segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Corredores paulistanos e corredores de Floripa

Olha só que dado curioso:

Proporcionalmente ao tamanho da frota, acontecem menos acidentes graves nos corredores de São Paulo do que nos da região de Florianópolis...

Morrem 50 motociclistas por ano em Floripa — cidade com 470 mil habitantes. 

Toda a região metropolitana de Florianópolis tem apenas 1.132.000 habitantes.

A cidade de São Paulo, com população de 11.320.000 habitantes (24 vezes maior) registra apenas 442 mortes por ano (apenas 9 vezes mais).

Ou seja, proporcionalmente morre quase 3 vezes menos gente sobre duas rodas em São Paulo do que em Floripa.

Joinville, com apenas 562 mil habitantes, registra incríveis 50 mortes de motociclistas por ano!

Proporcionalmente, Joinville mata duas vezes mais motociclistas do que Floripa.

São seis vezes mais do que São Paulo em proporção à frota! Se eu errei nas contas, me ajuda aí porque depois do avc de 2010 (ou foi 2011?) fiquei muito ruim de má temática... e simetrias... e memória... e... ahn... que eu dizia?

Hummm... revendo as contas, talvez a coisa não seja tão desproporcional... 

Se considerarmos toda a região metropolitana, aí a proporção será de 10 : 9.

Ainda assim, Floripa continua ganhando por uma margem de 10%.

Conheço o trânsito nessas cidades, e confesso que senti o impacto da quantidade de acidentes que testemunhei logo que cheguei ao Sul.

Tanto é que o blog nasceu lá em função das cenas que vi, tanta gente jovem sendo levada pelo SAMU. 

Por que isso acontece?

Minha teoria é a seguinte:

Veja alguns corredores paulistanos, terra que já está bem acostumada com as motos no trânsito e os motoqueiros já sabem o que esperar:

E este é um corredor lá de Floripa, com o pessoal mais entusiasmado do que a prudência recomenda:


Traduzindo do floripês:
Ou seja, lá em Floripa quem é prudente ao ver um moedor de motocicletas é tido por palerma... triste.

Reparou que na média o pessoal de SP anda mais de boa que a turma lá de Floripa?

Entendeu porque em um único dia cai quase tanta gente em Floripa e região quanto em São Paulo, que tem muito mais motos?

Os corredores paulistanos não chegam a ser tão agressivos quanto os de lá de Floripa.

A taxa paulistana já foi maior, mas o próprio excesso de veículos e motos serve como limitador de velocidade.

E isso ajuda a entender porque os acidentes se concentram mais nas marginais e rodovias que chegam a São Paulo: é lá também que as velocidades se tornam maiores.

Para ir a qualquer lugar na região de Floripa você é obrigado a pegar a via Expressa (que é uma BR) e a BR-101.

Trânsito nível marginais, Dutra e Castelo daqui de Sampa.

Pelo que penso, podemos extrapolar esse excesso de autoconfiança e liberdade nos corredores rodoviários que vemos em Floripa para a maior parte das cidades de porte médio do Brasil.

Elas estão fazendo a transição de um modelo de trânsito pacato para um modelo de trânsito mais agressivo.

E tanto os motociclistas quanto os motoristas ainda não estão adaptados a essa nova situação.

Como resultado, ocorrem muito mais incidentes de disputa de espaço no trânsito do que em cidades como Rio e SP.

O grande número de motos e de acidentes diários de Sampa contribuiu para uma menor velocidade média e maior conscientização dos motociclistas daqui.

Mas o impacto de ver tanta gente caída todos os dias ainda não chegou às cidades menores.

Infelizmente, tem coisas ruins que as pessoas só descobrem convivendo com elas.

Ou sobrevivendo a elas.

Um abraço,

Jeff

10 comentários:

  1. mestre, ouviu falar alguma coisa sobre problema na embreagem das fazer novas?
    um membro do meu moto clube pegou uma fazer zero e em 600km moeu a embreagem de um jeito que teve que ser substituída por completo, num custo total de 4 mil o que foi custeado pela propria yamaha após essa história cair nos ouvidos(pelo forum yamaha) de um engenheiro da marca.
    tenho umas fotos para mandar se quiser.

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    1. Olá, Patrick!
      Não fiquei sabendo não. Uma falha catastrófica desse tipo é difícil de imaginar, embreagens são robustas. Suspeito de um erro de montagem tipo aperto insuficiente da fixação de molas ou da campana. Eventualmente um defeito de material. Se for apenas um único caso, está dentro da normalidade estatística.
      Mas se começarem a pipocar casos idênticos, aí sim será caso para se preocupar.
      Você pode enviar as fotos para o meu email jefferson.tradutor@gmail.com Se souber de mais casos, quem sabe renda uma postagem?
      Um abraço,
      Jeff

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    2. Patrick um amigo meu comprou uma Fazer 250 ano passado e teve um problema no cambio, não me recordo se foi a embreagem ou outra coisa, sei que o câmbio ficou travado e não trocava de marcha, foi feita a troca dos componentes em garantia. A moto dele era 2014.

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  2. Bem interessante...finalzinho do vídeo de Floripa e a famosa cena do pedestre

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  3. No Youtube tem um mecânico de motos, (Canal do Feroldi), tem um vídeo onde ele notou um erro de montagem de um suporte do cabo da embreagem junto ao motor da Fazer 250 2017, tinha 1.800km a moto... Pela explicação dele lá, do trabalho forçado do cabo e a possibilidade de não conseguir acionar a embreagem, se durar por mais tempo daquele jeito sem o dono ou alguém notar, creio que possa ocasionar problema em todo o sistema.

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    1. Obrigado, Robson!
      Você forneceu um bom material para uma postagem!
      Um abraço,
      Jeff

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    2. Aliás, deixa eu corrigir:
      Você e o Patrick, que falou do problema e me enviou as fotos!
      Quando respondi não percebi que os comentários eram de vocês dois.
      Mais uma vez, obrigado a ambos!
      Um abraço,
      Jeff

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  4. O leitor Marcelo Vardanega comentou no facebook:

    Com 1:12 do vídeo de FLoripa, eu me vi dando seta e acessando o corredor... (minha moto tem um adesivo RUN amarelo no baú.) Vi que o cara era "moedor", e abri pra ele passar.

    Que legal, Marcelo...
    Quando assisti o vídeo e ele reclamou do "tanso" eu tentei ver se o cara travando todo mundo era eu... hehehe
    Saudades de Floripa, das serras... cidades lindas!
    Um abraço,
    Jeff

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  5. O corredor de Sorocaba é assim também... Não sinto confiança em transitar nele.
    Precisei ir duas vezes de moto para São Paulo, e me senti mais seguro e confiante ao transitar no corredor. A impressão que tive é de haver um acordo tácito entre motoristas e motociclistas, e as coisas fluem bem melhor.
    Sucesso e felicidades. Abraços.

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    1. Obrigado, Luiz!
      Gostei da expressão "acordo tácito", define bem a situação. É o que também percebo.
      Um abraço,
      Jefferson

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