se o seu motor está sofrendo com um óleo novo mais viscoso.

Ao contrário do que ocorre com o óleo fino, onde os proprietários reclamam e as concessionárias insistem que é assim mesmo até que o proprietário estoure o motor...

Voltando à bmw, seus motores V8 sempre usaram o óleo 5W-30 ou 5W-40 — então errei em falar que eles usavam óleo 10W-60 por parte da fabricante — quem descobriu que eles rodavam melhor com esse óleo foram aqueles proprietários no fórum.

Falando especificamente do 10W-60 para os motores V10, as instruções para o uso desse óleo são um pouco confusas.
Manual de proprietário: bmw M5 Sedan 2007 https://www.bmwsections.com/docs/m/

O manual fala que o motor deve usar óleo 10W-60, mas se ele não estiver disponível para repor pequenas quantidades, a complementação poderá ser feita alternativamente com óleos menos viscosos.

O fundamental é não deixar o óleo muito baixo no cárter — é preferível misturar com outro tipo de óleo do que deixar o motor fundir com a preocupação de manter a pureza do óleo.

Então esses outros óleos menos viscosos são apenas uma alternativa para repor a quantidade consumida — não está escrito no manual que você pode usar óleo SAE 10W-40, SAE 5W-50 ou SAE 10W-50.

Mas uma olhada apressada pode dar essa impressão, já que a viscosidade principal está no pé da página e as alternativas estão em evidência no alto da página.

Quem olha somente a segunda coluna e não lê o cabeçalho pode cometer um erro de escolha, mas aí não será culpa da bmw.

E finalmente, o manual dos modelos Série M6: 
Então a afirmação que eu fiz de que a bmw não estava passando a informação do óleo correto em relação ao 10W-60 para seus motores estava errada, peço desculpas aos leitores.

Este foi o principal erro que cometi:

A bmw sempre usou motores V8 e V10 tanto na série 5 quanto na série M5, sendo que nunca recomendou óleo 10W-60 nos motores V8, mas apenas nos motores V10.

Os motores V8 usam óleo menos viscoso, os V10 sempre usaram óleo 10W-60... mas o site da bmw sobre óleos recomendados não faz distinção:
Óleos originais bmw: http://www.bmw.com.br/pt/topics/offers-and-services1/personal-services/oil_service.html

O site fala somente que o óleo 10W-60 é o correto para os M3 fabricados até dezembro de 2013, e os M5, M6 e Z8 fabricados até dezembro de 2010.

E isso explica porque havia um adesivo debaixo do capô dos proprietários americanos recomendando o uso do óleo 5W-30:

Não era uma pegadinha da fabricante bmw — não no sentido de ser um ato de má-fé.

É simplesmente a prática atual da indústria de trabalhar com óleos cada vez menos viscosos para obter índices de consumo e supostamente emissões que não seriam obtidos se nossos motores tivessem longa vida útil.

Aí é questão de discutir se é verdade que abreviar a vida útil do motor irá contribuir para poluir o ambiente em maior ou menor escala.

Eu penso que a decisão das indústrias e governos é ilógica, irracional e interesseira. 

Os proprietários que discutiram o uso de óleo 10W-60 em motores V8 de seus séries M5 nos EUA simplesmente constataram um fato:

O motor funciona melhor com óleo mais viscoso dentro de certos limites e ao que tudo indica o 10W-60 está dentro desses limites — assim como a adoção do óleo 15W-50 para os motores das motos F800 resolveu um problema e uma reclamação comum dos proprietários.

Por que essa solução não é universalizada?

A bmw precisaria explicar porque os proprietários chegam a conclusões que os engenheiros deles não chegam...

A bmw do Brasil precisa explicar qual o motivo de induzir seus clientes a consumir o óleo 5W-30 de viscosidade inadequada para nosso clima tropical — quando deveria estar induzindo ao uso de pelo menos uma ou duas categorias acima, 10W-40 ou 15W-50.

E se o 10W-60 se deu bem no hemisfério norte, provavelmente na região da Califórnia que é bem próxima em temperaturas de nosso Brasil, por que não seria melhor para nós por aqui?

E não só para os veículos série M, mas também para os com motores de menor potência como os bmw 120i e 320i da reportagem da 4 Rodas citada ontem.

A bmw precisa explicar o motivo pelo qual o critério de adaptação da viscosidade à temperatura local que valia em 1995 não vale mais hoje:
Manual de proprietário de veículo bmw 1995, nem me lembro mais onde encontrei... Mas é uma beleza de tabela para mostrar como usar óleo 5W-30 (e 5W-20 ou 0W-20 aqui no Brasil é uma tremenda forçação de barra...

Não me venha com a desculpa de que "os óleos evoluíram" — isso é desculpa pra boi dormir.

Os óleos evoluíram em aditivos, mas as leis da Física não mudaram.

As leis que regem a formação dos filmes de óleo dos mancais hidrodinâmicos continuam as mesmas — óleo mágico que anula essa necessidade de adaptação à temperatura ambiente é somente marketing.

Um óleo que era bom para temperaturas abaixo de zero grau Celsius como o 5W-30 não pode ser ideal para temperaturas quarenta graus acima disso. 

Questão de lógica.

A perda de viscosidade em função da temperatura dos óleos multiviscosos pode ser menor nos dias de hoje, mas continua existindo.

Basta ver a durabilidade dos motores há quarenta anos e atualmente. 

Mas como a bucha quase sempre explode no colo do segundo proprietário, ninguém se sente no direito de reclamar, afinal ninguém sabe como o primeiro dono tratou o carro...

A resposta é fácil — ele fez todas as revisões em concessionária e usou o óleo recomendado pela fábrica...

Só fica chato para os fabricantes quando a bucha começa a estourar na mão dos primeiros proprietários, aí a imagem da empresa pode ser abalada... 

E nada disso precisaria acontecer, nenhum proprietário precisaria passar por situações estressantes, perigosas e, no caso das motos, potencialmente mortais — bastava usar o óleo correto definido por critérios de engenharia, e não de marketing.

A bmw precisa explicar por que o manual das Séries M3, M5, M6 e Z8 diz que a viscosidade 5W-40 também é aceitável, mas seu site induz o uso de óleo 5W-30.

Outra coisa que a bmw precisa explicar é o motivo de recomendar em seu site o óleo 10W-60 para TODOS os motores da Série M3 até 2012 quando ele não era recomendado no ano de 2001 — ah, não precisa não, foi por causa das bronzinas tão mal faladas.

Mas ainda falta a bmw explicar porque o manual do M3 Coupe 2012 com o mesmo motor 6 em linha que já usava o 10W-60 voltou a recomendar óleo 0W-40, 0W-30, 5W-40 e 5W-30:
Manual de proprietário: bmw M3 Coupe 2012 https://www.bmwsections.com/docs/m/

E lembrando, explicar essa contradição de o site da bmw dizer que o 10W-60 é o óleo recomendado para TODOS os M3 fabricados até dezembro de 2013, inclusive o M3 Coupe 2012, contrariando o manual do proprietário.

O que a bmw precisa explicar é o motivo de os proprietários de autos com motor V8 estarem felizes da vida usando óleo 10W-60...

Por tudo isso, mantenho a denúncia:

Há todo um interesse em induzir o consumo de óleos inadequados para as temperaturas aqui no Brasil, e isso está custando caro para os proprietários que estão sendo lesados.

A próxima postagem será sobre a renault e o curioso "engano" de informar uma viscosidade de óleo mais correta no manual e as concessionárias colocarem óleo menos viscoso...

Ou seja, fazendo o mesmo que a bmw.

Um abraço,

Jeff envergonhado por ter deixado escapar essa gafe na postagem de ontem