sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Não se afobe na hora de acionar a reserva de combustível

Você está rodando com sua moto e ela começa a engasgar.

Esse é o sintoma de que a gasolina está chegando ao fim e você precisa acionar rapidamente a torneirinha da reserva do tanque de combustível para não deixar o motor morrer.

Acionou rápido, o motor ainda pode dar uma engasgada ou duas e volta a funcionar normalmente, tudo beleza.


Mas...

Se você demorar para acionar a reserva de gasolina, o motor irá morrer, e aí a coisa pode começar a se complicar.

Na pressa de ligar novamente o motor, o novato dá partida uma, duas, três vezes e nada de o motor funcionar.

Ele continua tentando sem parar até que a bateria fica fraca, e ainda assim continua tentando até ela se acabar totalmente.

PARE!!! Você está fazendo tudo errado. 

Quando você aciona a torneirinha da reserva, existe um tempo necessário de uns 20 a 30 segundos para a gasolina voltar a encher a cuba do carburador.

Insistir em continuar a dar partida se o motor não pegar de primeira fará com que a gasolina recém-chegada ao carburador encharque a vela de ignição; aí o motor não funcionará mesmo, ele estará afogado. 

Você reconhece o motor afogado pelo cheiro forte de gasolina que sai pelo escapamento.

Enquanto a vela não secar, o motor não funcionará e cada nova tentativa somente irá piorar a situação, acabando com a energia da bateria.

Faísca fraca não consegue dar partida no motor.

O segredo é dar tempo para que as coisas aconteçam.

Acionou a reserva, conte até 20 antes de dar partida.

Se não pegar na primeira, aguarde novamente contando até 20.

Se o motor não voltar a funcionar na terceira tentativa, e não houver cheiro forte de gasolina no escapamento, péssima notícia:

Você estava rodando com a torneirinha na posição errada, consumiu toda a gasolina, inclusive a reserva, e agora vai ter de empurrar a moto até o posto.


Alavanca na posição p (haste para baixo) = uso normal 

Alavanca na posição d (haste para cima) = reserva

A torneirinha ao lado está na posição de uso, deve ficar sempre assim para você ter reserva na hora que precisar.

Sempre reabasteça antes de a moto pedir reserva, tipo a cada 200 ou 250 km.

Se você aguardar tempo suficiente para a vela secar (uns 5 minutos contados, não estimados) e o motor continuar afogado, verifique se você não esbarrou no corta-corrente sem perceber.

Outra possibilidade para sua moto com partida a pedal não funcionar é que na afobação você tenha desconectado o cabo da vela com a ponta do pé. 

Esse problema era muito frequente em CGs antigas. 

Fazendo as coisas sem afobação, investigando as causas possíveis em vez de insistir no que não está dando certo, pensando em todas as possibilidades, você não se complica. 

Um abraço,

Jeff

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Por que tantas ultrapassagens terminam mal?

Por que tantas ultrapassagens não dão certo?

Como é que o cara vê o outro carro vindo no sentido oposto e inicia uma ultrapassagem que pode ser fatal?

A culpa é do seu cérebro. Quer dizer, nosso cérebro.

— Eu  não tenho cérebro....
Imagem: Os Croods, DreamWorks Animation

Ao tomar a decisão de ultrapassar ou não, usamos a capacidade de processamento do cérebro para analisar as informações disponíveis.

Quais são essas informações?

A principal é a paisagem. Desde as cavernas que nosso cérebro é feito para analisar paisagens, mesmo porque não existia outra coisa.

A segunda é a velocidade da caça, quer dizer, do veículo que será ultrapassado.

Com essas duas informações, calculamos que precisaremos chegar a um ponto fixo da paisagem lá na frente para fazer a ultrapassagem.

Colocamos toda a capacidade de processamento de nosso pentium cerebral para calcular a ultrapassagem em si, e não sobra capacidade de processamento para outras informações importantes que não estão tão evidentes.

É muito mais difícil calcular onde estará o veículo que vem no sentido oposto, porque isso complica muito o quadro e não dispomos de informação sobre sua velocidade.

O cérebro vê o veículo no sentido oposto como um pontinho quase parado lá na frente, simplesmente ignora essa informação. Se é que viu, porque uma moto é ainda mais difícil de se ver do que um carro.

Baseado apenas no local onde você quer chegar, e sem considerar o veículo em sentido contrário, você toma a decisão de ultrapassar e pronto, tá feita a ca... ahn, burrada.

Para não cair nessa cilada, sempre use fatores de segurança grandes, enormes para as ultrapassagens. 

Uma boa margem evitará muitas encrencas potencialmente fatais.

A moto tem conserto, mas uma ultrapassagem mal feita não tem não.

Um abraço,

Jeff

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Pneu dechapando

Você está na estrada e escuta um som de flap flap flap... (flap flap, não fap fap)

Procura a origem e descobre que o som vem do pneu de um caminhão ao seu lado. 

Se manda daí, que pneu fazendo barulho, boa coisa não vai dar.

Já viu um pneu de caminhão dechapando?
Imagem: google

A banda de rodagem de um pneu de caminhão, não muito rodada, pesa mais de 30 kg.


Quando a banda de rodagem se rompe e se solta do pneu, ela é jogada para o alto e para longe por uns 3 ou 4 metros, e depois que cai fica quicando e rodopiando no asfalto, sendo atraída borracheticamente para a moto mais próxima.



Imagem do vídeo (aos 6:18 minutos)https://www.youtube.com/watch?v=ysMXoV-4TFg 

Uma coisa dessas batendo contra um motociclista o arranca de cima da moto, no todo ou em partes.

Olha só o pneu de uma peruona um SUV dechapando:




Quando um pneu apenas estoura, os pedaços tendem a ser menores, mas a pancada de um pedaço pequeno da banda de rodagem dói mais que uma chicotada, e se o pedaço for maiorzinho será capaz de quebrar sua perna.

Não bastasse o risco de dar de cara com esse borrachão voador, ainda existe o risco de o caminhão ou carro perder o controle e capotar para cima de você.

Achei um vídeo que mostra direitinho como isso acontece:




Atropelar um desses pedaços de banda de rodagem ("jacarés") perdidos no meio da estrada também pode causar um belo de um tombo. 

Imagem e blog: http://lourivalpereiraamorim.blogspot.com.br/2016/12/o-famosos-jacares.html

Geralmente os pneus dechapam e às vezes estouram nas grandes retas planas ou em descidas, onde os caminhões atingem a velocidade máxima.
Imagem e reportagem: http://www.radiomuriae.com.br/noticias/pneu-estoura-e-caminho-tomba-na-br-116-prximo-ao-bairro-bela-vista

Mas o problema não é só com caminhão não: 

Uma vez vi uma Parati estourando o pneu traseiro recapado e perdendo o controle bem na minha frente, em uma curva da rodovia Bandeirantes.

O carro estava na terceira faixa quando chegamos a uma curva para a direita. 

Com o estouro do pneu ele abriu a curva indo para a quarta faixa, o motorista corrigiu para não cair no canteiro central, mas o carro atravessou toda a pista e foi morder o barranco na parte de dentro da curva.

Outro risco existente é que não só o pneu, mas toda a roda se solte do caminhão. 
Imagem e reportagem: http://g1.globo.com/planeta-bizarro/noticia/2013/06/motorista-escapa-por-pouco-apos-roda-se-soltar-de-caminhao-na-russia.html

Já vi isso acontecer umas três vezes, fora as notícias que saem nos jornais.
Reportagem: http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2014/02/roda-se-desprende-de-carreta-atinge-carro-e-deixa-motorista-ferido-em-sc.html

Por essas e por outras, fique bem longe de veículos com rodeiros barulhentos, soltando fumaça ou oscilando, porque a coisa pode ficar muito feia de uma hora para outra.

E nunca, jamais, em tempo algum, nem sonhe em pensar em usar pneus recauchutados, recapados, remoldados ou riscados na sua motocicleta.


A borracha dos pneus tem um limite de vida útil de no máximo 5 ou 6 anos. Vá saber a idade de um pneu que foi recapado...

É uma economia que não vale a pena mesmo


Atualização: Para ver o vídeo de um acidente de moto causado por pneu dechapando, visite esta postagem.

Um abraço,

Jeff

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Alguns cuidados simples

Motos são perigosas porque possuem partes móveis expostas, a mais traiçoeira delas é a corrente de transmissão.

Ao prender cargas na moto, tome cuidado para que os elásticos de fixação fiquem bem firmes. Não use cordas, que tendem a se soltar com o movimento e poderão se enroscar na corrente.

Reportagem: http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2014/02/homem-morre-enforcado-ao-sair-de-moto-para-lacar-vaca-no-vale-do-itajai.html

E principalmente, tome cuidado com roupas soltas que possam se enroscar nos comandos e pedaleiras, ou queimar em contato com o motor ou escapamento. 

O perigo é maior para a garupa. Saias longas tendem a ser aspiradas em direção à corrente e roda traseira com grande perigo, o resultado pode ser um tombo fatal. 

Crianças precisam ter idade e tamanho suficientes para viajarem na garupa, nunca menos de 7 anos. 

Seus pés precisam se apoiar com firmeza nas pedaleiras e elas devem ser orientadas a não curvarem os pés na direção da roda/corrente.

Tome cuidado quando lubrificar a corrente, não o faça com o motor ligado, um descuido e seus dedos poderão ser esmagados.

Se houver crianças e animais nas proximidades, não deixe o motor ligado com a moto no cavalete central engatada, ou mesmo em neutro se a embreagem estiver mal regulada. 

Crianças são atraídas pelo movimento, desconhecem o perigo e podem colocar a mão nos componentes móveis.

E também podem se queimar no escapamento.

Use sempre o bom senso. 

Não improvise, improvisos tendem a acabar muito mal.

Moto não é brinquedo, é uma máquina; e como em toda máquina, um ato mal pensado pode mutilar e matar fácil e rapidamente, sem segunda chance.

Um abraço,

Jeff

domingo, 23 de fevereiro de 2014

A hora do lusco-fusco

Lusco-fusco é uma palavra das antigas, a última vez que vi foi num Tio Patinhas de 1970 e pitombas. 

A outra dessas palavras que só vi na boca no bico dos patos foi ribombo


Mas perdão, comecei esta postagem devaneando patologicamente... 

Voltando ao lusco-fusco:

Para quem não conhece, lusco-fusco é a hora do crepúsculo, do entardecer, quando a luz do sol já não é tão intensa, mas ainda não escureceu completamente.


Imagem: http://thescientistgardener.blogspot.com.br/2010/08/on-road-again.html

Num primeiro momento, ocorre o ofuscamento causado pelo sol baixo no horizonte, sobre o qual falei aqui

Mas conforme o lusco-fusco avança, e o sol já não está mais visível, o céu ainda está claro, mas o chão está escuro, o olho humano tem dificuldade de se adaptar a essa situação intermediária.

Para você que achou que lusco-fusco era invenção minha, achei esta matéria no G1:


Reportagem: http://g1.globo.com/sao-paulo/sao-jose-do-rio-preto-aracatuba/noticia/2011/11/lusco-fusco-pode-provocar-cegueira-momentanea-em-motoristas.html

Todo mundo enxerga mal durante o lusco-fusco. As horas de lusco-fusco são os momentos do dia com maior incidência de acidentes.

Lembrei do lusco-fusco porque outro dia quase me envolvi num acidente por causa disso.

Aguardava uma brecha para atravessar a avenida quando vi um carro a uma distância que permitiria minha travessia.


Cheguei a acelerar, mas aí percebi que um dos faróis do carro não era dele, e sim de uma moto que estava à sua frente. 


O farol da moto estava alinhado com um dos faróis do carro e a moto estava praticamente invisível contra o fundo obscurecido da rua. 

Somado o alinhamento dos faróis à falta de boa visibilidade do lusco-fusco, quase que eu corto o caminho da outra moto e causo um acidente. 


Mas não cortei, porque sou um pato macaco velho.

Fique atento a essas ilusões de óptica nesse horário do cair da tarde e também do amanhecer, sempre confira duas ou três vezes antes de cruzar uma preferencial para não entrar numa roubada. 


Na dúvida, espere um pouco mais e vá na segurança. 


Deixe os apressados se arriscarem, e se cuide para o caso de eles se envolverem no acidente que você soube evitar.

Mantenha sua viseira sempre limpa e sem riscos, assim como os espelhos da moto, para garantir a melhor visão possível dentro das condições difíceis do lusco-fusco.


Lusco-fusco, lusco-fusco, lusco-fusco...

Gostei de escrever lusco-fusco!


Um abraço,

Jeff

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Histórias, ops, motocicletas da pré-história

Velhos e bons tempos aqueles, quando as motos tinham cara de moto e não de transformers.

No tempo em que ainda não havia motos japonesas rodando por aí, uma das mais comuns de se ver rodando eram as Jawa dos anos 50 e 60, feitas na extinta Tchecoslováquia. 



Foi a primeira moto que pude tocar, sentar e dar uma volta na garupa. Antes dela teve a Lambretta do meu tio, mas não teve o mesmo impacto, parecia mais um brinquedo de parquinho de diversão...

As Gilera italianas também deixaram saudades...



Aí começou a enxurrada de motos japonesas. Elas eram vistas como motos baratas e pouco confiáveis, mais ou menos como as motos chinesas nos dias atuais. Mas a verdade é que Nortons, Jawas, Gileras e Harleys (principalmente) também não eram confiáveis, então...

Imagem: Danielquesabe.com.br

Quase dá saudade da CB 200, que eu detestava porque era modernosa demais. E continua feia até hoje.

(Obrigado pelo achado, Daniel!)

Reparou na preocupação de dizer a quilometragem por litro  de cada modelo?

O país vivia o auge da crise do petróleo, gasolina era cara e seu uso limitado, os postos eram obrigados a fechar aos domingos para todo mundo economizar na marra.

Mas pelo menos a gasolina ainda era de verdade, não essa coisa que não é recomendada por nenhum fabricante do mundo (fora do Brasil).

E para quem é fã das yamaha, aí vai:


Imagem: http://robsonyamahard350.blogspot.com.br/

Yamaha, começou tímida e continua tímida até hoje...

A suzuki não fazia propaganda nos anos 70, era só importação direta, mas eu não podia deixar de homenagear minha primeira paixão (pena que nunca foi concretizada... quem sabe um dia...), Suzy GT 380:




O mais belo motor que já foi instalado numa moto.

Essa Suzy ainda hoje dava um caldo...

Um abraço,

Jeff

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Óleo no filtro de ar

Muita gente se assusta quando vai conferir o filtro de ar e encontra uma lagoa negra de óleo lá dentro.

Imagem: http://internetdebris.blogspot.com.br/2011/07/creature-from-black-lagoon.html

Calma, isso não quer dizer que seu motor esteja com problema.

Existe uma mangueira de respiro que leva o vapor de óleo que se forma no interior da carcaça do motor para a caixa do filtro de ar.

Ali o vapor se condensa, umedecendo a caixa com óleo. Nada para arrancar os cabelos.

Aquele óleo dentro da caixa até ajuda o filtro na tarefa de aprisionar a poeira e evitar que ela entre no motor, é uma condição normal de funcionamento.


Uma quantidade muito grande de óleo pode indicar que o elemento filtrante está bastante sujo.


O motor é uma máquina que aspira ar. Se o filtro de ar estiver obstruído, ele vai buscar o ar de onde puder. No caso, vais aspirar o ar e vapores do cárter, e aí muito mais óleo virá para a caixa do filtro.


Nada que uma simples troca do filtro não resolva.


No yahoo tem uma resposta a essa dúvida falando que a causa seriam os anéis do pistão gastos deixando passar pressão para o cárter. Não é bem assim.

Minha moto apresenta óleo no filtro de ar há anos e a compressão ainda está boa, apesar do fiasco do filtro de ar defeituoso narrado aqui. 

Um abraço,


Jeff

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Um exemplo perfeito

Um exemplo perfeito de como uma moto fica totalmente encoberta pela coluna dianteira de um carro num cruzamento, enquanto os dois estão em movimento, pode ser visto no filme desta reportagem:


Reportagem: http://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/noticia/2014/02/so-escutei-o-barulho-afirma-dona-de-casa-que-atropelou-motociclista.html

Assista o filme e comprove que a moto permaneceu oculta durante a maior parte do tempo pela coluna dianteira direita do carro, é só imaginar uma linha reta entre a moto e a cabeça da motorista.


Imagem: http://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/noticia/2014/02/so-escutei-o-barulho-afirma-dona-de-casa-que-atropelou-motociclista.html

Este assunto foi tratado em teoria nesta postagem. Agora você pode ver um exemplo na prática.

Felizmente, apesar de o carro ter passado por cima dele, o motociclista sobreviveu.

Como a motorista poderia ter evitado o acidente?

Partindo do pressuposto de que ela tenha realmente olhado antes de cruzar a preferencial, bastava simplesmente mover a cabeça para um lado e outro a fim de se certificar de que ninguém estava oculto pela coluna — isso deveria ser ensinado nas autoescolas.

Como o motociclista poderia ter evitado o acidente?

Simplesmente nunca acreditando que sua preferencial será respeitada e já entrando no cruzamento preparado para frear ou desviar de qualquer veículo que cortasse sua frente — isso deveria ser ensinado nas motoescolas.

Outra medida prática para evitar o acidente por parte do motociclista envolveria trafegar a uma velocidade um pouco abaixo da máxima permitida.

Há uma campanha de segurança para motocicletas na Inglaterra que diz que 5 milhas por hora a menos não fazem você perder a hora, ou algo assim.


5 mph são 8 km/h. Arredondando, 10 km/h.


10 km/h a menos não fazem você perder a hora, mas contribuem imensamente para você poder se livrar de situações como essa.


A moto convida, mas você não precisa pilotar sempre na velocidade máxima permitida.


Pense nisso.


Um abraço,


Jeff

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Câmbio suicida

Há muito e muito tempo, quando as motos ainda eram calhambeques de duas rodas e não se conseguia fazer mecanismos de mudança de marcha com boa precisão, o câmbio das motos era diferente de hoje.

Era o câmbio suicida.



Como o engate das marchas era uma operação que exigia muita força, alguma sorte e um pouco de paciência, a troca de marchas era feita por meio de uma grande alavanca manual colocada ao lado do tanque de gasolina.

Somente a força do pé não era suficiente para tal proeza.

Por que o nome de câmbio suicida?

Porque você precisava soltar a mão do guidão para fazer a troca de marcha, um convite para um acidente.

E como ficava a embreagem no câmbio suicida?

Podia ficar de duas maneiras: ou você acionava a embreagem por meio de um pedal, ou o manete da embreagem era instalado na própria alavanca do câmbio.

Nesse último caso, você tinha câmbio e embreagem suicidas.

O que era uma deficiência construtiva das harley motos antigas acabou virando mania de alguns motociclistas, que até hoje acham que fazer a troca soltando uma das mãos do guidão é bunitu.

Daí que nos States você é capaz de encontrar motos modernas novas modificadas pelos donos com câmbio e embreagem suicidas, há toda uma indústria do tal acessório.



Tem gosto pra tudo, né mesmo?

Eu nunca que voltaria para trás no tempo apenas para ficar me exibindo, ainda por cima colocando minha preciosa única vida em risco. Nem usaria guidão seca-suvaco.

Mas ado ado ado, cada um com sua mania.

Um abraço,

Jeff

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Por que o câmbio da moto é tão complicado?

Por que todas as marchas não são para cima ou para baixo?

Por que complicar fazendo a primeira marcha para baixo e as outras para cima? 


Essas perguntas passam pela cabeça de todo novato quando fica em dúvida se a próxima marcha é para cima ou para baixo e o motor... coitado do motor.

À primeira vista, seria mais simples se todas as marchas fossem para o mesmo lado, né mesmo?

Com o neutro lá embaixo, era só lembrar de sempre levar o pedal para cima para subir as marchas, e levar para baixo para reduzir.

Mas o câmbio das motos tem a primeira para baixo e as outras para cima por um bom motivo:

Segurança.

Imagina uma situação em que você precise reduzir as marchas até a primeira para sair rápido de uma encrenca, tipo... 

Você está em um congestionamento de motos e é obrigado a parar sobre uma linha de trem, a moto apaga e as grandes hastes de seus óculos te impedem de ver o trem até quando ele já está em cima de você, apitando. E pra piorar, nem capacete você está usando.

Ah, isso não acontece, muito improvável, exagerado e dramático, né?

Imagem: https://wordpress.uark.edu/razorbackreporter/2013/10/03/railroad_crossing/

Well, it happens sometimes...*

Aí no sufoco você joga todas as marchas pra baixo, liga o motor e acelera tudo que pode, só para descobrir que o motor está em neutro... xi, ferrou.

Ao obrigar que a primeira marcha esteja sempre lá em baixo, os projetistas garantem que na hora do pânico você não fique vendido.

Mas nem sempre o câmbio das motos foi assim. 

Antes era muito pior.

Amanhã eu falo sobre o câmbio suicida.

Imagine o porquê do nome...

Um abraço,

Jeff
* Na verdade, os motoqueiros não estão nem aí com a ferrovia, eles é que obrigam o trem a parar. Bikers rule.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

As coisas que a gente faz sem motivo...

Quinta de manhã, café na padoca, deu vontade de pegar a estrada antes de começar a rotina tradutiva tradutífera tradutória de tradução.

Rumei a Palhoça só para chegar mais perto da serra. Desta vez não iria até o Morro dos Cavalos, queria voltar rápido para o trabalho.

Mentira, não queria não. 

Mas sentia que devia, precisava fazer o primeiro retorno, sei lá por quê.

Retorno feito, me preparando para entrar na BR, vejo vir vindo no vento o cheiro da nova estação um caminhão transportando uma carga maior do que ele.


Imagem: www.carnewschina.com

Era algum tipo de tanque de armazenagem em fibra de vidro, daqueles que saem para fora da carroceria dando a impressão de que vão cair a qualquer momento.

Por prudência e macacovelhice, resolvi deixá-lo passar antes de pegar a rodovia.

Na primeira passarela fiquei atento para ver se a carga não ia enroscar ali e sobrar para mim, mas passou até com alguma folga. Sabe como é, caminhões com cargas esquisitas derrubam coisas estranhas.

Foi aí que eu vi que uma das principais cintas de amarração da carga estava solta. 

Se as outras cintas não aguentassem o esforço, aquela carga ia cair no meio da BR, sabe lá a desgraça que ia causar.

Emparelhei com o motorista e sinalizei com dois gestos que para mim significavam claramente "cinta de amarração – lá atrás", mas que agora vejo poderiam ser interpretados como "puxe a descarga – a coisa tá feia".

Felizmente o motorista interpretou o sinal da maneira correta e parou no acostamento para prender a carga, e eu retornei para casa e para o trabalho.

Quer dizer, prometo que começo assim que terminar a postagem. 


Mas o fato é que depois desse incidente fiquei com a sensação renovada de que nada neste mundo acontece por acaso.


Havia uma janela de tempo limitada para prender aquela carga antes que se soltasse completamente, e eu fui colocado ali na hora certa e em condições de sinalizar o problema — um motorista de automóvel teria muito mais dificuldade para se comunicar com o caminhoneiro.

Então fiquei contente de possivelmente ter contribuído para diminuir as estatísticas deste trecho da BR como recordista nacional de acidentes e agora estou motivado para começar a trabalhar.

Mentira, não estou não.

Preciso seguir mais intuições como essa todos os dias...  ;)

Um abraço,

Jeff

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Acidentes inexplicáveis

Nas pesquisas que faço para postagens aqui do blog, frequentemente encontro notícias de acidentes difíceis de explicar.

Reportagem: http://g1.globo.com/sao-paulo/itapetininga-regiao/noticia/2013/11/motociclista-morre-em-acidente-na-sp-249-em-itapeva-sp.html

Não são ultrapassagens, não são curvas, não é pista escorregadia, não há evidências de consumo de bebida... de repente o motociclista invade a contramão sem motivo aparente.

A reportagem fala que a estrada é mal conservada e cheia de curvas, e é claro que isso pode ter contribuído para o acidente.

Mas quando vejo na foto aquela corrente para fora da coroa, e é uma moto com balança longa, fico com o sentimento de que a causa do acidente foi o afrouxamento e o consequente desencaixe da corrente de transmissão.

Motos com balança longa aplicam maior esforço sobre a corrente, o que faz com que ela se afrouxe mais rapidamente.

Isso torna necessário verificar a folga e ajustar a corrente com mais frequência, algo que frequentemente é negligenciado pelos pilotos que não imaginam que o risco seja tão grande.

Quando a corrente se solta, ela pode pular para o lado de fora, como na foto, e fazer com que a roda fique sem tração. 

Você acelera e o movimento não é transmitido para a roda, é como se a moto ficasse em neutro, apesar de a marcha estar engatada.

Esse é o menor dos problemas, o menos grave e mais fácil de administrar, basta seguir ainda embalado para o acostamento, soltar a roda, empurrá-la para frente, encaixar a corrente e fazer a regulagem.

Também pode acontecer de a corrente escapar e se enroscar na roda, travando-a. Aí o tombo é instantâneo, você está sentado na moto, ela sai debaixo de você e você cai sentado no chão. 

Só conta a história quem não tinha nenhum carro atrás. (Sou um cara de sorte.)

E existe uma terceira possibilidade, que por incrível que pareça, é bastante comum:

A corrente não chega a se desencaixar totalmente da coroa; mas em vez de se encaixar entre os dentes, ela escapa do lugar e se encaixa novamente esticada sobre as pontas dos dentes.

Ela fica muito retesada e não dá para continuar rodando, a moto perde muito rendimento porque o eixo secundário do câmbio fica muito forçado, se continuar nessa condição alguma coisa irá se quebrar.

Quando isso acontece, pode jogar fora pinhão, coroa e corrente, porque o trecho que sofreu o estirão nunca mais voltará ao normal e o seu uso irá prejudicar o câmbio.

No acidente acima, é verdade que a corrente pode ter se soltado como resultado do impacto com o carro.

Mas não consigo deixar de pensar que talvez ela tenha se soltado e causado um momento de desatenção do piloto, ou travado momentaneamente a roda, o que pode ser suficiente para invadir a contramão e fim da história.

Pelo sim, pelo não, fica a recomendação:

Nunca deixe de conferir a folga da corrente antes de sair de casa, e no meio do caminho durante viagens, quando ela tende a afrouxar mais rápido do que em trajetos urbanos.

E atenção redobrada nas motos de balança longa; além das trilheiras, a Kansas e a Mirage 150 também têm essa característica.

Um abraço,

Jeff

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Nunca pare no meio da pista

Panes mecânicas não têm hora para acontecer.

Você está seguindo com sua moto e ela começa a ratear, ou então apaga de repente, deixando você na mão.

Nessa situação, algo que você nunca poderá fazer é ficar parado no meio da rua, ou pior, no meio da estrada, tentando descobrir o que aconteceu.


Reportagem: http://g1.globo.com/minas-gerais/triangulo-mineiro/noticia/2014/02/motociclista-para-no-meio-da-rodovia-e-morre-atropelado-em-araguari.html

Os motoristas não esperam que alguém pare repentinamente à sua frente. 

Uma pane elétrica apagará todas as luzes de sua moto, você ficará praticamente invisível até que os faróis do carro o iluminem e aí o motorista não terá tempo para desviar ou frear.

Tudo acontece muito rápido em um acidente.

Ao sentir que sua moto está começando a falhar, aproveite o embalo e vá tirando a moto do caminho.

Pode ser que abrir a reserva de combustível resolva, mas também existe a chance de não resolver, portanto não fique em risco no meio do trânsito, ainda mais em rodovias, mesmo as de pouco movimento.

Outra situação muito comum (infelizmente) é alguém se acidentar e você parar para tentar socorrer ou sinalizar o local.

O risco de atropelamento de socorristas é alto, mesmo entre os bombeiros e profissionais de resgate, e olha que eles têm uma grande viatura com giroflex para chamar a atenção.

Você e sua moto são bem mais discretos e a chance de não serem vistos no local do acidente é enorme, porque há um monte de outras coisas para chamar a atenção dos motoristas. 

Essa falta de malícia para evitar o perigo já vitimou muita gente; não caia nessa.


Em caso de pane, saia rapidinho do caminho. E ao socorrer, tome cuidado para não se tornar mais uma vítima.

Um abraço,

Jeff

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Uma bobagem que já mandou muita gente boa para o além

Tá vendo os dois caras aí na moto?

Reparou onde o garupa está sentado?


Imagem: www.viewsofthepast.com

Esse é o pior lugar para o garupa se sentar porque é o ponto mais distante do centro da moto, o local onde fica o piloto. 

Há uma velha tradição de que homens não se sentam perto um do outro em uma moto. 

Seja para mostrar o quanto são machões, seja para não dar bandeira do contrário, ou seja lá o motivo que for porque isso não é da conta de ninguém, o problema é que essa preocupação alheia à pilotagem é uma das principais causas de acidentes de motos.

Ao sentar muito atrás, o peso do garupa atua sobre uma grande alavanca (o chassi da moto) para levantar do solo o peso lá na frente (o guidão e a roda dianteira).

Na hora que você acelera ou passa numa elevação e o peso do garupa se desloca ainda mais para trás, a roda dianteira fica no ar, o guidão fica leve e você fica girando ele de um lado para outro sem entender o que aconteceu.

Foi isso que quase causou a estabacada do Mr. Bean na semana passada, e muito possivelmente foi isso que causou a morte destes dois soldados: 

Reportagem: http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2013/10/militares-morrem-em-acidente-de-moto-em-sao-vicente-sp.html

Portanto, ao dar carona para um amigo, você tem apenas duas possibilidades:
  • Simplesmente não dar carona;
  • Fazer o que é certo, mantendo o peso o mais centralizado possível na moto para evitar a perda de controle.
Arriscar morrer e matar seu amigo por medo do que os vizinhos irão dizer ao ver você com um homem na garupa está fora de cogitação.

Sente-se um pouco mais para a frente e faça com que seu amigo fique o mais próximo possível de você. 

Isso permitirá um bom controle da moto e poderá fazer uma diferença de vida ou morte em uma emergência.

Um abraço,


Jeff